Capítulo 98 l sensível

4.7K 458 48
                                    

Mareena Carter

-... e então, Mattia o matou. - eu estava boquiaberta com a situação.

Miranda estava sentada no sofá em minha frente, o que nos separava era a mesinha no centro com três xícaras de chá e alguns aperitivos ao lado. Henrique parecia entendiado enquanto estendia seu braço no sofá atrás da minha cabeça e mantinha suas pernas abertas em uma postura nada parecida com a postura de um Rei. Mas Henrique ligava? Claro que não!

- e você deixou Mattia sozinho lá? - olhei para Henrique ao meu lado, ele deu de ombros.

- Mattia será um Rei em breve, matou outro Rei e tomará a posse de um país ao lado de Miranda, o que há de ruim nisso? - ele me questionou baixo. - é como em uma matilha de lobos, para se tornar o alfa, é preciso matar o alfa. - disse pegando uma mecha do meu cabelo e enrolando entre seus dedos.

- e como você está Miranda? - me virei para Miranda outra vez. Ela levava a xícara de chá até seus lábios.

- eu nem mesmo sei o que eu sinto. Não sei se consigo sentir algo depois de tudo o que passei nos últimos anos. - ela disse calmamente. - minha vida sempre foi um caos. - eu me sentia mal por Miranda.

- pense pelo lado bom, - Henrique a encarou, trazendo sua mão até minha barriga. - você se casará com Mattia, o amor da sua vida. - Henrique fez uma careta ao dizer as últimas palavras. Ele continuou acarenciando minha barriga e eu senti um frio com seu toque.

- não queria que houvesse mortes para que isso se tornasse possível. - Miranda explicou.

- para que eu pudesse casar com Mareena, houve muitas mortes, e quando digo muitas, quero dizer metade dos meus soldados e quase minha mulher. - Henrique fez com que uma memória ruim voltasse com tudo para minha mente e toquei sua mão que estava em minha barriga. Seu olhar subiu até mim e vi o arrependimento ali.

- me desculpe, querida. - susurrou e soltei sua mão tentando afastar aquele terrível pensamento.

- eu sinto muito por você Miranda. Não importa o que aconteça, eu estarei ao seu lado! - eu disse firme para ela que assentiu.

- eu sei disso. - ela sorriu. - e então, como vão as coisas por aqui? - mudou de assunto, olhando em volta. Antes de respondê-la, me curvei para pegar a xícara na mesa, mas Henrique me impediu tomando a frente e pegando pra mim.

- não faça esse tipo de movimento. - franzi o cenho o encarando.

- não sei se percebeu mas eu estou grávida, não impossibilitada de pegar uma xícara de chá! - falei rude.

- eu sei. - ele sorriu e beijou meu pescoço rapidamente.

Revirei os olhos e me levantei.

- vamos, vou te mostrar tudo! - falei para Miranda que não pensou duas vezes antes de se levantar e me acompanhar.

- ah amor, não se irrite por tão pouco! - Henrique continuou a falar de dentro do cômodo enquanto eu saia.

{....}

— aqui parece ser um ótimo lugar para viver! — Miranda disse observando todo o jardim.

— sim, mas não me sinto em casa aqui. — confessei.

— Mareena, Ella está te procurando como doida por todo o lugar! — Joana apareceu atrás de nós, se aproximando.

— eu não aguento mais decidir sobre tudo por aqui. — falei bufando escutando o riso baixo da Miranda.

{....}

6 meses depois...

— ei! Parem de correr crianças, vão acabar se machucando! — grito para os filhos de Madalena, uma prima distante de Henrique.

Eu andava pelo corredor carregando uma bandeja com sopa até o nosso quarto.

Sinto uma fisgada em minha espinha e coloco a mão fazendo uma careta.

— fique calmo, seu estressadinho! — falo olhando para a minha barriga rapidamente.

Subo as escadas e alcanço o quarto abrindo a porta com o pé, já que estava encostada e encontro Henrique observando o jardim pela janela. Seus olhos caem sobre mim assim que percebe minha presença.

— trouxe essa sopa, que sendo bem sincera, está maravilhosa! — eu sorri para ele que estava sério demais. — o que foi? — eu parei brutalmente.

— estive pensando... — respondeu. — tudo está acontecendo tão depressa, sabe? — franziu o cenho encarando a parede atrás de mim, e depois fixou seu olhar em mim outra vez.

— e isso é bom ou ruim? — perguntei ainda sorrindo.

Amanhã seria nosso casamento, e eu não poderia estar mais feliz.

— bom, muito bom. — ficamos em silêncio. — como ele está? — desceu o olhar para a minha barriga.

— agitado. — respondi caminhando até a cama mas parei ao sentir o mesmo desconforto outra vez. Henrique caminhou rapidamente em minha  direção.

— o que foi? Está sentindo algo? Quer que eu chame Dion? — ele tocou em minha cintura e neguei forçando um sorriso e o mesmo tomou a bandeja das minhas mão e a colocou na cama de qualquer jeito.

— experimente, eu fiz pra você... — pedi baixo mas ele continuava me encarando com o cenho franzido.

— depois. — falou segurando na lateral do meu rosto e olhando em meus olhos.

— o quê? — perguntei e ele continuou sério.

— está sentindo isso com frequência? — perguntou e franzi o cenho.

— isso o que? É só Henry chutando. — ele negou.

— não gosto desse nome. — falou.

— mas eu sim, é lindo igual o seu nome. — susurrei.

— não. — eu revirei os olhos por sua teimosia.

— certo, Henrique. Então não é mais Henry e nenhum outro nome! — bati em seu ombro o afastando.

Ele colocou a mão nas cintura me observando caminhar até a cama.

— come a sopa que eu fiz pra você. — falei emburrada me deitando sem o encarar.

— eu até que gosto de Henry. — falou e o olhei por cima do meu ombro.

— você não precisa mentir só pra me agradar! — minha voz já estava mais fina por conta do choro que queria vir. Eu odiava estar tão sensível!

Quando vi já estava chorando deitada sentindo o bebê chutar enquanto Henrique comia minha sopa e tentava me fazer sorrir, até me dava sopa algumas vezes e segurava em minha barriga tentando me acalmar.

— você está feliz? — perguntei deitada no peito de Henrique o encarando enquanto o mesmo fazia carinho em minha barriga.

— estou mais feliz do que um dia eu imaginei que poderia estar! — eu sorri com sua confissão e sentir seus lábios macios em minha testa.

— estou tão ansiosa para amanhã — falei.

— eu também. — disse, e então tomou meus lábios em um beijo calmo, com amor.

__________________

BU!

A Guardiã do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora