—O que? — Eloá franziu o cenho não entendendo o que eu tinha falado. Seu rosto estava tomado por lágrimas e estava tão vermelho. Eu nunca em toda minha vida tinha visto ela desse jeito.
Não imaginei que sentia tanto minha suposta morte. Ela estava sofrendo e era o que eu queria. Mas aquilo não me trouxe satisfação alguma. Abaixei a cabeça e então a encarei novamente
—Eu vou te levar em casa.
—Eu tô em alguma dimensão alternativa? —eu esbocei um sorriso de canto e essa pequena e curta frase me fez lembrar de uma de várias de nossas tardes olhando o campo de girassóis ou jogando video game e toda vez que eu perdia ela falava isso. Meu sorriso logo morreu me trazendo de volta pra realidade
—Porque senhorita?
—Pode me chamar de Eloá eu prefiro, mas sobre a dimensão , você foi um idiota comigo ontem e hoje simplesmente mudou—Fechei a cara e ela automaticamente percebeu o que falou—Me desculpa pelo idiota — ela olhou pra baixo e murmurou algo, talvez um palavrão. Eloá era a rainha dos palavrões, ainda estou abismado dela não ter soltado um no dia da entrevista.
—Tudo bem, eu não estava num bom dia
—E você tem dias bons? — a bocuda da Eloá começou a sair, ela sempre falou demais, era o que eu mais amava nela. Balancei a cabeça negativamente
—incrivelmente sim senhorita, você não acha que fala demais?— peguei a chave da minha moto e dei um capacete pra ela.
—Meio que sim, eu vou calar minha boca.
Eu abaixei a cabeça novamente e esbocei outro sorriso. Assim que entreguei o capacete pra ela, ela me olhou curiosa e sem nem mesmo disfarçar olhou pra minha perna. Todos faziam isso como alguém com um problema na perna conseguia pilotar uma moto? Trinquei meus dentes e fui na sua frente , permaneci calado esperando que me seguisse. Eu apenas ouvi seus passos me seguindo, esbarramos em Joan no caminho que ao me ver com Eloá esboçou um enorme sorriso.
Eu já imaginava o que estava passando por sua cabeça e NÃO!
****
Subi na moto e ela permaneceu calada, ela me guiou até sua casa e finalmente chegamos.
Encarei a fachada simples do prédio, até mesmo descascada a pintura já tinha se acabado faz tempo.
Era diferente do que eu imaginava, eu imaginei que ela seria rica, afinal ela sempre gostou de coisas boas, mas era um prédio pequeno devia ter uns 12 apartamentos no total?
—Você quer ir até o apartamento?
—Posso ser tudo, mas pelo menos sou um cavalheiro então vou te deixar na sua porta. — ela olhou novamente pra minha perna e eu revirei os olhos, mais um olhar daqueles.
—O que houve, senhorita? — ela apontou pra frente e eu vi um enorme lance de escadas, tudo que eu mais odiava eram escadas. Fechei os olhos e respirei fundo — tudo bem vamos
Ela subiu na minha frente, mas era perceptível que ela me esperava , não sei quanto tempo levamos para subir e por incrível que pareça minha perna não estava tão cansada como de costume.
—vem entra um pouco — ela abriu a porta e me puxou antes que eu respondesse—senta aqui
Entrei e reparei em cada cômodo do seu apartamento, era bem pequeno. Estávamos na sala e eu já tinha visão de toda cozinha e mais duas portas. Andei devagar até o sofá e me sentei esticando minhas pernas e respirei fundo
—Obrigado
—Quer água?
—Por favor. Elô, eu ...— antes que eu pudesse terminar minha frase ouvi um barulho de algo se quebrar
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Uma vida. Uma Chance.
RomanceTheodoro Albuquerque é um garoto tímido, introvertido e muito inteligente contrariando todo universo, é melhor amigo de Eloá Castro, sua vizinha e também a garota mais bonita da escola. Ele se considerava com sorte até ela resolver trocar sua amizad...