Capítulo 32

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JASON

Voltei para meu quarto, simplesmente saltitante! 
O sorriso -horrendo, diga-se- não sai do meu rosto. 
Consegui lhe dar prazer. Muito, por sinal.
Eu lhe dei um orgasmo, seu primeiro! 
Eu a fiz gozar (fica melhor falar assim, não é? Não tenho costume, mas aprendo. É menos sério. Já sou sério demais).

Naquele instante, todo meu passado, o passado dela, minha aparência sinistra, tudo foi esquecido, ainda que momentaneamente. 
Por isso não posso deixar que sinta o toque grotesco da minha pele, e arriscar desfazer o "encanto". 

Se eu soubesse que poderia tê-la tocado desta forma, antes...
Mas antes, ela talvez não aceitasse. 
Como é bom sentir sua boceta molhada por causa dos meus carinhos. 
O bico dos seios intumescendo em contato com minhas mãos.
O cheiro de seu sexo é tentador e só multiplicou meu desejo.
E ouvir seu gemidos, sua respiração ofegante, mesmo sem nos tocarmos completamente, me deixou mais excitado que nunca. 

Bendita internet! Deu-me uma ajuda e tanto!

Continuei duro após deixá-la. Mas não ousei continuar, além de não ter um preservativo extra, poderia assustá-la.
Foi preciso um bom banho frio para me acalmar, mas basta pensar nela pra ficar de prontidão outra vez.

Não sabia que satisfazê-la me faria tão bem.
Parece que sou mais humano, mais homem e menos o monstro que sempre me senti. 
Já tenho ideias para nossa próxima vez. 
Quero fazê-la gozar todas as vezes.
O quanto ela quiser. 

Ei, coração! Vai devagar! Está batucando feito louco!
Às vezes tenho medo de ter um treco. 
É raro a vir e não ter taquicardia. 
Só de pensar nela, quase sempre tenho.
E penso nela continuamente! 

Acho que quando chegar o período dos exames de rotina, vou pedir ao médico que realize um check up do coração. 

*** 

Depois da rotina de treino e banho, descemos para o café.

Fico um pouco para trás e a deixo se aproximar primeiro da cozinha, para que veja, novamente uma bela mesa posta e um ramalhete bem rústico e simples, composto por um girassol, duas peônias, algumas folhas e pequenas margaridas, amarrados por um laço de corda fina.

Sim, eu contei com ajuda de Emma e Jane. Mas eu que vi a ideia na internet e optei por ela.

Ela pareceu encantada com algo tão pequeno, mas creio que sabe muito bem o significado do mimo. 
Não quero ser exagerado e fazer coisas escandalosas, mas não posso ser insensível e inerte.
A noite de ontem foi maravilhosa e eu tinha que demonstrar minha alegria de alguma forma.

Segurando o ramalhete com as duas mãos, ela se vira e me dá aquele sorrisinho tímido, que acho lindo. Seus olhos estão brilhantes e as maçãs do rosto vermelhas. 

- Ah, Jason, obrigada... -estava claramente emocionada. Tive que me conter para não envolvê-la em meus braços e beijá-la. 

- Parece com você -digo, apontando as flores, enquanto passo por ela e puxo a cadeira para que sente.- Vamos tomar café?

Logo ela se recompõe e conversamos um pouco. 

***

São 10:20 e estou com dor de cabeça de tanto trabalhar, não parei desde que sentei aqui. 
Ouço um leve bater na porta e em seguida, o anjo em forma de mulher, entra, trazendo uma bandeja com suco e biscoitos que ela põe à minha frente. Fecho o notebook e a admiro por alguns segundos.

- Fiz biscoitos. 

- Huuuum -provo um. Está muito bom.- está ótimo. 

- Fiz muitos, então levei uns pra Jane. -elas estão sempre trocando receitas.- e dei alguns para Emma e Todd dividirem com o pessoal da segurança de casa. 

- Fez bastante mesmo, hein?

- É, me empolguei. -responde, sentando-se na poltrona à minha frente- Jason... teve alguma notícia de Craig? 

- Continua viajando. Pelo que consegui apurar, parece que está se estabelecendo fora daqui. 

- Isso é bom.

- Mas estou de olho. Qualquer movimento significativo dele, aviso. 

- Obrigada. 

Ela se levanta, passeia pela estantes, olhando alguns livros. Será que quer perguntar alguma coisa? 
Termino meu lanche e ela sai, sem dizer mais nada. 

Ao fim da tarde, encerro meus trabalhos e saio para vou buscá-la. 
Encontro-a na metade do caminho, acompanhada da segurança, as duas vem conversando animadamente. 

Será que estou vendo coisas ou elas contiveram a animação e mudaram de assunto ao me virem? 
Espero que Emma não esteja me dedurando.

Resolvo deixar pra lá, afinal, deve ser assunto de mulher... 

Ao voltarmos, aviso a Amy que não se preocupe com jantar, pois será por minha conta e a convido para irmos ao píer, logo que escurecer. 

Ao chegarmos, há uma toalha disposta próximo ao lugar que costumamos sentar, almofadas e uma cesta de piquenique. 

- Jason... 

É, preparei um piquenique à luz do luar.
Sim, Emma e Jane me ajudaram novamente.
Mas ressalto que, além de escolher o local e horário, fiz os sanduíches e cortei as frutas. 
Também temos suco, chá gelado e bolinhos, esses feitos pela Sra Graham.

Enquanto comemos, conto da parte dos alimentos que fiz e de como foi ajudado. 

- Então, agora tenho que viver desconfiadas das meninas? -ela brinca.

- Ah... Amy, preciso lhe dizer uma coisa. -acho que ela fica nervosa, pois perde um pouco a cor, para de comer e fixa o olhar em mim.

- O que seria?

- Você sabe como tirar essa pulseira? -aponto para seu braço.

- Não faço ideia. Mas lembro que disse que só você pode tirar.

Peço-lhe que gire o pulso para cima, mostro um ponto específico e lhe digo para tocá-lo com a polpa do dedo. Ela faz e logo o objeto destrava, podendo ser retirado. 

- Jason... -ela me olha boquiaberta.

- Mesmo que esteja usando, pode sair da propriedade à vontade. 

- Ela não vai mais me impedir? Sério? 

- Sim. Sabe que não costumo mentir. Só peço que a use, para sua própria segurança. Mas não precisa, se não quiser. Sabe que é minha maior intenção protegê-la.

Ela me fita enquanto falo, mas quando concluo, baixa a cabeça, retira a peça do braço, a examina, olha para mim, a põe novamente e trava-a no pulso.
Respiro aliviado.

- Não preciso tirá-la.

- Só nós dois podemos destravá-la, com nossas digitais. -explico.

- Obrigada, Jason.

Foi difícil para mim fazer isso. 
Ainda temo que ela vá embora, afinal, que tipo de homem eu sou? 
Tenho certeza que há inúmeros caras bons que fariam tudo por ela e, inclusive, diferente de mim, podem se entregar por inteiro. Homens sem traumas, sem uma história cheia de maldade, sem paranóias, sem medos. 

Certamente, se ela se for, entrarei em desespero e muito provavelmente irei à sua procura, onde que que seja, ainda que não possa convencê-la a voltar. 

Mas espero... espero do fundo da minha alma despedaçada, que ela fique. 

























MonstroOnde histórias criam vida. Descubra agora