𝟎𝟐𝟗 . Pedra

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Levantamos e vamos a procura do nosso grupo e guia.
E nada.
Passamos, imagino que, mais de meia hora caminhando e absolutamente nada.

- Minseo, nos perdemos.

- Claro que não.

- Assuma logo.

- Não nos perdemos.

- Você é escoteira, não GPS. - eu paro. - Está tudo bem errar às vezes.

- Mas errar no meio da mata, é sacanagem.

- Tá tudo bem, eu tô contigo.

- Ah sim, e agora estou mais segura com um frango do meu lado. - ironizo.

Estava anoitecendo e nossas energias indo de água abaixo.

- Você trouxe seu celular? - trabalhe inteligente, não duro.

- Eu deixei na mochila do banheiro. - mas ele não ajudava.

- Quem que não fica com o celular o tempo todo hoje em dia?!

- E você?

- Não trouxe também. - digo rindo, havia sido hipócrita.

- Então! - ele diz. - Chega, cansei de caminhar. - ele se senta na grande pedra do lado das tangerinas.

Sim, andamos em círculos e conseguimos voltar pro mesmo lugar.

- Vamos ficar aqui até amanhã, então? - me sento de seu lado.

- É, ué. - ele deita as costas para trás para olhar o céu.

- Não reclamaria. Teria que dormir no mesmo quarto de Yoo Jiyeon. - deito junto.

- E eu de Song Hyungsik.

- Mas você tem os garotos.

- Mas tem Song Hyungsik.

- Eu ficaria num quarto que tem vocês e Song Hyungsik. Ele seria irrelevante.

- Você não tem medo?

- De?

- Ele fazer algo.

- Eu vou sentir, e vocês estariam lá.

- Corajosa.

- Você também é.

- Não sou.

- Você tá deitado numa pedra em uma mata a noite, com uma menina que você conheceu pegando o número errado com seu amigo. Você é corajoso.

- Ah mas, essa menina que eu conheci pegando o número errado com meu amigo é uma boa companhia, até.

- Até?

- É, ela tenta. - ele me olha rindo irônico.

- Ela tenta mesmo. - nos olhamos fixamente. - O céu tá lindo. - eu olho para cima.

Já estava a noite, diria umas oito da noite. Estava com muitas estrelas, e eu sentia que o céu preparou isso especialmente para nós.

- Sim, a lua está linda. - ele me olha de volta, seriamente.

- Concordo.

- Minseo... - ele me chama.

- Hm? - eu havia fechado meus olhos.

- Você sente falta de casa?

A pergunta soou irreal.

Levanto da pedra, ficando sentada e olhando para ele com cara de espanto.

- Eu?

- Sim, você. - ele levanta a coluna, sentando do meu lado.

Não sabia o que responder. Só sabia que não queria mentir para ele, mas muito menos parecer fraca.

- Eu sinto. - resolvo assumir.

- Porque? - o que eu responderia.

- Por que.. sim.

- Isso não é resposta.

- Por que eu sinto falta de me sentir em casa. - penso. - Na verdade, eu nunca me senti em casa, nem mesmo na minha casa.

- Você já se sentiu em casa por pelo menos em alguns segundos?

- Óbvio que sim... - ele, o garoto que estava falando comigo naquele minuto. Ele já me fez sentir em casa. - Hyungsik já me fez sentir.

- Hyungsik?

- Eu achava que aquilo era me sentir em casa. Eu achava que amar alguém era simplesmente aceitar tudo o que a pessoa faz, ou sentir aquele medo ou frio na barriga.

- Mas frio na barriga é normal. - ele diz.

- É normal, mas não frios na barriga que me indicam ansiedade.

- Ah sim.. O que ele fazia de ruim na relação? - lá vamos nós de novo.

- Ele foi tóxico comigo. Em um certo nível até abusivo.

- Eu duvido, ele é capaz.

- E foi. Já foi idiota por terminar comigo na formatura da Hyesok.

- O que aconteceu aí para ele terminar com você?

- Discutimos porque um garoto me ajudou a recolher o que havia caído da minha mesa, e eu agradeci.

- Tá falando sério?

- A mais pura verdade. Que eu morra agora se estiver mentindo.

- Ele queria que você fizesse o que?

- Não sei, realmente não sei. - penso um pouquinho. - Me recordo dele me perguntar "qual era meu problema".

- Qual era o problema dele?

- Ciúmes extremo, eu imagino.

- E porque? - ele me pergunta.

- Porque o que?

- Você me disse um dia que queria encolher e morrer. Era por isso?

- Eu disse?

- Foi no dia que você bebeu na casa do Minho hyung.

- Ah... Não, não foi por causa de Hyungsik.

- Porque então? - eu desvio o olhar. - Está tudo se não quiser contar, você não tem obrigação de se sentir bem ao falar disso.

- Hyunjin. - ele me olha. - Até dos assuntos mais desconfortáveis, eu me sinto bem em falar com você.

- Fico feliz, porque me sinto igual. - ele me olha. - Desde aquele dia, eu venho me preocupando mais.

𝗗𝗔𝗬𝗟𝗜𝗚𝗛𝗧, h. hyunjinOnde histórias criam vida. Descubra agora