Cap 31

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Esconderijos

Acordo com mãos me balançando de um lado para o outro, tentando me acordar.

— Merda. Eu já acordei, casete!

Abro os olhos, enxergando Two em pé ao lado da minha cama.

— Você precisa comer. — ele fala, com a voz firme.

— Não estou com fome. — resmungo.

— Você não comeu nada desde de ontem.

— E nem vou comer. — fecho os olhos novamente, ainda com sono. — E você nem deveria estar falando comigo. Sou uma prisioneira, esqueceu?

Depois de alguns segundos, Two põe algo em minha cama.

— Isso não é uma opção. — ele diz, e sinto seus olhos me encarando, esperando minha boa vontade de comer.

Abro os olhos de novo, com raiva.
Olho para baixo e vejo uma bandeja emcima da minha cama com algumas coisas que acredito ser meu café da manhã.

— Eu prefiro passar fome. — falo, me sentando na cama e esfregando os olhos. — Não vou comer nada que eles me mandarem.

Eu sei que eles não estão nem um pouco preocupados com a minha alimentação. Isso só é um pretexto para me envenenar todos os dias sem precisar me furar com uma seringa.

Two resmunga algum palavrão ou sei lá e se senta ao meu lado na cama, franzindo a testa, e logo percebo um pouco de preocupação em seu semblante. Ele está preocupado comigo?

Bom, eu acho que a historinha de ontem serviu de algo.

— Está bem. Olha só... — ele me obriga a encará-lo e sussurra: — Se eu trazer algo para você comer que não foi fornecido por alguém da Corte, você comeria?

Eu o encaro. É sério?
Bom, certamente eu comeria.
Não sei por quantos dias irei ficar presa aqui, e eu com certeza vou precisar comer em algum momento.

— Acho que sim, sei lá. — falo, com a voz cansada.

— Okay, então. — ele se levanta, sem tirar os olhos de mim.

Na mesma hora, olho pro lado, ouvindo um pigarro.
Fecho a cara na hora quando vejo Benjan apoiado no batente da porta.

— Entrei aqui para entregar o café da manhã dela, Alteza. — Two logo se apressa e se explica, fazendo uma reverência.

— Certo. Obrigada. — Benjan olha para Two — Pode ir agora.

Two assente e sai da cela, fechando a porta de ferro ao sair.

— O que você quer, em?

— Vim ver como você está. — ele dá um passo em minha direção, mas se matendo afastado o suficiente. — Passou a noite bem?

— Você poderia me por em um quarto de luxo com lençóis de algodão pelo menos, né? Já que estou no Palácio. — faço piada.

— Posso arranjar lençóis melhores para você. — ele afirma.

— Sim, é claro. Eu com certeza vou querer passar as minhas últimas noites viva com um lençol um pouco melhor que esse.

Me forço a descer da cama e ficar de pé, as correntes pesando meus pulsos com mais intensidade por conta da minha fraqueza.

— Por que não come? — ele questiona, apontando com o queixo para a bandeja em minha cama.

— Bom, eu resolvi seguir o seu conselho. Estou sendo inteligente, Ben. — ando em sua direção até não conseguir mais, olhando em seus olhos. — Estão fazendo alguma coisa com o meu poder, e algo me diz que essas refeições que recebo não são apenas para a minha alimentação.

O Sangue do Silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora