• pov. Rafaella •
Permaneci aquela noite no hospital e recebi alta na manhã seguinte. Além dos arranhões pelo corpo, eu tinha um corte na coxa devido ao impacto da colisão. O médico disse que o cinto de segurança foi o que me salvou, mas não salvou meu filho.
Várias recomendações foram me passadas para a recuperação da curetagem, ficar mais quieta por uma semana e anti-inflamatórios para a dor.
Dor essa, apenas a do corpo.
Não era apenas meu ventre que estava vazio, meu coração também estava. Parece que minha alma tinha se rasgado.
À tarde, Gizelly recebeu a ligação que o homem que bateu em meu carro estava bêbado e após sair do hospital, foi preso.
Pelo menos isso.
{...}
Aquela semana que passou, foram os piores dias da minha vida. A dor do luto que eu estava vivendo, a perda daquele serzinho que poucas pessoas sabiam, mas que já era tudo pra mim. Era devastador.
E o que me doía ainda mais, era ver Gizelly calada, guardando a dor pra ela.
Gizelly se fazia de forte, mas eu sabia que ela estava sentindo tanto quanto eu, eu via a tristeza em seu olhar, mas ela não deixava se abalar na minha frente, ela queria me dar forças, mesmo que ela mesma, não tinha nem pra ela.
Era domingo e estávamos aqui deitada na sua cama, em completo silêncio.
- Ei, conversa comigo. chamei sua atenção.
- O que você quer conversar?
- Eu quero que você fale comigo, o que está sentindo.
- Está tudo bem, amor.
- Não tá, eu te conheço Gi, desabafa comigo, para de guardar as coisas só pra você.
- É que está doendo... ela disse baixinho e abaixou o rosto. - Mas uma de nós duas tem que ser forte e ser o amparo, o consolo, da outra e esse é meu papel.
- Não, você está aqui por mim e eu estou aqui por você, passamos a primeira perda juntas e vamos passar por essa juntas também.
- Eu sonhei tanto com nós três. ela murmurou e se entregou ao choro.
A abracei e permanecemos ali, chorando juntas, querendo expulsar aquela dor de alguma forma.
Por mais que eu sabia que não ia passar.
{...}
Gizelly e eu remarcamos a data do nosso casamento. Não estávamos em clima de festa, claro, queríamos nos casar, mas optamos por deixar esse momento especial um pouco mais pra frente.
Eu voltei a trabalhar e fazer o que eu mais gostava, me ajudava a não ficar pensando muito na minha perda.
Após dez dias, eu fui a uma consulta com Marcela e fiz um exame e um ultrassom. Marcela, como sempre, foi muito atenciosa comigo e Gizelly, disse para não desistirmos, que tudo ia dar certo.
Os meses seguintes, Gizelly e eu, dividíamos e compartilhávamos a nossa dor, foi e estava sendo um processo difícil e doloroso, mas era era essencial para o nosso processo de cura.
E assim a gente íamos seguindo naquela montanha russa de sentimentos.
Tem dias que me sentia bem, mas às vezes, as lembranças vinham com força total, me deixando com aquela confusão e tentativa de fugir da realidade. Nossa vida era um ciclo de superações e recomeços, e eu queria seguir em frente junto de Gizelly.
{...}
- Eu nem queria contar ainda, por causa do momento difícil que passaram, mas, já estou começando os quatro meses, já já vocês iam perceber. Manu falou.
- Já está dando pra perceber amiga. Bia disse.
- Não se preocupe amiga, está tudo bem, estou muito feliz por vocês dois, de verdade.
- Obrigado! Jullio agradeceu.
- Eu tenho certeza que o bebê arco-íris de vocês duas vai chegar logo. foi a vez de Mari falar.
- Ai amiga, eu nem sei se quero mais tentar sabe?
- Não fala assim Rafa, vão desistir assim tão fácil do sonho de serem mães? Mari questionou.
- Já somos mães, de dois anjinhos. Gizelly respondeu cabisbaixa e senti meu coração se apertar.
- Eu não quis dizer isso, claro, já são mães sim, e os dois anjinhos que vão mandar o irmãozinho pra vocês.
- Não sei explicar direito, mas eu não quero tentar, eu não sei se aguento outra perda. desabafei sentindo as lágrimas molharem meu rosto.
- Oh meu Deus! Bianca veio até mim e me abraçou. - Acalme o coração, que o que precisa dar certo, vai dar certo, e dá tempo de tudo, principalmente de ser feliz, hum? assenti.
- E está tudo bem, essa vontade delas precisa ser respeitada. Manu disse.
- E saiba que estaremos aqui pra tudo que precisarem, sempre. Mari disse.
- Obrigada meninas! Gizelly agradeceu.
- E os nomes já escolheram?
- Sim, se for menina Júlia e se for menino, Mateus.
- Lindos e eu acho que é o Mateus. Bia disse.
- Eu acho que é a Júlia. Mari falou.
- Independente de quem seja, só sei que eu irei fazer o acompanhamento mensal desse neném, todos os mesversarios.
- Claro, nossa melhor fotógrafa. Jullio disse.
Ficamos ali conversando sobre outras coisas aleatórias, até o cair da noite.
•••
To be continued...
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Professora Substituta
FanficDe um lado, Gizelly Bicalho Abreu, tem 23 anos, uma renovada professora de biologia. Uma mulher fria e fechada para qualquer tipo de relação amorosa. Motivo? Descobriu da pior forma possível que sua ex esposa Ivy gerava um bebê que ela acreditava se...