Monstro

Capítulo 37

JASON

Amy me avisa que precisa ir ao banheiro, e após breves minutos, me chama, convidando para um banho, a dois.
Tomamos uma ducha rápida e voltamos para a cama. Ela me pede para não vestir nada e também fica sem roupa.

- Já basta tanto tempo com algo entre nós. Quero apreciar isso -diz, espalmando a mão em meu peito e, na sequência, o beijando.

Fecho os olhos, apenas desfrutando essa forma de intimidade, nova para mim, mas que estou adorando.

- Você não se incomoda? Com as cicatrizes? A textura não é desagradável? -tive que perguntar.

- De forma alguma. -diz entre beijos- não tem nada de errado aqui, nada é desagradável e nada me incomoda no seu corpo. É tudo perfeito.

Poxa. Como ela pode pensar assim?

Será que Amy tem sentimentos por mim?

- Eu sempre achei tão horrível. As cicatrizes são grosseiras e irregulares, repulsivas até.

- Pra mim não é nada disso. Esqueça isso, tá? Nunca mais fale esse tipo de coisa de si e do seu corpo. Eu nunca achei isso e agora eu tenho certeza -ela continua alternando beijos e afagos.

- Só me importa o que você pensa.

Envolvo-a em meus braços e faço carinho em seus cabelos e ficamos assim, até ambos adormecermos profundamente.

***

Acordar com Amy em meus braços é o melhor dos sonhos.
Agora acredito que Deus existe, e existe um paraíso e fui agraciado, pois estou nele agora!
Sim, não estou sonhando.
A linda mulher das minhas doces fantasias, está aqui, em carne e osso.
Comigo!!!

Uhuuu!!!
Mentalmente dou cambalhotas de alegria!
Sinto-me um tolo! Mas um tolo feliz, como em tempo algum lembro de ter sido.
Minha felicidade de quando era criança é totalmente diferente da de agora.
Até porque, sou outra pessoa.

Dou vários beijinhos na razão do meu entusiasmo.
Ela abre o olhos devagar e me presenteia com um sorriso que liquefaz todo meu ser em ternura.
Amoleço todo, exceto um parte de mim que, em riste, anseia por possuí-la.

Estou pensando se ela vai me achar um tarado, quando ela me beija com tanto fogo, que logo compreendo que compartilhamos o mesmo desejo.

Não tarda e nossos corpos estão emaranhados.
Fazemos amor devagar, mas com bastante intensidade.
Hoje, Amy também chegou ao clímax apenas com penetração, acho que devido ao nosso maior contato físico.
Mas ainda a fiz gozar mais vezes, ao masturbá-la, enquanto a possuía num vai e vem delicioso.
Vê-la no auge do prazer é tão excitante, que meu orgasmo vem muito mais forte e rápido.

Após uma segunda rodada, estamos abraçados e plenos um do outro, quando decido ficar em casa com minha deusa, assim ela queira.

- Amy, quer ficar comigo em casa, hoje? -pergunto, ansioso pela sua resposta.

- Quero, sim -ela sorri.

- Então vou encarregar Thomas de tudo.

- E eu vou avisar Brad.

Avisamos aos rapazes que não iremos trabalhar e que não queremos ser incomodados, a não ser que o mundo esteja acabando. E olha lá.
Na verdade, também decidimos não treinar hoje.
Não na academia, pelo menos.
Será que o sexo conta como exercício?

Descemos e fazemos juntos nosso café.
Enquanto comemos e conversamos amenidades, ao contemplar a mulher à minha frente, me sinto tão grato que, pela primeira vez nesses mais de vinte anos, dou-lhe um sorriso, com certeza o melhor, mais franco e espontâneo da vida.

Amy sorri de volta, e espalma sua mão delicadamente em minha bochecha, gesto que retribuo segurando-a e colando os lábios em sua palma.

AMY

- Oh, meu Deus! Jason! -exclamo sorridente. Não acredito no que vejo.- finalmente você sorriu de verdade.

