Capítulo Dezessete

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- Você não cansa de inventar as coisas né?

- Eu precisava vir aqui e você era a única que eu podia contar! - Falei assim que paramos de frente à enorme mansão construída da forma mais antiga possível.

- Por quê não chamou o Akemi? - Elis questionou olhando também a mansão antiga.

Estava toda aos farrapos, queimada em tudo quanto era lugar e aquele lugar era o lugar que eu mais odiava em todo o meu ser.

- Akemi está em uma missão junto de Nobara, Megumi e Itadori. - Respondi e desfiz a barreira criando um portal para que pudessemos entrar.

- E a gente tá fazendo o quê aqui? - Perguntou novamente.

- Uma missão. - Respondi e sorri.

- Se tiver alguma maldição aqui, Naomi... eu irei matar você.

- Gostaria de te ver tentando. - Sorri presunçosa mas logo desfiz observando todo o local. - É difícil ter uma maldição aqui, este lugar estava protegido pelos meus poderes desde o dia em que houve aquele massacre, ninguém poderia entrar aqui à não ser eu ou alguém que eu permitisse entrar.

  Ela me xingou e eu ri. Ter que retornar à casa do antigo clã Nakamura era algo de arrepiar os cabelos e também era visão triste e deprimente mas que para mim estava sendo uma coisa tediosa.
Precisava vir aqui porque ultimamente estava vendo casos que em algum canto de minha mente que preferiu guardar as memórias em um sótão velho, cheio de fuligens e teias de aranhas, estavam sendo muito parecidos quando alguém muito próximo à mim estava vivo.

Meu irmão.

Todos esses casos envolviam algum meio de chamas, sempre tinha chamas em algum lugar específico e é claro que isso não passou batido por mim que fui em algum desses lugares para averiguar isso. As ordens e a força das chamas que senti naqueles lugares eram muito semelhantes à dele, se não idênticas.
Para um Nakamura que tem técnica envolvendo o fogo é muito fácil reconhecer seu famíliar tanto pela energia que ele emana, tanto pela força das chamas ao jeito que a maneja. Sempre serão diversos rastros que fará reconhecer, o único jeito de não reconhecer é quando já se passaram muito tempo e a energia amaldiçoada enfraquece mas aquelas estavam nítidas e fortes.

De todo eu havia chamado Elis apenas para estar comigo e apenas isso, não era nada em específico.

- Como está você e o Nanami?

  Perguntei depois de andarmos por toda aquela mansão, na verdade, eu andava procurando qualquer coisa e a Elis apenas me acompanhava apenas voando no porquê ainda estarmos ali, já que eu não havia mandado ela fazer alguma coisa em específico.

- Estamos indo bem. Finalmente temos um relacionamento.

- Isso é ótimo! Depois de tantos anos. - Toquei no ombro dela em um gesto orgulhoso. - Como ele reagiu ao Yuki?

- No início ele ficou bastante acuado e sem saber o que fazer mas agora o Yuki quase não desgruda dele quando ele vai lá em casa.

Ri com seu comentário tentando imaginar o Nanami ao lado de um garoto de apenas cinco anos.
 
Caminhamos por um dos pátios principais daquela mansão toda e em determinado momento parei ao reconhecer uma das últimas coisas que restou de Yuma, seu sapato.
Me abaixei tocando pegando o sapato em minhas mãos olhando-o minuciosamente, não deixando nada de lado.

- Era dele? - Elis questionou.

- A última coisa que restou. - Respondi ainda mantendo minha atenção à sandália. Elis não falou nada e apenas ficou calada, sentia seu olhar em minhas costas. - O quê foi?

- Você os odiava tanto assim para não chorar por nenhum deles?

  Sua pergunta me pegou desprevenida, não esperava por aquilo.
De fato, eu não chorei com as mortes de cada um do nosso clã, a verdade era que eu não senti nada. Apenas senti pela morte de meu irmão mas mesmo assim, não cheguei à derramar nenhuma lágrima enguanto que quando contei o ocorrido para Elis, ela desmoronou.

- Eles não mereciam as minhas lágrimas. - Respondi voltando à ficar de pé e caminhar pelos pedaços de madeira no chão.

- Nem mesmo seu próprio irmão gêmeo?

- Yuma não iria querer que eu chorasse por ele...

Olhei para qualquer canto mas não olhei para o rosto de Elis. Citar o nome de Yuma era algo que eu ainda não havia superado tão bem.

- O quê de fato aconteceu Naomi? - Fechei meus olhos com força. - O quê houve com a barreira que você mesma ergueu?

- Eu já te falei. - Minha voz era dura. - Foi um descuido meu... me descontrolei e acabei baixando a barreira e quando percebi que havia feito isso já era tarde demais.

Olhei na direção do rosto de Elis notando como seu rosto estava triste. Mesmo com minhas palavras, ela não parecia acreditar em nenhuma delas.

- Você não acredita né? - Perguntei receosa pela sua resposta, ela apenas baixou a cabeça.

- É só que... eu não entendo... eu não consigo entender.

  Fiquei parada em meu lugar apenas observando seu rosto. Eu não sabia mais o quê dizer.

- Eu não deveria ter te trazido aqui... - Murmurei.

- Não... desculpa, eu não queria...

- Não tem problema, Elis. - Virei as costas para ela. - Eu sei que muita coisa eu escondo de vocês mas acredite em mim... nesse quesito, eu nunca mentiria.

Eu virei meu rosto para encará-la e deixar bem claro que tudo que havia dito à ela sobre o que aconteceu com nossa família era a mais pura verdade e não queria que ela achasse que eu estivesse mentindo sobre isso.
Elis suspirou e caminhou até mim tocando em meu ombro.

- Eu acredito em você. - Ela sorriu e eu retribui.

Senti meu celular vibrar em meu bolso e o peguei vendo o nome na tela que se tratava de Ijichi, olhei na direção de Elis que me olhou um pouco preocupada, imediatamente atendi.

- O quê houve?

" Eu sei que a senhora deve estar ocupada, talvez muito ocupada e eu não queria atrapalhar sabe... "

-

Desembucha. - O interrompi. Houve um silêncio do outro lado da linha e eu estranhei. - Ijichi?

" Os alunos estão com problemas muito sério. Megumi me trouxe a Nobara e estou levando para um hospital mas Megumi, Akemi e o Itadori... "

Desliguei a chamada entendo logo o que ele queria dizer. Elis me encarou esperando eu falar, olhei para ela.

- Temos outra missão.



Power { Satoru Gojo }Onde histórias criam vida. Descubra agora