4 anos depois.
• pov. Gizelly •
Havia acabado de chegar da faculdade e fui direto tomar um banho. Ser professora de alunos do ensino médio e de universitários me deixava o triplo mais cansada, não era fácil lidar com jovens, mas, era a profissão que eu tinha escolhido pra minha vida, que, apesar de tirar minha paciência às vezes, eu amava.
Sempre gostei de biologia.
Assim que sai do banho, me sequei e me vesti, logo em seguida, peguei meu celular e liguei para Rafaella, uma, duas, três vezes e ela não atendeu.
Hoje era sexta e tínhamos combinado de sair juntas, já que ao decorrer de semana era mais difícil de acontecer. Rafaella tinha acabado de se formar, mas ainda não tinha começado com seu trabalho de fotografia de fato, antes, estava analisando seus planos antes de por em prática, ela tinha pedido demissão da agência publicitária e estava cumprindo o aviso prévio de um mês, para não perder seus direitos.
Liguei mais duas vezes pra ela, chamadas essas que não foram atendidas, pensei que já podia ter dormido, mas como ela não estava passando bem esses dias, e a preocupação me bateu.
Devido a rotina corrida que ela vinha tendo quando estava na faculdade, trabalho, cursos online, Rafaella ficava muito estressada, seu cansaço físico e mental eram visíveis e isso estava afetando seu organismo e alterando seus hormônios, causando uma alteração no seu ciclo menstrual. Bom, isso foi o que ela me disse quando foi em uma consulta com a Marcela, ela tinha feito exames também, mas estava tudo certo com seu corpo, porém, seu ciclo continuava irregular e ela vinha sentindo muita cólica essa semana, além dos enjôos.
Antes que eu pudesse apertar para chamar seu número novamente, meu celular tocou aparecendo o nome de Genilda na tela e eu atendi.
- Oi Genilda, você sabe da Rafa? Eu tô ligando pra ela, mas ela não me atende.
- Oi Gizelly, estou te ligando pra avisar que eu trouxe a Rafa para a clínica, o celular dela ficou em casa.
- Clínica? O que aconteceu?
- Ela estava com muita cólica, dor abdominal e teve um sangramento.
- Qual clínica estão?
- A que sua amiga trabalha, ela que está cuidando da Rafa.
- Estou indo, já chego, tchau.
- Tá bom, tchau.
Peguei as chaves do carro e minha carteira e sai de casa, peguei o elevador e desci até a garagem, segui até o meu carro e entrei no mesmo, dando partida para o hospital.
{...}
Assim que entrei na clínica, vi Genilda sentada em uma cadeira com as mãos nos rosto.
- Genilda. a chamei e ela ergueu o rosto e se levantou.
- Como ela está? perguntei.
- Não me deram notícias dela ainda, ela estava com muita dor e sangrando, a Marcela levou ela pra sala de emergência, eu tô muito preocupada Gizelly. Genilda disse completamente nervosa, sua mãos estavam trêmulas.
- Calma, vai ficar tudo bem com ela.
Permanecemos ali por umas duas horas, sem notícias de Rafaella, eu já estava a ponto de ter um ataque de nervos por preocupação, só queria saber como estava minha namorada e ninguém falava absolutamente nada.
Avistei Marcela e corri até ela, seu semblante era sério.
- Marcela pelo amor de Deus, me dê notícias da Rafaella. pedi um pouco alterada.
- Calma, vem cá, eu vou conversar com vocês duas.
Caminhamos até Genilda, que também estava aflita e preocupada.
- Bem, a Rafa estava se queixando muito de dor na região abdominal, e como o ciclo dela estava irregular e os enjôos que ela disse que estava tendo, eu desconfiei de uma gravidez, então eu pedi pra fazer um exame beta HCG o que confirmou níveis elevados de hormônio.
- A Rafa está grávida? perguntei sem disfarçar o sorriso e Marcela respirou fundo. - O que foi Marcela? Por que está com essa cara?
