• pov. Gizelly •
- E aí me conta como seu primeiro dia de aula. Marcela falou animada.
- Professora Gizelly Bicalho. Luiza disse ao seu lado com um sorriso contido.
Nós três marcamos de nos encontrar para almoçar juntas. Marcela é minha melhor amiga, e de quebra, Luiza, sua esposa, se tornou minha amiga também.
- Se não fosse por um acontecimento, teria sido ótimo. falei.
- O que houve? Marcela perguntou.
- Vi um menino segurando uma menina a força pelo braço, a forçando na parede, juro, quando vi, foi como se toda minha raiva fluísse por minhas veias.
- Nossa! Luiza exclamou.
- A tirei dos braços dele e chamei lhe dei um sermão, enfim, sou professora dos dois, o menino se chama Daniel Caon e parece ser agressivo e já fez de tudo para me tirar do sério na aula de hoje.
- Você é a professora, ele tem que te respeitar.
- Tenho a impressão que ele quer me infernizar, mas ele não sabe com quem está se metendo, uma reprovação no final do ano letivo seria ótimo.
- Eu tenho todos os panos para você. Marcela disse rindo.
Suspirei fundo ao me lembrar de Rafaella e as duas me encararam erguendo a sobrancelha.
- O que foi?
- Vamos supor que a menina, Rafaella o nome dela...
- Hum... Luiza murmurou.
- Achei ela linda, é errado eu sei, mas ela é tipo, muito linda mesmo.
- Não é errado achar ela linda.
- Ela é minha aluna Marcela.
- Só não pode querer algo a mais né? Porque aí sim, fica complicado. Luiza disse.
- Claro que não, estou no meu juízo perfeito para cometer uma loucura dessas, só achei ela muito linda mesmo.
Marcela me olhava com um sorrisinho contido no rosto, mas não disse nada.
Ao terminarmos o almoço, nos despedimos, já que cada uma voltaria aos seus respectivos trabalhos. Marcela é ginecologista e obstetra. Luiza trabalha com produção de teatro e cinema, e além disso, canta, sua voz é absurdamente potente e linda.
Eu, no entanto, fui para casa, dava aula apenas na parte da manhã.
Após quase uma hora conversando com minha mãe por ligação, resolvi preparar o material didático das aulas e o conteúdo daquela semana.
Às quatro e meia da tarde, troquei de roupa, colocando uma leve e por fim, fiz um rabo de cavalo. Peguei as chaves e sai de casa, peguei o elevador e desci até a garagem, caminhei até meu carro e entrei no mesmo, dando partida até a academia.
Fiz meus exercícios daquele dia, e quando terminei, fui para casa. Só queria tomar um banho, jantar e dormir.
{...}
Na manhã seguinte, cheguei no colégio faltando quinze minutos para começar o primeiro horário. Fiquei conversando com os outros professores, e o assunto era a minha condição, mas nenhum ali me tratou com desrespeito. Mas já esperaria falas preconceituosas de alguns alunos, o que eu já sabia lidar. Ao soar o sinal de início das aulas, peguei minhas coisas e caminhei pelo corredor em direção à sala do primeiro ano entre o vai e vem de alunos, alguns me olhavam curiosos.
- Bom dia professora Gizelly! desviei meu olhar em direção a voz já sabendo quem era.
Rafaella.
- Oi Rafaella, bom dia. respondi e ela apenas sorriu e continuou seu caminho.
Hoje eu não daria aula em sua turma, mas em compensação, teria dois horários seguidos na turma de Daniel Caon.
{...}
O três primeiros horários, foram dois em salas do primeiro ano, e um, em uma sala do segundo. E claro, quiseram saber sobre minha condição sexual, e a aula acabou virando uma explicação sobre intersexualidade, pareciam bem interessados em saber.
Estávamos na hora do intervalo, eu já tinha comido meu lanche e fiquei no parapeito observando os alunos no pátio no andar de baixo. Em um dado momento, me vi procurando por Rafaella, corri meus olhos e meu olhar parou na morena que conversava com outras meninas, que julguei ser suas amigas, pois só me lembrava da outra figura ao seu lado, Manoela.
Fiquei presa ali por alguns minutos, até que ela virou o rosto e me pegou lhe encarando, sorri de lado, um pouco sem jeito por sido pegada no flagra, ela retribuiu com um sorriso e deu um tchau.
Cabelos longos e castanhos, olhos verdes, um sotaque gostoso de ouvir e um sorriso lindo.
Gizelly por Deus, ela é só uma menina. E sua aluna.
- Está gostando de dar aulas aqui Gizelly? virei meu rosto vendo Jaqueline parando ao meu lado. Ela é professora de educação física.
- Estou sim, tem alguns alunos com o gênio difícil, mas sei lidar. respondi.
- Já saíram comentários que você é bem rígida mesmo.
- Tem que ser né? Pra ter respeito. respondi simples e ela sorriu.
- Deve ser muito cobiçada por ser uma mulher especial né? Não julgo, até eu mesma fiquei curiosa, deve ser atraente. ela disse com um sorriso malicioso nos lábios.
Franzi o cenho, desacredita daquilo.
O sinal tocou e eu agradeci aos céus. Me despedi saindo até direção para pegar minhas coisas e segui para a sala que passaria os dois últimos horários.
{...}
Já tinha uns dez minutos que eu já estava em sala de aula, quando Daniel Caon entrou como se fosse a última bolacha do pacote e se sentou na sua mesa.
- Posso saber onde o mocinho estava? perguntei.
- No banheiro professora. respondeu em desdém.
- Tem dez minutos que o sinal tocou Daniel.
- Foi mal.
- Não foi mal não, da próxima vez, você nem entra, já vai direto para a direção. falei firme.
Voltei a escrever a matéria no quadro e burburinhos começaram a soar pela sala, me virei e tinha uns três garotos rindo.
- Posso saber qual o motivo da conversa? perguntei e eles calaram na hora.
- Estamos só comentando sobre você ser metade mulher e metade homem professora. Daniel disse rindo e eu lhe encarei.
- Eu poderia muito bem explicar para você sobre, mas no momento, não estou com paciência nem de olhar para sua cara, então, faça o favor de se retirar da sala.
- Vai me obrigar? ele falou me enfrentando.
Simplesmente, fui até ele e o peguei pela camisa e o levei para fora de sala, os alunos o zoaram diante da cena. Sem o soltar, o levei até a direção.
- Você é maluca? ele perguntou irritado.
- A única coisa que quero dentro de sala de aula, é respeito, coisa que seus pais não te deram, não quero mais te ver hoje, está me ouvindo?
A diretora me olhava um pouco surpresa, sai e retornei para a sala de aula. Os alunos seguiram calados até o sinal tocar.
•••
Parece que já tem alguém de olho na menina Gizelly. 🙃
A professora substituta é o pesadelo do Caon. 😏
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Professora Substituta
Fiksi PenggemarDe um lado, Gizelly Bicalho Abreu, tem 23 anos, uma renovada professora de biologia. Uma mulher fria e fechada para qualquer tipo de relação amorosa. Motivo? Descobriu da pior forma possível que sua ex esposa Ivy gerava um bebê que ela acreditava se...