Cap 16

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Manipulação

Não sei se isso vai dar certo.
Posso estar enlouquecendo? Talvez.
Mas preciso tentar.

Meus pés balançam, inquietos, enquanto espero a chegada dele na sala.
Felizmente, ele não demora muito.

— Beatrice? O que faz aqui? — Kyle parece pensar em algo e logo depois abre um sorriso. — Você não fica nem um minuto sem me irritar, não é mesmo? — Ele olha com mais atenção. — E o que faz emcima da minha mesa? Na minha cadeira?

— Ah, qual é, Kylieh. Vai fazer um show só porque estou na sua cadeira de chefe?

— É Kyle. — Ele me corrige, enquanto se aproxima. — E você nem deveria estar aqui, já que quem fez um show lá embaixo foi você mesma. — Ele devolve pra mim. Idiota.

— Você me irritou.

— E você está me irritando agora.

— Justo, não acha? — Sorrio.

— O que você quer, Beatrice? — Ele cede. Perfeito.

— Quero participar de uma invasão. E não é qualquer invasão. — Sou direta e me levanto da cadeira, revelando o meu objetivo: — Quero entrar escondida na Corte.

Kyle permanece com a expressão séria por alguns segundos e, em seguida, ele cai na risada.

— Não falei nada engraçado. — Reviro os olhos.

— Você? Participar de uma invasão ao palácio? — Ele cruza os braços. — Que pedido corajoso.

Hora de manipulá-lo.

— Você diz ser uma pessoa boa, não é? Por que não começa a agir como uma? Mesmo você sendo insuportável, quando eu não sabia que você era de uma gangue você fazia mais por mim do que agora. — Ando até ele, chegando mais perto. — Não estou desesperada para morrer numa invasão de última hora. Podemos planejar tudo, me treinar e preparar um ótimo plano. — Fico em sua frente e seguro sua correntinha, a girando em meu dedo indicador. — Aliás, eu tenho um poder mortal, não é mesmo? Com um treinamento básico, posso muito bem me virar sozinha.

Seus olhos não desviam dos meus nem por um segundo sequer. Seu foco está em mim, e na minha tentativa de manipulação. Preciso ser melhor do que isso.

— Poxa, Kyle. Você me acha fraca?!

— É óbvio que não, Ladrazinha. - Kyle diz, ainda me olhando nos olhos. — Você é extremamente forte e... — Ele se perde nas palavras e seu olhar se desvia para a minha boca.

Umedeço os lábios. Isso precisa funcionar.
Aproximo o rosto do seu...

— Mas não vou cair nesse seu joguinho previsível. — Na mesma hora ele agarra o meu cabelo, forçando a minha cabeça para trás. — Tentar me seduzir para conseguir o que quer? Que ousadia.

— Filho da... — Ele puxa o meu cabelo com mais força, me deixando mais irritada ainda por conta da dor. — Você é um merda.

— Ah, eu sou? — Ele sorri, se divertindo com isso.

Quando ele solta o meu cabelo, por pouco eu não soco sua cara. Merdinha.

Eu juro que algum dia eu mato ele.

Kyle se senta em sua cadeira idiota, com os olhos focados em mim, como se estivesse me desafiando a atacá-lo. 

— Desisto! — Perco a paciência. — Você nunca vai me levar a sério, né? Você me trouxe para essa porra de gangue e não quer que eu participe das atividades? Você quer que eu seja uma Sanguinária ou não? — Me aproximo da sua mesa e apoio as duas mãos ali. — O que você quer de mim?

O Sangue do Silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora