Capítulo 19

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AMY

Após o almoço, pergunto se há informações sobre os animais criados aqui, e ele me mostra o tem nos arquivos da rede interna.
Há também algumas fotos e registros sobre a fauna local. Riquíssima e interessante. 

Dou mais uma volta pela casa, pra ir me acostumando com os ambientes e onde fica tudo. 
Nisso, quando me dou conta, já caiu a noite. 

Jantamos o que sobrou do almoço, lavo a louça e ele guarda, e sentamos na sala. Jason olha algo em seu tablet, enquanto analiso melhor os dados que ele me passou hoje. 

Já são 21h e começo a ficar bem nervosa.
Não posso mentir e dizer que estou com medo.
Estou mesmo ansiosa pelo que pode acontecer. 
Cooper é um homem estranho e de certo modo, peculiar. Até então só isso.
É cedo para dizer qualquer coisa, mas meu sentimento é esse. 

- Acho que vou subir. Sempre tive o hábito de deitar cedo -digo, pra ver o que ele fala- e você? 

- Ah, sim, vamos. -diz, levantando-se e eu o acompanho- me espere do mesmo jeito de ontem. Irei em uns 20 minutos. Certo? -fala e já estamos quase no topo da escada. Engulo seco. 

- Certo.

Sigo para meu quarto rapidamente e faço o mesmo ritual da noite anterior. 

Estou deitada quase exatamente na mesma posição.
Logo a porta abre e sinto seu perfume, do qual gosto bastante. 
Não tem como ignorar, ele é muito cheiroso. 

Ele se aproxima e põe algo na mesinha de cabeceira. Deve ser preservativo.
Repete o mesmo movimento de me por nos braços, levantar e me deitar novamente na mesma posição de ontem. Pelas sombras e ruídos, percebo que ele põe a camisinha e pega outra coisa na mesinha. 

O que será? 

Evito pensar muito, me esforçando pra vislumbrar na penumbra os seus movimentos. 

- Amy -ele murmura educado- vou tocar... eh... vou tocar em você aqui embaixo... ok? -continua, sua voz vacilante. Frisa no "aqui embaixo" e o que entendo é que ele vai por a mão nos meus genitais.
Será isso? Tocar como? Pegar, apalpar, bater?
E agora, o que faço? 

- Humrum -respondo meio que sem opção e sinto seus dedos, enluvados, muito suavemente, afastarem os lábios vaginais. Em seguida, o sinto espalhar uma quantidade generosa de uma espécie de gel na minha entrada. Depois, com um dedo, delicadamente, ele me penetra e põe um pouco da mesma substância lá dentro. 

Minha ficha finalmente caiu. É lubrificante. 

Não demora e ele se posiciona e sinto, devagar, seu membro deslizar para dentro de mim. 

E... para minha surpresa, não está doendo! 
Não sinto qualquer dor!
Nem acredito!
Que alívio.

Suas mãos tocam a parte interna das minhas coxas, mantendo a posição, enquanto ele começa a se mover, lentamente e aos poucos vai acelerando, mas mesmo aumentando o ritmo, ele se controla, não penetra fundo, nem forte nem intenso, nossas pélvis não se chocam. 

Sua respiração está ofegante e ele geme baixinho. 

Ele reduz o ritmo até parar, mas sem sair, usa mais lubrificante e continua. Dessa vez, acelera aos poucos e mantém até, em pouco tempo, atingir o clímax, soltando um grunhido seguido de um suspiro alto. 

- Ah... 

Suas mãos ainda estão nas minhas coxas, quando ele retira o pênis devagar e permanece parado por alguns instantes. 

- Não se mova, eu já volto -ordena, calmo e baixo.

Ele vai ao banheiro e volta rapidamente, com algo que põe na cama, ao meu lado. Pelo cheirinho, são lenços umedecidos. Para meu espanto, ele usa os lenços para me limpar do excesso de lubrificante, descarta-os e em seguida me deita de volta na posição inicial.

