Capítulo 23

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JASON

Faltou pouco para eu engasgar do susto.

O contato da mão pequena de Amy era tão delicado que parecia uma brisa deliciosa.

Meu coração deu um salto violento, senti como se tivesse vindo parar na garganta.
Olhei-a sem entender.
Será que queria me falar algo sem que os donos da casa ouvissem?
Estava chamando minha atenção para alguma coisa?

Infelizmente, acho que a assustei com a cara de espanto que devo ter feito, pois assim que me virei e a fitei, ela retirou a mão. Foi melhor, pois se demorasse pouco mais, eu teria ficado duro e aí sim, seria um constrangimento horrível.

Foram só segundos, mas gostei tanto.

Sou muito ruim nisso, mas tentei disfarçar:

- A comida de Jane é mesmo muito boa, não é? -pergunto, ainda com meu olhar fixo em seu rosto. Acredito que entende minha intenção, pois responde com naturalidade.

- Sim, está tudo perfeito! Depois vamos trocar algumas dicas e receitas. -diz, dirigindo-se à mulher, que está diante dela.

- Claro, minha querida. Mas agora, vamos à sobremesa, que está com uma cara e um cheiro incríveis.

Jane vai para a cozinha e logo retorna com o doce e Amy a ajuda a servir.

- Vou pôr um pedaço pequeno e quem gostar, come mais, certo?

Ao me servir, ela avisa que tem mais dele em casa.

- Que doce maravilhoso! -Thomas é o primeiro a elogiar, seguido por Jane e eu.

- Agora sou eu que vou pedir a receita! -Jane brada, apontando para o prato com a colher.

- Eu comeria pedra cozida, se Amy a cozinhar! -não sei de onde tirei isso, mas saiu!

Acredito que falei uma grande bobagem, pois os três param de comer para me encarar. Thomas e Jane estão com cara de surpresa e o alvo do meu "elogio", está com as bochechas vermelhas, como se a tivesse envergonhado com minhas palavras impensadas.
Oh, droga.
Bastava ter dito que o tal pudim estava delicioso e que tudo que ela faz é gostoso. Mas eu tinha que falar demais, e falei logo uma tolice. Ou eu poderia ter ficado calado. Por isso não gosto de falar.
Droga de novo!

- Tenho certeza que sim -Jane sorri- Jay sempre gostou de comer e come de tudo!

- Isso é verdade -é a vez de Thomas falar, rindo e erguendo o prato- vou querer mais!

- Obrigada, Jason. -ela responde, para meu espanto, com um sorrisinho de lábios fechados. Será que falei algo tão bobo que pareceu divertido?

- A propósito, como se chama esse doce? Você vai me passar, não é?

- Se chama pudim de leite, é de origem portuguesa. É um dos meus preferidos. Aprendi a fazer no... orfanato. -Amy começa empolgada, mas a última palavra sai hesitante.

Lembro das minhas pesquisas, ela é de um país do leste europeu e morou num orfanato dos 12 aos 18 e lá aprendeu muitas coisas.
Segundo consta, era uma garota muito inteligente e disciplinada.

Repito apenas um pequeno pedaço da sobremesa e evito falar muito mais.

Thomas me chama para um jogo de damas, enquanto as mulheres vão para outro cômodo.

***

- Desculpa pelo incômodo. -Amy quebra o silêncio, enquanto caminhamos de volta para casa.

Hã?

- Não entendi. Que incômodo?

- De ter tocado na sua perna, naquela hora. Achei que você estava tão quieto, parecia deslocado, eu quis ser gentil e acabei piorando tudo.

- O quê? Aquilo? Não foi incômodo. Foi tão rápido. Só levei um susto, pois foi inesperado. -não consegui falar mais nada sem extrapolar o bom senso.

Você pode me tocar Amy, pode me tocar todo, cada parte do meu corpo quer sentir suas mãos, sua pele, seu contato... quem me dera ser "incomodado" por ela dessa forma.

Infelizmente, essa vontade fica só no meu pensamento.

- Vamos sentar um pouco aqui -chamo-a para ficar na varanda, preciso conversar com ela.

- Claro. Tá tudo bem? -pergunta com cara de preocupação.

- Sim. Só quero falar sobre um assunto.

- Tive uma ideia! Vamos para o lago? -concordo e seguimos pelo píer, até a borda, como alguns dias atrás. Ela senta e põe os pés na água, enquanto sento ao seu lado, as pernas cruzadas.

- Em dois dias eu volto aos negócios. Sempre trabalhei de casa e como não tinha mais a quê me dedicar, não tinha hora pra nada. Muitas vezes começava de manhã cedo e entrava pela madrugada, virava dias e noites trabalhando sem parar. Mas agora vou estabelecer um horário de expediente, para ter tempo pra você. Quando terminar seu planejamento, quero tentar sincronizar nossos horários.
Há situações em que precisarei viajar, mas são esporádicas e sempre que for possível, a levarei -explico e espero que ela não me ache mais louco ainda.

- Quer dizer que, quando puder, vou viajar com você?

- Desde que não seja arriscado. Inclusive, vou contratar um segurança pessoal para você, para quando eu estiver ausente. Pensei em uma mulher. -digo o que já venho planejando desde que ela chegou.

- Ah, sim. Seria bem melhor.

- Veremos isso em alguns dias. Todd vai recrutar algumas candidatas e escolheremos juntos.

Voltamos e como mais do pudim.
Está divino!

***

6 semanas depois...

- Ah, Amy... minha Amy -falo seu nome entre gemidos, enquanto me dou prazer, pensando nela.

Após um tempo, só a relação sexual tem sido insuficiente pra apagar o fogo que ela causa em mim e agora preciso me masturbar quase todas as vezes depois do sexo, pois a vontade de ter mais dela me consome, mas como não posso, tento amenizar me aliviando sozinho.

Antes eu não fazia, pois não tinha estímulo, digamos. Mas agora, tenho combustível de sobra pra isso.

Nos últimos dias tenho pesquisado um pouco o que posso fazer para ser melhor para ela nesse aspecto. Isso tem levado minha imaginação a correr solta feito um cavalo selvagem, e pensar e sonhar em como seria tê-la por completo, transar (é, aprendi essa palavra e outras também) como um homem normal, inteiro, faria com sua mulher.

Eu a quero tanto. Quero tudo dela e com ela. Mãos dadas, beijos, abraços, carícias, orgasmos.

Descobri que mulheres também podem sentir o mesmo prazer que os homens.
É, eu não sabia. Sei que parece absurdo, mas eu nunca tive motivos para saber e entender desses assuntos.

Já fiz mil planos e não tive coragem de pôr em prática.
Já quis pedir para tocá-la; já planejei acariciá-la "de surpresa", planejei situações românticas, mas eu não sou romântico, ou não sei se sou. Ou se sei agir como um, sem parecer ridículo.
Nem sei se ela gosta de romantismo.

Não sei o que fazer e nem por onde começar, mas minha esperança é que temos muito tempo pela frente, e que mais cedo ou mais tarde, pode dar certo.

Apesar do pavor que tenho de que ela reaja mal.















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