Capitulo 5 - Ethan Matozzo

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— Alô Ethan? — uma voz feminina sonolenta do outro lado da linha

—Por favor Joan, você fez o que te pedi?— tentei manter a calma

—Ethan são... 4:30 da manhã!

—Obrigado por me informar as horas como se eu não soubesse! Eu quero aqueles papéis prontos na minha mesa assim que eu chegar

—Tudo bem Ethan — ela boceja — Posso voltar a dormir?

—Não! Hoje eu estarei na empresa eu quero tudo com perfeição —ouvi um palavrão do outro lado da linha e decidi ignorar senão seria a oitava secretária só esse ano e ainda estamos em fevereiro

—Eu sou só uma substituta, você sabe disso, não sabe? Uma substituta das outras que fugiram de você!

—Sei, por isso não confio em você, faz seu trabalho de qualquer jeito e eu que farei essa entrevista, quero me ver livre de você.

—Tudo bem Ethan, vai se ferrar! Eu to fazendo a droga de um favor pra você, ninguém te aguenta, te vejo na empresa no horário normal, às 8 horas, adeus maninho

Joan desligou o telefone na minha cara e eu respirei fundo.

 Senti uma dor aguda percorrer toda minha perna direita, como uma fisgada que tomava conta da mesma eu fechei os olhos com força e respirei fundo tentando ignorá-la cravei uma das mãos na outra perna a apertando tentando fazer com que a dor diminuísse, ela sempre durava por um tempo uns 10 minutos eu só tinha que suportá-la.

—Droga de dor!

Essa noite tinha sido uma das piores, quanto mais eu ficava nervoso a dor aumentava. Me estiquei e me apoiei na mesa em minha frente projetando todo meu peso nela, manquei devagar até a escrivaninha ao lado da cama e joguei dois remédios na boca de uma só vez, foi quando a dor começou a aliviar e então eu percebi que estava suando.

Depois do acidente fiquei com algumas sequelas, fiquei com uma enorme cicatriz na perna direita e ela não se esticava por completo. Na verdade, eu me apoiar com ela já era um lucro depois das 7 cirurgias que fiz, os estúpidos dos médicos não entendiam o porquê dela não funcionar direito, diziam que fisicamente estava tudo certo, como se eu fosse maluco!

Fiz minha higiene matinal, coloquei minhas lentes e vesti meu terno, passei gel nos meus cabelos colocando ele para trás. Peguei minha moto na garagem, e saí, minha irmã odiava que eu andasse assim, quem diria a droga de um manco de moto, seria engraçado se não fosse trágico, parece até o começo de uma piada, sabe de quantos mancos precisa pra pilotar uma moto? 

  Joan me tratava como a droga de um inválido de bosta, mas ela não entendia, depois que voltei a andar, eu queria viver. Depois de 3 longos anos sem poder andar, eu tinha que realizar um sonho e eu sempre sonhei em pilotar, me sentia livre da dor da minha perna e do meu passado que me corroía.

Peguei o elevador e o prédio estava começando a ganhar vida. A e-tech foi fundada por mim, eu sozinho enquanto fazia fisioterapia e tentava não sucumbir ao ódio daqueles estúpidos que me ... minha empresa me salvou, mesmo sabendo que todo mês de fevereiro eu ficava assim relembrando a droga do meu passado de merda, e minhas dores só faziam aumentar.

—Aqui maninho — Joan tacou uma pilha de papéis na minha mesa

—Não sou seu irmão aqui na empresa

—Vê se me erra Theo —eu a encarei e ela imediatamente revirou os olhos — Ethan...

—Melhor assim

—Você é maluco

—Se sou maluco ou não o problema é meu, então não venha me encher o saco, vai tirar o dia de folga com a Hanna sua amiguinha fútil.

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