Capítulo 11

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AMY

- Obrigada, Jason, a sopa está excelente. Você que fez? -puxo um assunto diferente.

- Que bom que gostou. Eu até sei fazer algumas coisas, mas nada tão bom assim; tenho uma funcionária que cozinha pra mim, se chama Peggy. Ela fez o pão, também. 

- Hm... -termino a última colherada, pego um guardanapo, limpo os lábios e acabo dando um pequeno sorriso- eu também gosto de cozinhar. 

- Quer mais? Ainda tem. E tem suco também. 

- Não, obrigada, foi suficiente. 

- Se quiser ir para o sofá, é mais confortável, só vou pôr a louça na máquina e já chego lá -ele diz e levanta, já retirando a mesa. 

Eita, meu Deus, chegou a hora. 

Agora sim, começo a ficar tensa. 
Sigo até o sofá e sento na ponta direita. Orange deitou-se aos meus pés.

Passeio os olhos por toda a sala, assim como fiz quando estava no quarto e ao descer, tentando mapear o local, descobrir aonde estou e o que fazer caso esteja em perigo.

Pela minha visão periférica, vejo que ele se aproxima. Esfrego as mãos uma na outra, em seguida as torço, sem saber o que fazer, agoniada com o que virá a seguir. 

Se ele for um psicopata doido, se for mau, se quiser me fazer mal, como saio daqui? 

Jason se dirige à poltrona do lado esquerdo, puxa-a mais para perto e senta, de forma que formamos uma diagonal. Ele olha diretamente para mim e sustento o olhar. Não sei por quê, mas sinto que também está nervoso. Resolvo iniciar nosso diálogo:

- Então, senhor Jason Aaron Cooper... tenho tantas questões que nem sei por onde começar, a primeira delas, seria seu nome, que agora sei. A segunda é, onde estamos? 

- Pode me chamar apenas de Jason. Não sou homem de rodeios nem meias palavras. Também não costumo mentir -ele diz e sua voz grave se torna fria e sombria, o que me deixa um pouco receosa. 

Gostaria de mais uma vez verificar alguma provável rota de fuga, mas não quero desviar o olhar dele. Só me resta ouvir. 

- Tudo bem -respondo- então, onde estamos? Digo, geograficamente. Pois imagino que aqui deve ser sua casa. E por que estou aqui? Como vim parar aqui? Você foi a Inuitville me procurar ou foi um acaso? -pergunto seguidamente, mas de forma pausada, sem tentar parecer alvoroçada ou medrosa  -ah, e isso -aponto para a pulseira no meu braço- o que é e por que estou usando? 

Ele me encara tão sério que sinto um frio na barriga de ansiedade pelo que vou ouvir.

- Amy, antes de mais nada, quero deixar uma coisa muito clara -diz, de forma solene- e lhe dou minha palavra, que não precisa temer nada nem ninguém. Você está a salvo comigo. Aqui.

- Aqui?!?! Com você?!?!?! -indago, estupefata.

- Sim. Estamos na minha casa, no Alasca, próximo à fronteira. Assim como o vilarejo em que você vivia, esse lugar também é desconhecido e afastado de tudo, a diferença é que trabalho com tecnologia, então montei uma perfeita infraestrutura, não somos desconectados do mundo. Mas antes que se assuste com isso, tenho também a melhor segurança possível, tanto física quanto digital. -ele só diz essa frase e já estou boaquiaberta. Alasca, sério? -Na verdade, tenho uma grande propriedade, com fazenda, muitos animais e plantas, funcionários, maquinário e muito mais, mas logo você conhecerá tudo. 

- Sério isso? Alasca? Propriedade afastada de tudo? Por quê? -ainda não assimilei direito. Ele levanta a sobrancelha única e ergue a mão, indicando o próprio rosto: 

- Acho que tenho um bom motivo para viver isolado. É óbvio -ele  movimenta a mão, novamente mostrando a face- que prefiro não ter ser que visto nem me relacionar com pessoas. Essa é uma das razões pelas quais escolhi trabalhar com tecnologia, pois tenho o mínimo contato humano. 

- Entendo... - digo, olhando-o, mas imersa em pensamentos, imaginando como ele se sente.

- Assim como você, eu prefiro me isolar -completa.

- Entendo, mas como... ?

-  Bem, Amy, sou um hacker e assim, descobri tudo sobre sua vida e porque morava naquele vilarejo. 

Arregalei os olhos:

-Ha-ha... cker

- Sim. Atualmente sou uma espécie de consultor do FBI e as vezes outras instituições do governo ou estados. Não eu, mas aquele que sou no mundo digital. Com minhas habilidades, coopero para pegar alguns criminosos.

- Ah... -solto o ar, isso explica como ele teve acesso a informações minhas que ninguém deveria ter. Mas ainda é esquisito, e nem um terço das minhas dúvidas foram sanadas. 

- E alguns criminosos que escapam à justiça, extermino por minha conta -ele diz de maneira fria e sinto um mal-estar. Ele está me dizendo que é um assassino?????

Arregalo mais os olhos e não sei o que dizer ou fazer. Se quisesse levantar, não conseguiria, pois minhas pernas estão moles. 

- Você... está me falando... que... mata pessoas? -pergunto, devagar, a voz baixa, falhando -não consigo sentir medo (será que estou anestesiada?), mas estou chocada. 

- Sim, mas meus alvos são somente os culpados que se safaram da justiça. E é um tipo específico. Contei isso porque não queria omitir, mas você não tem com que se preocupar. Já lhe disse: você está segura. 

Suspiro baixo, aliviada. 

- Então... é... pode continuar... -quero ouvi-lo primeiro. Até porque, não há mais nada que eu possa fazer.

- Depois do que houve no vilarejo e saber mais da sua vida, decidi procurá-la e trazê-la para viver comigo.

Sobre a pulseira, é um dispositivo pra sua proteção. Além de monitorar sinais vitais e localização, caso ultrapasse os limites da propriedade, ela emitirá um pequeno choque e sinalizará na nossa central. Não é nada demais, posso garantir -instintivamente pus a mão no objeto, tencionando retirá-lo- Ah, sim, ela tem uma codificação que só eu posso abrir- alertou, com uma calma e indiferença que me deixaram sem reação.

Realmente levei um choque, mas de horror, após assimilar o que ouvi.
Como assim?!

Olhei-o aturdida.

- Se você realmente trabalha com o FBI, deve saber que está cometendo alguns crimes. Sequestro e cárcere privado, pra início -falei, tirando coragem não sei de onde, mas sem me exasperar, sem demonstrar medo ou raiva.

Depois das experiências que tive, evito expor minhas emoções e reagir de forma explosiva.

Estou em total desvantagem.

- De forma alguma. Isso é apenas para sua proteção. Você será muito mais livre do que era em Inuitville. E iremos sair algumas vezes, claro que serão ocasiões esporádicas, mas nada tão diferente do que você estava acostumada.
Além disso a propriedade é enorme, e a seu dispor, afinal, como minha mulher, tudo aqui também é seu. -ele disse indiferente e de um pulo, fiquei em pé, simplesmente não pude conter um grito:

- SUA O QUÊ!!!??????

MonstroOnde histórias criam vida. Descubra agora