⁴⁴

582 67 15
                                    

Encaro o local onde estava o corpo de meu pai, enquanto minha cabeça descansava no peito de Sadie. O choro já tinha cessado, mas ainda sim soluços eram ouvidos.

— eu não deveria ter falado tanta merda para você.. — sussurro, sentindo seus dedos acariciando meu cabelo. — desculpa.

— não pense nisso agora. Você estava de cabeça quente, e teve todos os motivos para falar aquelas coisas — falou, e logo deixou um beijo no topo da minha cabeça.

— ei, eu sinto muito pelo o que aconteceu — virei meu rosto para o outro lado, vendo Addison parada com as mãos no bolso.

Os dedos de Sadie apertaram minha pele com um pouco de força, como se Addison fosse me roubar a qualquer momento.

Não respondi nada, apenas forcei um pequeno sorriso.

— eu preciso sair daqui — murmurei, me soltando dos braços de Sadie.

Andei em passos ágeis por meio daquela muvuca, virei meu rosto para o outro lado quando vi o corpo sobre a maca.

Eu deveria ficar, ficar ao lado da minha irmã que está aos prantos chorando no colo de seu noivo. Minha mãe já não precisaria de companhia, seus olhos não derramavam sequer uma lágrima.

Suspirei fundo e sai pelos portões daquela mansão. Tirei os saltos e os peguei na mão, estava me incomodando, e andar sem rumo com salto alto não era uma boa opção.

Em meio a eufória dentro da minha cabeça. O par de olhos castanhos não saiam da minha mente. O homem que deu o tiro, tinha uma vazio imenso em seus olhos castanhos.

Não sei por quanto tempo andei. O céu dominado por nuvens escuras se iluminava de vez em quando. Com certeza cairá uma chuva pesada a qualquer momento.

Andei mais um pouco até chegar em uma pequena praça, que continha alguns brinquedos e bancos.

Me sentei em um dos bancos e passei as mãos no cabelo, o jogando para trás. Penso em minha maquiagem. Com certeza está toda borrada, mas não estou com cabeça para ajeita-la.

Senti pingos de água caírem sobre mim,  e me envolvo em meus próprios braços. O vento gelado assopra e logo a chuva forte começa a cair.

Não me movo, não tem pra onde ir e nem quero sair daqui. Sinto meus olhos lacrimejar e lágrimas quentes logo se misturam com a água da chuva.

Ouço barulho de pneu se arrastando contra o chão molhado, e ergo o rosto. Assim que meus olhos batem no carro branco com os faróis ligados, já tenho idéia de quem seja.

𝑷𝑶𝑹 𝑻𝑹𝑨𝑺 𝑫𝑨𝑺 𝑺𝑶𝑴𝑩𝑹𝑨𝑺 | Sadie SinkOnde histórias criam vida. Descubra agora