Capítulo 07

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Ariella

   Quando eu fiz três anos, estava chovendo, estava chovendo muito, eu dormia sozinha no último quarto do corredor. Eu sempre tive medo de trovões. Estava chovendo tanto que meu choro era inaudível. Eu era pequena, fazia exatamente um ano que minha mãe tinha me deixando na casa Torrance. A Natália até me tratava como um ser vivo, ela gosta de me exibir para todos como se eu fosse sua filha porque eu era a cara do meu pai. Como o Damon.
      Mas ela as vezes explodia e gritava comigo, no dia da tempestade em específico, cinco horas antes de dormir ela arranhou minhas bochechas tão forte que sangrou como se fosse unhas de gato. Ela disse que eu era perigosa. Seria uma adulta perigosa.

     Então quando eu comecei a chorar as lágrimas aumentaram porque minhas bochechas ardiam. Eu não sabia o que era dor, então estava apavorada e não entendia porque minha mãe deixou ali. Ela dizia que me amava mas me deixou com ele.
   Eu nem me lembro do rosto dela. Nem da voz e as migalhas de lembranças que tenho dela são as mãos dela no meu cabelo. O cabelo que eu aprendi a odiar.

    Eu me lembro como se fosse esse momento, eu fiquei na ponta dos pés com minha manta e olhei para janela e implorei para as estrelas chorando para que parasse. Porque eu estava apavorada. Acho que que o quarto do Damon era só lado do meu. Não, ele sempre dormiu no quarto da torre leste e eu na oeste.  Então eu não sei como ele fez para me ver. Mas ele abriu meu quarto e estava bravo. Ele geralmente estava com a cara fechada, mas quando Natália ficava brava comigo ele pegava na minha mão e me tirava do cômodo.

    Nesse dia em questão, minhas bochechas ardiam tanto que eu não sabia mais formular palavras, ele parou em frente a mim, e se agachou. Pegou minha manta e jogou na minha cabeça. Ele me pegou no colo e me levou para o quarto dele.

   Ele não disse nada, ele nunca me disse nada. Ele nunca falou comigo até a primeira surra. Não, ele nunca falou comigo até me empurrar da casa na árvore.

     É uma imagem que esta gravada na minha cabeça, ele me odiava, e eu tinha causado isso. Não sabia quanto ou como, mas eu tinha feito.

     Minhas memórias com meu irmão são eternas, não porque são boas. Porque é cravado em mim. Quando ele me bateu pela primeira vez, ele me jogou contra parede e arrancou tufos do meu cabelo, e me chutou. Eu tinha seis anos. Ele me jogou no porão e a governanta me achou depois de três dias. Aprendi que não deveria nunca mais estar na mesma coisa que ele. Então como ele era o filho de verdade do Gabriel, ele sempre ia e eu ficava, trancada muitas vezes. Quantas vezes eu já desisti de algo que eu queria muito porque ele fez de provocação para que eu não fosse. Ele me jogou na piscina e me segurou lá embaixo.
      Então ele me traumatizou, me trancou, me deixou presa, molhada e fedendo depois de alguns anos eu descobri que era mijo,  eu me senti tão suja, então meu pai me deu de presente de aniversário para o Trevor e ele me estuprou. Não gosto de toques. Não gosto de gente, odeio homens por causa deles. E me sinto repugnante por causa deles

Então quando eu olho para esse cara, tudo que eu tento esquecer se materializa na minha frente.

— Acabou de me dizer....que empatei sua foda?

— Sim. — Ele me lembra o Will, um pouco do Kai também. Me deixa apavorada.

— Problema é seu. — Digo me afastando dele.

     Passo por ele e ele agarra meu braço e sinto ânsia, a bile sobe e eu realmente vômito. Droga, ele me solta e eu caí de joelhos, odeio que me corpo me odeie e repele qualquer ser humano que não seja as surras do meu irmão e do meu pai.

it's mineOnde histórias criam vida. Descubra agora