- Assim que conseguimos conter o sangramento, eu fiz um ultrassom transvaginal na Rafa e...
- E?
- A Rafa está grávida, mas é uma gravidez ectópica. ela disse e eu simplesmente deixei meu corpo cair na cadeira por já saber do que se tratava.
- O que é gravidez ectópica? minha sogra perguntou.
- É quando o embrião se desenvolve fora do útero, no caso da Rafa, é na trompa. Marcela explicou.
- E isso é grave?
- Como descobrimos a tempo do saco gestacional se romper, ela está fora de um risco maior, o ultrassom apontou para uma gestação de oito semanas, e o embrião não apresentou nenhuma atividade cardíaca, o sangramento forte foi o organismo tentando expulsar o embrião, o que não aconteceu de fato, então, vamos fazer o tratamento por meio de medicamento, por via injetável, que ajuda o corpo a absorver o tecido da gravidez, caso contrário, vamos ter que fazer a cirurgia para retirar o óvulo fertilizado e tentar preservar a tuba uterina.
Eu estava sentindo uma verdadeira ebulição de sentimentos, frustração, tristeza e angústia.
- Eu sinto muito, amiga. Marcela disse se abaixando na minha frente e segurou minhas mãos.
- Ela já sabe? perguntei.
- Sabe.
- Eu posso ver ela? pedi.
- Vamos fazer o procedimento primeiro e depois eu te chamo pra você ficar com ela tá?
- Tá bom, obrigada.
- Volto agora mesmo.
Marcela se levantou e antes de se retirar, a vi passar os braços nas costas de Genilda, a consolando.
{...}
Trinta minutos depois, nos liberaram para ver Rafaella, mas uma de cada vez, deixei Genilda ir primeiro, pois eu ficaria aqui com Rafa depois. Mais alguns minutos se passou e Genilda saiu do quarto.
- Como ela está? perguntei.
- Chorando muito, está em negação, tenta acalmar ela, por favor.
- Tá bom, vou conversar com ela.
- Eu vou lá no Renato que ele já me ligou várias vezes, e volto depois, qualquer coisa me liga.
- Vai tranquila, eu vou dormir aqui com ela, vai descansar também.
- Amanhã tudo vai estar melhor, se Deus quiser. ela disse e me abraçou, retribui.
- Vai sim.
Genilda foi embora e eu segui até o quarto, ao abrir a porta, meu coração doeu ao ver a carinha de choro de Rafaella.
- Meu amor. fui ao seu encontro e a abracei, ela começou a chorar de novo e eu segurei a vontade de chorar também, sentindo um nó na garganta.
- Me desculpa. sua voz saiu falha.
- Desculpa pelo o que meu amor? Você não tem culpa do que aconteceu. falei segurando seu rosto e limpando suas lágrimas. - Vai ficar tudo bem, hum? E por favor, não se culpe por nada.
Ela não disse nada, apenas assentiu com a cabeça, voltando a deitar o corpo na cama.
- Está sentindo dor ainda? perguntei.
- Não, só um incômodo, uma cólica fraca.
- Dorme pra você descansar.
- Você vai ficar aqui comigo?
- Não vou sair do seu lado, sempre vou está com você. afirmei e ela me deu um sorriso fraco. - Te amo. sussurrei e depositei um beijo em sua testa.
Permaneci ali fazendo um carinho em seus cabelos até ela se entregar ao sono, quando tive certeza que ela tinha dormido, me sentei na cadeira que tinha ali e fechei os olhos, me permitindo chorar.
•••
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Professora Substituta
FanfictionDe um lado, Gizelly Bicalho Abreu, tem 23 anos, uma renovada professora de biologia. Uma mulher fria e fechada para qualquer tipo de relação amorosa. Motivo? Descobriu da pior forma possível que sua ex esposa Ivy gerava um bebê que ela acreditava se...