- Você está bem? -fico confusa ao ouvi-lo, mas não há nada que eu possa responder, além da verdade:

- Estou. 

- Certo. Então, boa noite. -ele suspira parecendo aliviado e sai. 

Céus, o que foi isso?

Sexo pra mim sempre foi sinônimo de dor, mas dessa vez, não!
Foi estranho, uma sensação absolutamente desconhecida pra mim. 
Minto se disser que foi ruim, não foi mesmo.

Dizer que foi bom, também não posso.
Eu saberia se sentisse pelo menos um pouco do prazer que as pessoas dizem que sentem. 

Mas foi reconfortante não ser esbofeteada, não ter os cabelos puxados, não ter a sensação de estar sendo rasgada por dentro. Craig era animalesco. Eu sempre sangrava e ficava muito machucada. 

Levanto e vou ao banheiro dar uma examinada.
Não estou sangrando, nem ferida nem dolorida. 
Só um pequeno incômodo, afinal, acho que Jason tem um membro grande e grosso. Embora eu não tenha parâmetros para determinar isso, não sou burra, né? Claro que deu pra perceber. 

Cooper é um homem estranho. Diferente. 
Será que ele sempre foi assim com as mulheres? 
Sexo pra ele é isso? É assim? 

Se for, não posso reclamar. 
Nunca tive prazer, não vai me fazer falta. 
Só não quero ser tratada com violência, nem como um objeto descartável. 

Agora que passou, estou aliviada. 
Vou tentar dormir. 


JASON

Volto para meu quarto, descarto as luvas, me lavo rapidamente e deito.
Meu coração samba no peito.
A melhor sensação, o orgasmo mais intenso que já tive.
Sim, foram poucos, mas esse pra mim é o único que realmente importa.
Foi especial. 

Ela é especial.

Eu a toquei. Com muita gentileza para não assustá-la, para que não sentisse a aspereza da minha pele. 
Embora de luvas, meus dedos tocaram sua... 
E ela não reclamou. Não brigou. Disse que estava bem e me pareceu sincera. 
Tenho certeza que não a machuquei. 

Fecho os olhos e repasso mentalmente, cada segundo maravilhoso que foi estar com ela.
Dentro dela...

... é tão quente, apertado... tão... tão gostoso. 
Tremi de tanto me controlar, para não passar do limite. 
Não sei beijar, abraçar uma mulher, fazer carícias como li naquele site, mas mesmo sem saber, sem nunca ter feito nada disso, meus instintos queriam me levar fazê-lo. 

- Amy, o que eu daria para ver seu corpo, tocar cada pedacinho de você. 

Será que aceitaria que a tocasse, de luvas, como hoje? Ela não reclamou nem demonstrou estar desconfortável.

Ah, o que estou pensando?!
Claro que não vai dar certo.
Ela vai me achar um louco, um doente.
Mas até para ela pensar assim, eu teria que falar, e não sei como falaria algo desse tipo.
Sou melhor em agir, mas se agir sem falar antes, sua reação pode ser terrível.

Acredito que além daquele desgraçado, ela tenha tido outros relacionamentos, e aposto que nenhum era tão horroroso e esquisito quanto sou.

O pouco que consegui hoje, é tudo para mim e não vou me arriscar a perder isso. Se é tudo que posso ter, é o que terei. 
Vou pensar em formas de agradá-la cada vez mais. 

Farei tudo por você, Amy, tudo. 
Matarei o maldito que a machucou, eu prometo. 
Ele jamais vai poder lhe fazer mal novamente. 

Ela é minha para cuidar e proteger. 

Meus pensamentos voltam para momentos atrás...ah, seu cheiro, sua pele, sua intimidade... 

Sinto até vontade de sorrir, algo que não faço desde que perdi meus pais e minha vida. 
Mas sorrio aqui, na solidão do meu quarto. 

Ah, Amy, o que você fez comigo? 



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