O sorriso dele é encantador. Os dentes brancos perfeitamente alinhados e o contorno dos lábios formam um lindo desenho.

- Você também! Mas eu tenho diante de mim o melhor motivo para tal.

Meu Deus, o que está acontecendo comigo?
Eu nunca senti nada igual antes.
Será que me apaixonei?
Será que é tudo pelo sexo -maravilhoso, diga-se?
Mas não! Tenho certeza que já estava encantada por ele.
Mas sem dúvida esse novo nível de intimidade elevou as coisas a outro patamar.

O que hei de pensar?
Nunca imaginei que sentiria algo assim por ninguém, e muito menos tanto desejo por um homem. Nunca pensei que sexo fosse tão maravilhoso.

É sensacional estar com alguém que não me usa e que se preocupa em me fazer sentir confortável e me satisfazer. Jason é cuidadoso e gentil, e se dedica a me fazer gozar sempre, e mais de uma vez.

A forma como ele me toca, parece que foi feito sob medida pra mim.
Sei que já passei horrores na mão de homens, mas Jason é diferente e no momento em que estou com ele não consigo lembrar das coisas ruins.

Agora estou substituindo situações tristes por momentos de alegria e paz, criando boas memórias, que vão ser melhores e mais relevantes que as lembranças ruins.

Não sei o que ele sente por mim, mas sei que ele é bom comigo, me respeita e cuida de mim. Não importa que nome se dá a isso. Se tiver nome.

Sei que eu estou completamente apaixonada. Embora eu jamais tenha experimentado esse sentimento, não pode ser outra coisa.
Deve ser minha primeira paixão, aquela que eu deveria ter tido quando mais jovem.

Depois de arrumarmos a cozinha, pergunto a Jason o que ele gostaria de fazer.

- Eu tenho muitas ideias do que fazermos, mas podem ser feitas em outros dias. Hoje eu só quero aproveitar estar junto de você.

- Eu também! -imediatamente enlaço seu pescoço, e uno nossas bocas.

***

Jason pediu a pizza artesanal (desta vez eu não interferi) e estamos jantando no píer, à luz da lua. Ele pediu um vinho espetacular. Não costumamos beber, mas hoje merece.

Nosso dia voou.
Fizemos juntos nosso almoço: massa e o pudim que é nossa sobremesa favorita.
Vimos filmes, conversamos e nos amamos novamente.
Além disso, fizemos a minha "mudança" para o quarto dele.
Levamos e organizamos minhas roupas e demais coisas. 
A partir de agora, dividiremos também o quarto e a cama. 

- Sabe um dos maiores arrependimentos que tenho? -Jason diz, me apertando.

Já estamos deitados há alguns minutos, só abraçados.

- Qual?

- De ter gritado com você da primeira vez que nos vimos. Fui um grosso.

- Não ligo, nem naquela época e muito menos agora. Faz o quê? Uns sete, oito meses? Já passou.

- Sim, mas quero me desculpar por aquilo. Quero me desculpar por tudo. Por ter lhe tratado mal, por ter posto essa pulseira em você. Pela forma como a trouxe pra cá.

- Ah, Jason, obrigada. Mas realmente, não precisa. Se não fosse assim, quem sabe teria acontecido o pior. 

- Na verdade não me arrependo de ter lhe trazido. Mesmo que tenha sido da forma errada, na minha cabeça, não existia outro meio e tudo nos trouxe ao momento em que estamos. 

- É o que penso. Se não fosse daquele jeito, talvez não estaríamos aqui hoje. Nem sei se eu estaria viva. 

- Se fosse o homem que sou hoje, teria feito de outra forma. Eu só era um cara quebrado, inseguro, vazio. Você preencheu minha vida e colou meus pedaços. 

- Ah, Jason -toco seu rosto e deslizo meu nariz e lábios pelos seus. 

E assim, dormimos agarradinhos.