Capítulo 17

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AMY

O que foi que aconteceu??????

Ele acaba de sair do meu quarto e meu coração está prestes a saltar do peito. 
Que confusão este homem causou em meus pensamentos! 
Fico por vários minutos totalmente parada, só esperando meus batimentos voltarem ao ritmo normal, enquanto tento entender o que se passou.

Graças aos céus ele não forçou nada. 
Isso já me deixou menos amedrontada. Ele viu que não conseguia enfiar nada e parou.
E não me bateu nem xingou. 
E ainda se desculpou! 
É um sinal que ele não vai me machucar?
Tomara Deus.

Rolo na cama e o sono não vem.
Bom, nada de novo... mas dessa vez a causa da insônia é que não consigo parar de pensar em Jason e em seu comportamento estranho. 

Apesar das luzes apagadas, não estava um breu completo. Pelos seus contornos, percebi que estava vestido. E de luvas! 
Será isso o que chamam de fantasia? Fetiche, sei lá? 
Ou será que ele não suporta contato físico de jeito nenhum? 
Ou será que ele sente dor? Será que as cicatrizes ainda doem? 
Poxa, agora entendi, só pode ser isso. 

Cada corpo reage de uma maneira, mesmo que seja psicológico. 
Deve ser isso. 

Oh.meu.Deus.
Será que o pênis dele também sofreu queimaduras? 

Mas o que é que estou pensando???

Preciso tentar dormir ou vou enlouquecer. 

***

Acordo e são 6:20h.
Consegui dormir um pouco já passava das 2h da madrugada.

Levanto, faço pipi, escovo os dentes e tomo um banho rápido. 
Vou para a varanda e fico na cadeira de balanço por um tempo, aqui é tão calmo, o ambiente e o clima são acolhedores. 

Enquanto não vou embora, posso mesmo trabalhar, vai ser bom me ocupar e pelo menos dentro de toda esta propriedade, posso andar livremente, sem ficar me escondendo como uma fugitiva. 
A fugitiva que realmente sou.

Não foi à toa que escolhi Biologia e Veterinária, tenho afinidade e amo os seres vivos e conhecê-los é maravilhoso.
Apesar da forma louca com que vim parar aqui e desse homem incomum, é inegável que amei o lugar. Então é isso: vou trabalhar para ele, sim.
Decido, e estou satisfeita com minha resolução. 

Será que ele vai me pagar? 

Vou descer e ver como ele vai se comportar. 

Ainda falta muito para as 8h. 
Chego à cozinha e não há ninguém. 
Abro as portas e Fox e Orange entram, fazendo festa e pedindo comida.
Tento me lembrar onde está cada coisa; encontro a ração e ponho para eles. 

Vou localizando as outras coisas e começo a preparar o café. 

Uns vinte minutos depois, Jason desce.

- Bom dia. -cumprimento, séria mas cortês, ao que ele responde, parecendo desconcertado. Acho que não esperava nem me ver cozinhando, nem que lhe falasse tão naturalmente.

- Bom dia. Você está bem? Dormiu bem?

- Estou bem, obrigada. Não dormi bem, mas isso é normal pra mim. Tudo bem se eu fizer o café? 

- Ah, claro. Claro que sim. Sei que ainda leva tempo para se acostumar, mas já lhe disse, tudo é seu também e pode fazer tudo do seu jeito. 

- E se você não gostar? -pergunto para testar sua reação.

- Vamos nos adaptando. -ele se aproxima um pouco- quer ajuda? 

- Pode ir pondo a mesa?

Depois de tudo pronto, comemos em silêncio. 

- Tem suco -ofereço.

Lembrei que o vi bebendo ontem. Não sei porque fiz isso, mas quis ser agradável. 
Por quê, Deus? O que estou fazendo?
Estou fora de mim, só pode.

