Theo Albuquerque

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Mari segurou minha mão e me puxou com pressa até seu quarto. Ela já estava com seu pijama rosa bebe, cabelos soltos e seus olhos azuis estavam alegres. Falei com firmeza para Eloá que não tinha problema colocar ela pra dormir, mas a questão era que eu não tinha a menor ideia do que fazer e o porque essa menina grudou em mim a noite inteira.

Entramos em seu quarto e ele era bem simples, simples até demais para uma menininha, não tinha cores, era um quarto um pouco triste pelo que eu imaginava. Encarei as paredes um pouco acinzentadas e o cobertor rosa dela, não tinha muitos brinquedos apenas um urso que ficava em cima da cama dela. Ela pulou na cama dela e ela tinha um enorme sorriso, os olhos azuis estavam brilhando e e então ela puxou o urso e abraçou me encarando.

—Então tio Theo precisamos conversar

Ela mudou a feição para uma seria, seu rosto me lembrou Eloá no mesmo instante me fazendo esboçar um sorriso, eu estava tão nervoso.

—Sim pode falar

Ela bateu a mão na beirada da cama e eu me sentei a encarando enquanto ela apertava o urso

—Primeiro, o que aconteceu com sua perna porque você não anda direito igual a mim?

Eu gargalhei com a pergunta dela, eu sabia que ela tinha ficado curiosa desde que me viu

—Foi um acidente, mas a sua mamãe está me ajudando e agora eu quase não sinto mais dores e daqui a alguns dias eu vou começar a andar igualzinho você

—hmm, a minha mãe cura pessoas mesmo , você sabia que ela é uma super heroína?

—Eu sabia, mas a gente tem que guardar esse segredo.

Ela sorriu e colocou o dedo na boca para ficarmos quietos

—Minha mamãe está muito feliz.—o sorriso dela era enorme.— então eu tô muito feliz também, você não vai deixar minha mamãe triste né? Igual o papai deixava?

—Não princesa, no que depender de mim a sua mãe vai sempre sorrir.

—Muito bom tio Theo, muito bom

Ela se deitou na cama e eu me levantei, peguei uma coberta e a cobri e ela fez uma feição diferente. Eu me abaixei em sua frente e ela apertou o urso com força, parecia pensativa.

—O que foi Mari?

—E que... o meu pai ele nunca leu uma história pra mim pra eu dormir, meus amigos na escola sempre contam como os pais deles colocam eles pra dormir, mas o meu nunca fez

—Tudo bem eu acho —olhei em volta— Você tem um livro?

O sorriso dela ficou enorme e brilhante, eu peguei o livro o encarei, me sentei no chão em frente a ela. Estiquei as mangas da minha camisa até meu antebraço

—Isso esse mesmo— ela me encarou ansiosa

—Então vamos começar

Enquanto eu lia fazia alguns barulhos do livro e a gargalhada dela preenchia o quarto, não demorou muito para que aqueles olhinhos azuis começassem a pesar e a se fechar completamente. Ela era um pedacinho da minha Eloá e dormia com o sorriso nos lábios igual a ela. Me levantei com um pouco de dificuldade. Beijei a testa dela e a olhei mais uma vez.

Eu nunca tive vontade de ter filhos com ninguém, eu nunca fui bom com crianças, mas com a Mari era natural, era um doce de menina e parecia tão sofrida, senti uma onda de paz de saber que ela estava feliz com o meu relacionamento e da mãe dela e já que ela era um pedacinho da minha Elô eu também a amava e faria tudo ao meu alcance para deixa-la feliz.

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