• pov. Narrador •
O mês seguinte se passou, Rafaella e Gizelly estavam em rotina um tanto corrida. O trabalho, o casamento, a gravidez e a obra da casa.
Rafaella já com suas onze semanas de gestação, retornou a consulta com Marcela, seus exames estavam ótimos, fez o ultrassom de translucência nucal tirando quaisquer riscos para o bebê, que, agora já estava um pouco maior e visível. A fotógrafa ainda sentia os enjôos, embora, agora com menos frequência. Apesar da correria, o casal estava muito feliz, estava tudo se encaminhando e dando certo, a casa quase pronta, faltando poucos detalhes a serem feitos, e em um mês, iam dizer o sim uma a outra, concretizando a união delas, enquanto caminhavam para realizar o sonho de ser mães, o filho que estava sendo gerado e crescendo no ventre de Rafaella.
{...}
Era noite de quarta-feira, Rafaella dirigia seu carro a caminho de casa, queria ter saído do estúdio mais cedo, porém, não saiu como planejou e o atraso, a fez pegar uma chuva muito forte. A fotógrafa estava parada no sinal e assim que ficou verde, ela seguiu adiante, e antes mesmo de conseguir desviar, ela viu um carro completamente em alta velocidade invadindo o sinal vermelho e colidiu contra o seu.
Na faculdade, Gizelly estava dando sua primeira aula e teve um pressentimento nada bom. Sentiu uma pontada no peito e se escorou na mesa fechando os olhos.
Seus pensamentos foram tomados por Rafaella.
- Professora, está sentindo algo? uma aluna perguntou.
- Foi só um mal estar. respondeu.
Gizelly tomou um pouco de água de sua garrafa e tentou voltar a focar na aula, mas pressentimento ruim, não passava.
{...}
Rafaella havia dado entrada no hospital completamente desacordada, arranhões por várias parte do corpo, e sangrava muito.
Genilda e Renato estavam ali sentados na sala de espera e inconsoláveis sem notícia alguma de Rafaella. A mais velha já tinha ligado para Gizelly, que ao ver as ligações perdidas, retornou para a sogra e ao saber do acontecido, saiu desesperada para o hospital.
- Gizelly! Genilda pronunciou ao ver a professora adentrar o hospital.
- Como a Rafa está? Meu filho? Gizelly perguntou preocupada e nervosa.
- Não sabemos de nada ainda. Renato disse.
Gizelly passou as mãos pelo rosto e cabelos sentindo um nó na garganta. Se sentou e começou a rezar baixinho por sua mulher e seu filho.
{...}
- Parentes da paciente Rafaella Kalimann Freitas.
O médico disse e os três se levantaram rapidamente.
- Doutor pelo amor de Deus, fala que ela está bem, meu filho... Gizelly pediu.
- A paciente chegou aqui com um sangramento intenso, infelizmente ela perdeu o bebê, eu sinto muito.
- Não, não, não... isso só pode ser um pesadelo. Gizelly dizia chorando e Genilda a abraçou.
- Ela teve um aborto retido, precisamos fazer o processo da curetagem para tirar os restos de tecidos e como ela está dormindo, preciso que você assine um termo autorizando. o médico disse direcionado a Gizelly.
- Deixa que eu assino, sou irmã dela. Renato se pronunciou vendo que a cunhada não estava em condições de assinar nada naquele momento.
- Tudo bem, eu vou avisar para a Gabriela e agora mesmo ela trás pra você, assim que terminarmos o procedimento, venho avisar.
- Ok doutor, obrigado.
O médico se retirou.
- Como eu vou contar pra ela Genilda? Outra perda, por que? Gizelly chorava descontrolada.
- Calma...
{...}
Horas mais tarde...
O médico após finalizar o procedimento, foi avisar aos familiares de Rafaella. Gizelly insistiu para que a deixasse entrar e ver a noiva, e o médico cedeu.
Ao entrar no quarto, Gizelly encontrou sua mulher ainda sedada pela anestesia, ligada no soro. Se aproximou dela e acariciou seu rosto pálido, que tinha alguns arranhões que se estendiam pelos dois braços.
- Você não faz ideia de como me dói vê-la assim. e o choro veio com tudo.
Gizelly não sabia como contaria para Rafaella que pela segunda vez, haviam perdido o filho delas. Aquele bebê era o sonho delas, depois da primeira perda. Era doloroso demais.
A professora depositou um beijo em sua testa e se sentou na cadeira e permaneceu ali do seu lado, sussurrando e tentando convencer a si mesma, que tudo ficaria bem.
{...}
Rafaella acordou sentindo suas vistas um poucos embaçadas, piscou algumas vezes até conseguir olhar pra claridade. Seu corpo doía tanto que parecia ter sido atropelada por um caminhão, sentia cólicas e uma dor de cabeça.
Se moveu um pouco e Gizelly levantou a cabeça no mesmo segundo.
- Oi meu amor. falou dando um sorriso fraco.
- Gi... Rafa murmurou ainda sentindo a cabeça tonta. - O que aconteceu? perguntou.
Gizelly respirou fundo e se levantou, permanecendo ao lado da noiva, segurou sua mão e antes de começar a falar, sentiu um bolo na garganta.
- Rafa... você sofreu um acidente. ela disse.
Rafaella fechou os olhos se esforçando pra se lembrar, vários flashs se passavam na sua cabeça, até se lembrar do carro vindo em direção contra o seu.
Imediatamente levou as mãos a barriga.
- Nosso filho está bem né? perguntou e ao ver Gizelly começar a chorar e negar com a cabeça, ela se desesperou. - Gi, por favor...
- Eu sinto muito meu amor. Gizelly falou e Rafaella se entregou ao choro junto dela.
Ela se negava a acreditar que estava acontecendo tudo de novo, sentia uma dor imensurável, parecia que tudo tinha acabado naquele momento.
Seu sonho. Seu filho. Um pedaço seu.
•••
Me encontro destruída. 😔💔
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Professora Substituta
Hayran KurguDe um lado, Gizelly Bicalho Abreu, tem 23 anos, uma renovada professora de biologia. Uma mulher fria e fechada para qualquer tipo de relação amorosa. Motivo? Descobriu da pior forma possível que sua ex esposa Ivy gerava um bebê que ela acreditava se...