- Ah, quero. Obrigado. -ele diz já fazendo menção de levantar, mas sou mais rápida, vou à geladeira,  trago a jarra para a mesa e o sirvo, enquanto ele me observa com expressão estranha. 

- Uma jarra? 

Ai, droga, será que já tá estressado? Será que vai surtar? 

- O que tinha acabou, então fiz um pouco. -explico receosa e o vejo beber metade do líquido. Apontei para um canto do armário -tinha laranjas ali.

- Você fez? -agora parece surpreso- está ótimo!  

-  Natural é bem melhor. 

- Verdade. Muito bom. -faz uma breve pausa e continua- Ehhh ...vou pedir alguns itens da farmácia hoje, você quer alguma coisa? 

- Não que eu lembre agora. 

Enquanto arrumamos a cozinha e guardamos a louça, falo o que resolvi:

- Então, Jason. Vou trabalhar aqui, sim. Ainda vou definir um plano, mas aceito cuidar dos animais. Vou precisar conversar com o veterinário atual. Quando ele vem? Tem um data agendada?

- Que ótimo, Amy. Próxima semana. Até porque, estes dias eu queria mais que você conhecesse tudo e fosse se familiarizando com a casa, com a rotina. 

Engraçado como conversamos com tamanha naturalidade. 
Ontem eu estava desesperada para fugir e agora já falo como se viver aqui fosse minha escolha. Mas o que posso fazer?

Prefiro manter a serenidade e ir lidando com os acontecimentos aos poucos. 

Faço carinho no cão e Jason senta no sofá, pega o celular gigante e começa a digitar nele, enquanto fala comigo. 

- Estou fazendo o pedido da farmácia. Tem algo que você queira fazer hoje? Quer ir um pouco pra academia?

- Não hoje. Prefiro caminhar ao ar livre. Aqui é tão bonito. Eu gosto e sempre tive o hábito de caminhar. Em Inuitville eu ia às 5:20.

Quando fugi do meu país e daquele homem horrível, caminhei tanto! Tanto que acho que aprendi a gostar. 

 - Sim. Então vou acompanhá-la.

- Certo.

Fico distraída brincando com Fox e cinco minutos depois, ele vem em minha direção, já de máscara e um gorro:

- Amy? Terminei. Quer ir agora? 

- Sim. -passamos pela porta e tenho uma ideia- Jason, avise à Peggy que não precisa cozinhar hoje. Eu farei nosso almoço.

Ele faz uma cara surpresa, mas responde com um OK.

Se fosse ele, eu teria medo de comer... 

     


JASON


Saímos para caminhar, como ela gosta. 
Fiquei preocupado em como estaria se sentindo depois de ontem à noite. Perguntei e ela disse estar bem, até fez o café. Fez um suco natural muito bom e disse que quer cozinhar hoje. 

Minha dúvida é: ela está bem mesmo ou fingindo? 
Será que entendeu que está segura?
Entendeu que realmente quero cuidar dela?

Estou tentando ser agradável. 
Dizem que mulheres gostam de conversar e eu até queria ser mais falante com ela, mas não consigo. Sempre fui muito calado e sozinho. Depois tornei-me solitário, sem amigos, sem família, passei a falar menos ainda. 

Prefiro ações a palavras.

***

Quase à porta de casa, Amy pergunta o que quero almoçar.

- O que você quiser fazer, está ótimo. -ela me olha surpresa, como se esperasse que eu fizesse exigências.

Não tenho frescura com comida. Gosto de comer bem e muito e apesar de ter preferências, como o que tiver.

Logo que entramos, recebo uma mensagem de um dos seguranças, avisando que minha encomenda chegou.

Deixo Amy na cozinha e sigo paro escritório, pego o pacote e levo para meu quarto.

Comprei 10 bisnagas das grandes, de lubrificante. Parece exagero, mas não sei quanto vou precisar. É melhor sobrar.

Já pesquisei como usar.
Agora é só aguardar a noite.
Hoje vai dar certo.






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