Capítulo 86 l Cervo

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2 semanas depois...

Henrique V~

— Parece distraída. — Falo ao seu lado.

— Sou melhor que você nisso. — Ela respondeu com seu Arco estendido.

— Só no seus sonhos, querida. — Respondi cruzando os braços esperando que ela atirasse a flecha contra o Cervo.

— Não foi eu quem precisou ouvir minha voz para se concentrar. — Soltei uma risada nasal pelo seu desaforo.

— Golpe baixo. — Me aproximei da mesma parando atrás do seu corpo e segurando firme em sua cintura deixando meu lábio próximo da sua orelha. — Está tão tensa... — Susurro rouco e baixo.

— Você me deixa tensa. — Respondeu. — Se você se afastasse, eu não iria estar tão tensa. — A mesma me empurrou dando um passo para trás me fazendo sorrir.

— Vai lá então, amor. — Me afastei e esperei até que ela atirasse, mas se passou alguns segundos e tudo o que aconteceu foi sua respiração ficar pesada. — Mareena? — A chamei.

— Eu estou bem. Só preciso de tempo! — Respondeu ríspida e concordei.

Eu as vezes me estressava com sua mais nova personalidade, mas também pensava no quanto ela sofreu, e porque ela é assim agora. Eu a amava de qualquer forma, mas as vezes isso dificultava ambos, pois eu ainda estava evoluindo e as vezes agia feito um idiota, mas ela me compreendia, e eu buscava melhorar.

Nós brigavamos com frequência mas é pelo seu estresse, minha falta de paciência, sua birra, minha frieza e sua falta de comunicação. As vezes ela se perdia nos próprios pensamentos como se não estivesse aqui de verdade, como se não fosse ela, e isso lembrava-me do meu eu de antes, antes dela. As vezes ela acordava gritando no meio da noite, se irritava muito facilmente e também se isolava. Isso me matava por dentro, ver ela assim me destruía, me matava não poder tirar sua dor e colocar dentro de mim. Arrancar todos os seus pesadelos e torná-los meus pesadelos.

— Mareena... — A chamei com cautela e me aproximei novamente, mas um barulho feito por mim fez com que o animal se afastasse brutalmente.

— Mas que droga! — Ela disse alto e se virou em minha direção furiosa. — Eu disse que estava bem! — Praticamente gritou.

— Não era o que parecia. — Falei baixo travando o maxilar.

— Eu estava quase. — Reclamou jogando o Arco no chão com força. — Nem tudo o que parece é o que realmente é! — Eu a encarei sem falar nada.

— Está sendo imatura. Pode atirar em outro animal. — Falei pegando o Arco do chão.

— Imatura? Isso se trata de imaturidade agora? — Perguntou e tirei algumas folhas do Arco e a encarei novamente.

— Você está se ouvindo, Mareena? Está surtando por uma coisa totalmente banal. — Ela revirou os olhos. — Estou me sentindo um pai cuidando de uma criança de seis anos. — Falei baixo e ela me encarou novamente e não disse nada.

— Chega de caça por hoje! — Ela disse baixo passando por mim.

É disso que estou falando; seu comportamento imaturo, seu estresse desnecessário me tirava do sério!

— Mareena. — A chamei e a mesma se virou com uma carranca no rosto.

— O que foi? — Perguntou alto.

— Venha aqui. — A chamei baixo e ela apenas me encarou confusa.

— Por quê? — Perguntou cruzando os braços.

A Guardiã do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora