"Senhorita Castro, gostaríamos de informar que o processo número 287963124RJ foi encerrado pelo requerente"
Eu parei encarando o celular no meio da rua, Mari segurava minha mão e as lágrimas rolaram no mesmo instante e meu peito foi se aliviando aos poucos, eu solucei, meu corpo inteiro foi tomado por vários espasmos junto com um sorriso enorme que não saia do meu rosto
—Mãe, o que houve? — Mari arregalou os olhos e eu abaixei na sua frente e a abracei forte sentindo seu corpo contra o meu o seu cheirinho de shampoo de lavanda, ela era minha filha novamente, só minha.
—Não é nada filha, sua mãe é uma boba, eu te amo.
—Eu também mãe não chora — ela me encarou e passou a mão em meu rosto
—Meu Deus Mari, eu tive tanto medo de te perder
As palavras foram levadas pelo vento, algumas pessoas nos olhavam, outras apenas passavam pela gente. Eu não me importava, eu não ia perder minha filha, eu queria gritar de felicidade, encarei cada pedacinho dela, da minha menina linda.
—Você nunca vai me perder mãe, para com isso.
Eu sequei minhas lágrimas e meu sorriso estava colado ao meu rosto
—Me desculpa— sorri — é só que eu...
—Tá tudo bem mãe, vamos ver meu pai agora. — ela apertou minha mão e voltou ao meu lado. Eu relaxei. E pela primeira vez puxei todo o ar em pleno pulmões e hoje meu peito não estava pesado, ele não doía mais e eu estava livre, e em paz. Eu não sentia mais medo de Jonathan, eu não sentia mais suas mãos em meu corpo, eu me sentia mais forte. E alguma coisa me dizia que Theo tinha alguma coisa a ver com isso.
—Filha
—Oi?
—Você se importa se ficar na casa dos seus avós?
—Não mãe, eu to com saudade da vovó.
—Tudo bem, a mãe precisa fazer uma coisa, eu vou ligar pra eles e você vai passar esse final de semana lá tudo bem?
Ela assentiu e sorriu
****
Depois que deixei Mari na casa dos avós, eu corri pra casa, não dava mais tempo de ir pra empresa. Theo provavelmente estaria em casa, meu coração estava acelerado, eu precisava saber se ele teve algo a ver com isso.
Abri a porta a escancarando e nem mesmo a fechei, corri até o quarto dele
—Theo — gritei e minha voz ecoou pela casa — encarei as portas do armário abertas sem nenhuma de suas roupas, franzi o cenho e mordi meus lábios.
Não. Ele não fez isso.
Voltei até a sala e rodei olhando cada cômodo, corri até o jardim de girassóis, e Theo também não estava lá.
Ele foi embora? Por que?
Meu olhos arderam de frustração, ele não podia ter ido embora sem falar nada. Assim, do nada, que droga era essa? O que aconteceu? Fui até a sala e tranquei a porta. Agora meu corpo parecia ter um peso, fui me arrastando até meu quarto e me joguei na cama, abraçando meu travesseiro que por algum motivo tinha o cheiro dele.
—MERDA DE VIDA! —Soquei o mesmo e olhei para o lado tinha uma caixinha azul aberta com duas cartas embaixo dela.
Peguei a caixinha em minhas mãos e deslizei meus dedos na mesma, a textura era macia, meus olhos bateram dentro da mesma em um anel de diamantes que juntos formavam uma flor. Eu odiava jóias, mas... aquela era linda, deixei um sorriso tristonho escapar junto com um suspiro cansado.
Peguei a primeira carta e abri, era um documento. A casa em que morávamos estava em nome da... Mari? Arregalei os olhos e primeiro fiquei com raiva, muita raiva, eu não precisava dessa droga. Eu podia muito bem dar um jeito, olhei a data do documento e tinha sido bem antes dele descobrir que eu estava grávida.
Quando abri a segunda carta a minha pulseira caiu no chão me fazendo suspirar, a peguei e encarei por um tempo, tinha um novo pingente, um sinal de infinito
"Oi pequena, meu amor, minha vida. Antes que fique com raiva de mim, porque eu sei que vai ficar — eu sorri — eu fiz o documento antes de saber que estava grávida, eu amo você desde sempre. E a Mari, eu amei desde a primeira vez que vi seus olhos azuis assustados. Eu sei que é uma mulher trabalhadora e tem perfeitamente condições de cuidar dela sozinha e do nosso filho, mas quero dizer que você não precisa, e eu fiz esse documento com medo, medo de que um dia o pai da Mari fizesse algo contra vocês, eu não sei, assim vocês duas nunca mais precisariam depender de ninguém, não fica com raiva, por favor.
Eu infelizmente não estou porque, hoje o cara que eu mais odeio me fez ver algo, a verdade é que eu percebi que talvez eu estivesse forçando a barra demais ficando perto de você. Eu achei que estivesse lutando por você, mas eu estava apenas forçando uma situação assim como você sentiu como seu ex, e eu realmente não queria ser como ele, eu queria ser superior e amável e respeitador. Mas tá difícil pra caramba!
Pra você entender, Jonathan foi hoje te ver, brigamos e eu falei algumas coisas pra ele que me fizeram ver que talvez eu deva deixar você livre, para um dia quem sabe você voltar pra mim. Aprendi que quando a gente ama, nós fazemos o melhor por quem a gente ama, mesmo que isso doa. E está doendo demais te deixar livre para você entender o que realmente quer, eu não queria, mas acho que seja o certo.
Esse anel é seu, quando eu vi eu sabia que era seu, eu queria pedi-la em casamento e viver ao seu lado pra sempre, porque eu sei que meu coração sempre te pertenceu, e você sempre foi minha, nós dois sempre seremos a metade um do outro e isso é a única certeza da minha vida.
Eu sempre vou amar a Mari como minha filha e você, aaah Eloá, você, você sempre vai ser o motivo de eu acordar todos os dias da minha vida, e quando você tiver pronta, se um dia estiver pronta, eu vou estar te esperando. Essa pulseira tem meu coração que sempre foi seu, então o lugar dela é com você.
Te amo pra sempre minha Elô. Minha pequena, o amor da minha vida e mãe do meu filho.
Me perdoa por ter te deixado, eu prometo que se você resolver me dar uma outra chance, a última chance eu nunca mais vou fazer você sofrer. Me perdoa. Eu te amo.
Eu prometo uma vida longa, e eu vou te amar, até a eternidade você estando ou não ao meu lado.
Espero que até breve. Te amo. E o novo pingente é o tamanho do meu amor por você que é infinito.
Te amo pra sempre, minha Elô.
Theo.
Segurei a pulseira encarando o pingente de infinito. Ele tinha ido, me deixado espaço para que eu pudesse me decidir. Minhas lágrimas molharam o papel, e eu abracei no meu peito e deitei novamente na cama sentindo o cheiro de Theo ir sumindo aos poucos.
Agora minha mente não sabia o que fazer. Qual era o melhor?
Ficar ou não com o amor da minha vida?
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Uma vida. Uma Chance.
RomanceTheodoro Albuquerque é um garoto tímido, introvertido e muito inteligente contrariando todo universo, é melhor amigo de Eloá Castro, sua vizinha e também a garota mais bonita da escola. Ele se considerava com sorte até ela resolver trocar sua amizad...