Capítulo 16

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AMY

Vou para meu quarto, e aproveito para explorar meu "celutablet". É muito chique e moderno.
Impressionante!
Eu que vivia num vilarejo sem conexão, ligando de telefone fixo, nem sei mexer nisso direito.
Mas aos poucos aprendo. Futuramente isso pode me ajudar.

Já estou vendo que não vai ser fácil sair daqui. Vai levar tempo, muito raciocínio e algum trabalho. Talvez até cúmplices.

Estou decidida a fingir e entrar no jogo dele.

Até agora ele tem sido gentil, apesar dos apesares. Mas meu medo é que isso possa mudar a qualquer momento.

Nesse instante, minha preocupação é aquela história do sexo estranho que ele falou. O dia passou tranquilo até demais, mas já está anoitecendo e será que hoje ele virá me procurar para isso?

A tranca é digital e óbvio que ele pode abri-la.
Não tem nem um móvel que eu possa usar para bloquear a porta e, se houvesse, é certo que ele daria um jeito. E eu não poderia ficar trancada aqui pra sempre.

Seria inútil lutar, pois ele é muito maior e mais forte.
Pegá-lo de surpresa e tentar acertá-lo com algo não seria uma boa, pois após isso eu teria que sair daqui, e certamente seria pega antes mesmo de chegar ao térreo.

Matar ou ferir gravemente, talvez... caso ele me agredisse.

Não sei se implorar seria uma opção.
Se ao invés de comovê-lo, eu irritá-lo?
Por outro lado, eu tentei argumentar mas em sua mente transtornada, ele não está dizendo nada demais, e acha que não fará nada demais. 

Ele não entende que eu tenho que querer?
Ou será que minhas palavras e atitudes, de alguma forma, sinalizam para ele que quero? 

Para ser sincera, nem sei como demonstrar interesse sexual por alguém, nunca senti essa vontade e tudo que fiz foi obrigada.
Convencionou-se que sexo é bom e prazeroso, mas eu nunca tive essa experiência. 

Sei que muitas pessoas fazem sexo sem nunca terem se visto e sem se conhecerem, há situações em que isso acontece.
Ou seja, conhecê-lo para fazermos sexo, não é primordial; também não importa como seja o corpo dele, se tem cicatrizes, não ligo.

Meu único medo é ele me machucar.

Por isso, por mais que pareça tão desequilibrada quanto ele, a única opção que acho segura, por hora, é entrar no personagem. 

Estou nervosa pensando mil coisas, quando ouço uma leve batida no quarto.

- Amy, quer jantar agora? 

Nem percebi que já era noite e eu estava com fome. Abro a porta e ele está lá, parado. 
Descemos.
Jantamos.

Ponho a louça na máquina e ele põe comida para os pets. 
Faço algumas perguntas sobre os animais da fazenda, mais para passar o tempo. 
Continuo cismada e apreensiva.
Percebo que ele também parece nervoso. 

Misericórdia.

21:20.

- Quer subir agora? O dia foi bem cheio. -pergunta.

- Sim, pode ser. -respondo e vou levantando. Sigo para a escada devagar, entre temerosa e ansiosa. 

Ele apaga as luzes, verifica um painel, digita alguma coisa e logo me alcança. 

Estamos no topo da escada, prestes a ir cada um para seu quarto.

- Deixe as luzes apagadas e vista somente uma camisola. Espere deitada, está bem? Chego lá em alguns minutos. -ele fala sem me olhar, gentil, mas nitidamente aflito, e entra em seu quarto, me deixando estática no lugar.

MonstroOnde histórias criam vida. Descubra agora