Capitulo 8 - Eloá Castro

86 11 0
                                    

—E-eu tenho que ir

Me virei e só andei, prendi o choro em meus lábios e senti meu peito sufocar. Respirei fundo tentando trazer ar, eu não queria sufocar.

Ele morreu.

Eu realmente não estava pronta pra isso. Ele morreu por minha causa? E se não tivesse mentido naquele dia? Tivesse dito não pra Jonathan, ou eu não sei...

Quando dei por mim já estava na empresa, entrei na primeira sala que vi e fechei a porta.

Puxei o ar. 

—Não vou chorar! Eu não posso chorar, eu queria saber não queria?

Puxei novamente o ar  e apesar de saber que ele  preenchia meus pulmões ainda parecia que meu peito estava sendo esmagado por uma enorme dor.

Senti uma pressão tomar conta do meu rosto e eu desabei.

Minhas lágrimas rolaram, entre soluços e eu só conseguia pensar na Mari e no Theo. Me encostei na parede e agachei deixando sair tudo que tinha dentro de mim, tudo que eu guardei durante anos.

Toda dor, ele morreu por minha culpa.

Algo ruim cresceu no meu peito, era raiva, toda procura, tudo eu nunca ia encontrar-lo, ele estava morto e ninguém teve a decência de me dizer , meu confidente estava morto, morto. 

Eu estava com raiva dele muita raiva , ele não podia ter me deixado assim, ele tinha que ter se despedido eu tinha que dizer que o amava, que seu beijo... eu tinha que muitas coisas.

Segurei minha pulseira, a que ele me deu e a puxei com toda minha força, todo meu ódio e joguei o mais longe possível, todos os pingentes se espalharam pela sala. E quando dei por mim senti remorso, era a única coisa que eu tinha dele.

—Não não não — eu engatinhei no chão chorando — Você não pode quebrar é a única coisa que eu tenho dele, por favor — peguei pingente um por um quando totalizaram 11 faltava o único. O que ele tinha me dado, soluços tomaram conta de mim novamente.

A porta se abriu e a única pessoa que não deveria me ver assim, foi exatamente que entrou Ethan , eu estava em sua sala. 

 Não virei para ele, eu paralisei ajoelhada no chão, rapidamente limpei meu rosto com as costas das mãos, e permaneci de costas pra ele. Eu não podia perder esse emprego, não com tudo da Mari acontecendo.

—O que está fazendo senhorita? — Sua voz dura e gélida ecoou por toda a sala

—E-eu — eu não conseguia falar ainda continuei ajoelhada e de costas pra ele mordendo os lábios para não desabar novamente

—Senhorita Eloá, o que está fazendo no chão da minha sala? Eu não sabia que a senhorita estava com problemas, mas é assim que você se resolve se comportar no seu segundo dia de trabalho?

Passei a mão mais uma vez por meu rosto esperando que ele não notasse, mas eu estava tão... perdida como se algo pesado tivesse desabado na minha cabeça, eu não me sentia assim desde o acidente. Quando eu o encarei sua expressão imediatamente mudou

—Elô? O que houve com você? — Aquele apelido me atingiu em cheio, meus olhos buscaram os seus e parecia que ele não estava com todo ódio. Ele deu um passo em minha direção e se ajoelhou com um pouco de dificuldade, parando em minha frente. Eu olhei cada detalhe de seu rosto, ele estava confuso, e aqueles olhos castanho claro pela primeira vez pareciam preocupados, eu me joguei em seus braços, e o abracei com força e ele paralisou, seu corpo inteiro estava rígido, ele foi pego de surpresa. Assim que senti o calor do seu corpo esquentar o meu deitei meu rosto em seu ombro eu fechei os olhos com força tentando esquecer o que Joan havia me dito.

Me aconcheguei em seu tórax era quente, tinha cheiro de... casa, seu cheiro me acalmava. Enquanto eu o abraçava ele não moveu um músculo , parecia não ser capaz,mas ele ficou ali parado, como se realmente quisesse me consolar mas não soubesse como, senti seus músculos irem se acalmando lentamente. Parecia que ele estava relaxando. Ele tocou meu queixo com a ponta dos dedos como se eu fosse de porcelana e fosse quebrar a qualquer momento.

—Hey... Elô — ele me afastou um pouco e se ajoelhou em uma das pernas fazendo uma cara de dor —O que houve? Alguém te machucou? — seu rosto ficou apreensivo

—Não — eu levantei meu rosto para encará-lo, e eu estava tão perto que eu sentia sua respiração quente vir até meus lábios, me prendi em seus olhos, seus olhos eram iguais o dele eles me hipnotizaram e quando eu percebi o quão perto estávamos eu me levantei rapidamente —Me desculpa Ethan eu — respirei fundo— droga...

Ele se levantou logo em seguida

—O que estava fazendo?

—Minha pulseira eu quebrei ela e... eu não consigo achar o último pingente —O choro quis voltar e eu segurei

—Tudo bem depois você compra outro

—Você não entende

—Deixa eu ver — eu abri a mão com a pulseira e ele a encarou com os olhos arregalados

—Falta um eu não consigo achar, eu preciso achar

—E qual é?

—É um coração, uma pessoa especial me deu e... Eu preciso dele de volta é tudo que eu tenho dele, tudo que me sobrou —as lágrimas rolaram novamente e agora senti sua mão tocar meu pulso me fazendo olhar diretamente em seus olhos castanho claro.

—Se acalma, eu vou achar pra você tudo bem?

Ao olhar pro seu rosto tudo me vinha o Theo na mente, aquele menino doce, eu não conseguia parar de sentir saudade, saudade do que eu sentia com ele, da confiança que tínhamos, nossos olhos pareciam que tinham se prendido um no outro. Sua mão permanecia pousada em meu pulso

—Tudo bem obrigada — eu respirei fundo novamente — Eu vou voltar ao trabalho.

—Não vai. —

Sua postura dura e implacável tinha voltado, por alguns segundos ele pareceu outra pessoa. E ele soltou  meu pulso. Mas agora ele estava prestes a ... me demitir

—Me desculpa, eu não vou fazer isso novamente, é que eu recebi uma notícia hoje e

—Não me interessa senhorita

—Eu não posso perder esse emprego, por favor Ethan, eu não posso não faz isso comigo

ele me olhou e franziu o cenho

—Não, não — ele colocou a mão nas têmporas — Eu não vou te demitir, mas você não está bem pra ficar aqui, eu vou te levar em casa.

— O que?

Uma vida. Uma Chance.Onde histórias criam vida. Descubra agora