Capitulo 12 - Eloá Castro

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A festa tinha poucas pessoas, na verdade foi apenas um simples jantar. Eu até me distraí, as pessoas já estavam saindo, e só o Ethan não tinha vindo. Quando todos estavam saindo, Joan me abraçou.

—Obrigada Eloá

—Obrigada você por ter vindo

—Não, é sério, Ethan estava sorrindo hoje de manhã, ele não estava com dor e não tomou nenhum remédio, isso me deixou tão aliviada

—Você gosta mesmo dele, né?

—Ele é muito importante pra mim, me desculpe por ele não ter vindo, ele não é muito de pessoas — eu sorri

—Tudo bem afinal ele é meu chefe né, e é bem ocupado — ela assentiu e saiu

—Tchau Eloá obrigada pelo convite e manda um beijo pra sua filha, a propósito, cadê ela? Queria conhecer

—Mando sim, ela está na casa dos avós a escola está de recesso e ela está passando um tempo lá

—Entendi, tchau, manda um beijo pra Kamille também.

—Mando sim.

Joan foi a última a se despedir. Kamille já tinha saído com seu namorado, fui até a cozinha e comecei a lavar a louça. Graças ao meu bom Deus amanhã era final de semana. Meu celular começou a tocar insistentemente. Sequei minhas mãos e vi no identificador

Jonathan

Fiquei olhando para o celular por um tempo respirei fundo e atendi

—Alô

—Parabéns Eloá — sua voz parecia normal

—Obrigada, eu acho, apesar de eu não comemorar.

—Soube que você deu uma festa, parece que longe daqui você comemora

—Não tem nada a ver, eu fiz só pra comemorar um recomeço, não tem nada a ver com isso, afinal já esta tarde o que quer?

—Eu queria te dizer que não esqueci e comprei um colar pra você, um de diamantes, a gente podia conversar Eloá, você sabe que eu ainda te amo

—Jonathan, eu e você não dá mais, a gente já se magoou muito, e agora você quer pegar a guarda da Mari pra você, não vai ser desse jeito que vai me conquistar, fora que se você me conhecesse você sabe que odeio diamantes ou qualquer coisa pra chamar a atenção

—Mas não larga essa pulseira sua ai

—Vai começar...

—Claro, foi ele que destruiu nossa história!

—NÃO FOI! FOI VOCÊ com suas traições, com suas idas pro bar enchendo a cara e me deixando sozinha pra cuidar de uma recém nascida e agora você tá ferrando tudo, tentando pegar ela de mim!

—Eloá, eu te amo, eu não quero pegar ela de você eu só queria que você percebesse que a gente tem que ficar junto

—Por favor Jonathan, não tem mais sentido a gente ficar falando isso, eu vou desligar.— ele suspirou do outro lado da linha

—Tudo bem, boa noite Eloá.

Joguei o celular no sofá e fui até a geladeira pegar minha famosa taça de vinho. Era o que eu tinha, passar minha noite sozinha com a droga de uma taça de vinho, mas ainda sim eu sentia que estava melhor que antes.

  Fui até a pia da cozinha onde Joan tinha deixado as radiografias de Ethan, eu levantei as mesmas contra a luz encarando seus machucados. Ele fraturou as duas pernas e vários lugares. Tomei um gole da taça de vinho. Fui pegando uma por uma e passei o dedo por elas. 

Qual a chance do primo do Theo ter também sofrido um acidente que fraturou as pernas?

 E pelo que eu estou vendo, algumas das radiografias são tão antigas. Eu precisava ver os laudos, mas Joan não trouxe. Mordi os lábios lembrando de quando vi Theo estirado naquele asfalto, ele apertou minha mão, ele viu que eu fui embora? Ele viu que eu queria ter ficado? Senti uma lágrima deslizar pela minha bochecha. Eu precisava deixar isso pra lá. Levei a mão que segurava a taça de vinho e sequei a mesma quando a campainha tocou.

Abri a porta e eu encarei ele. Com aqueles olhos castanhos claro penetrantes e com sua postura impecável. Seu rosto não estava triste hoje e apesar de eu estar muito pra baixo, saber que ele não estava mal, me fez esboçar um sorriso.

—Oi — eu permaneci com uma taça de vinho o encarando — achei que não vinha

—Eu não sou muito de pessoas. Me desculpe senhorita

—Você pode me chamar do jeito que me chama. — fitei seus olhos

—Tudo bem. Me desculpe Elô — sua voz nesse apelido era a única que eu conseguia ouvir, isso era tão errado.

—Tudo bem, entra vem. — me virei para que ele acompanhasse mas ele permaneceu parado

—Eu só vim trazer um presente pra você, já que é seu aniversário. — me virei pra ele

—Como sabe que é meu aniversário? — franzi o cenho e ele ficou confuso por um instante

—Seu currículo, sua data de nascimento está lá — ele pareceu gaguejar mas eu não tive certeza porque Ethan não era dos homens que costumam gaguejar, era daqueles que sempre tinham certeza de tudo na vida.

—hmm, e você decora a data de nascimento de todos seus funcionários? Vai ficar em pé, ai? Entra logo.

Ele suspirou e entrou fechando a porta atrás dele

—Não, claro que não é que...

—Eu estou brincando Ethan— ele respirou fundo e continuou em pé segurando um pacote azul, a propósito azul sempre foi minha cor preferida.— Vai ficar em pé? Acho que a massagem funcionou certo? Você parece bem hoje.

Me joguei no sofá e olhei pra ele em pé, ele estava tão inquieto e parecia ansioso, esse Ethan era diferente, eu encarei dos pés a cabeça, e ele apertou o pacote com um nervosismo que não era característico dele

—Eu estou melhor, sem dores. Então eu decidi te dar algo

—Meio que não comemoro aniversários

—Por que?

— Uma pessoa especial se machucou bem perto e desde então quando chega essa data do mês eu só consigo pensar no que houve

—É por isso que seus olhos não estão brilhando hoje? — eu o encarei

—Como assim?

Ele deu um passo em minha direção ainda segurando o pacote azul

—Eles estão tristes, e se eu pudesse chutar diria que estava chorando

—Como pode dizer isso só de olhar meus olhos?

—Eu só sei. — desviei meu olhar — Elô, encara esse presente como um recomeço então

—Recomeço se ele ainda estivesse aqui perto de mim, isso que eu queria, eu queria poder pedir. — abaixei minha cabeça e senti as lágrimas inundar novamente meus olhos, eu não sabia porque eu estava contando tudo pra esse homem que eu conhecia tem apenas uns 5 dias.

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