Capitulo 35- Theo Albuquerque

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Encarei a caixinha azul em cima da mesa do meu escritório, toda vez que chegava o fim do expediente eu a encarava. Talvez tivesse chegado a hora certa. Abri a mesma com um pequeno anel, Eloá não gostava de jóias, mas dessa vez ela merecia uma, uma bem especial. Quando encontrei esse anel eu sabia que tinha sido feito pra ela. O anel era em ouro branco, com várias pedras de diamantes que juntas formavam uma pequena flor.

Eu estava tentando achar o momento certo para pedi-la em casamento, eu queria viver com ela, passar minha vida inteira acordando do lado daquele sorriso lindo, queria cuidar da sua filha como se fosse minha, queria acabar com essa maré de coisas ruins da nossas vidas, mas eu precisava fazer isso direito.

—Theo eu já separei os papéis — Joan entrou na minha sala e me pegou encarando o anel — uau é pra Eloá?

—É — eu a encarei e de forma estranha ela não estava sorrindo, seus olhos pareciam obscuros

—Você não acha que as coisas entre vocês estão indo rápido demais? — ela se sentou na minha frente e passou a encarar o anel junto comigo

—Rápido Joan? Eu passei 12 anos da minha vida longe dela, eu a amo não adianta, ela é a mulher pra mim, você mais do que ninguém sabe disso.

Ela respirou fundo e esticou a mão pegando a caixinha azul e finalmente esboçou um sorriso

—Ela vai amar Theo

Seu sorriso não chegava aos seus olhos, ela estava me escondendo algo, talvez algo que eu não iria gostar. Eu conhecia minha irmã como a palma da minha mão.

—O que está acontecendo Joan? — peguei a caixinha novamente e a fechei colocando em meu bolso.— Aconteceu alguma coisa no encontro de vocês hoje?

Joan olhou pro chão e me encarou

—Não, é que, eu só acho que vocês precisam conversar mais, ela sabe sobre o Jonathan? O que ele fez com você?

—Não, e se depender de mim nunca saberá, ela não precisa se sentir mais culpada por isso, esse acidente já passou, o Jonathan ficou pra trás no ensino médio, eu nunca mais o vi, pra mim é como se ele estivesse morto! — ela suspirou

—Vocês dois são dois cabeça dura. — ela se levantou bufando— Vocês ainda vão ferrar a relação de vocês, por causa dessa proteção boba de vocês, vocês são adultos droga! E se o amor de vocês é forte o suficiente, vai sobreviver a isso tudo!

—Joan, eu só acho que não tem necessidade de dizer pra ela que ele me empurrou, passado é passado, eu quero deixar isso pra trás e conhecendo a Eloá, ela vai se culpar e tudo vai vir por água abaixo. Eu quero ela, eu quero ela do fundo do meu peito, eu a amo e finalmente voltei a confiar nela.

—Tá bom Theo, eu não quero brigar com você depois não diz que não avisei, vocês tem tudo pra ser feliz, mas são burros demais pra verem isso!

—O que? a Eloá falou algo no encontro de vocês? Me conta

—Não, pergunta pra ela, eu não vou ficar no meio de vocês!

Joan se levantou, jogou sua chave em cima da mesa e saiu. Ela costumava gostar de Eloá, mas alguma coisa aconteceu nesse encontro das duas que a deixou assim. Me deixando ainda mais tenso e incerto. Me levantei e fiz alguns exercícios com minha perna, aos poucos ela estava melhorando, era quase imperceptível agora a dificuldade que eu tinha ao andar. Eu queria estar perfeito pra poder pedi-la pra ser minha esposa, peguei um papel dentro da gaveta, e finalmente sai.

****

Parei na escola de Mari e fiquei a esperando do lado de fora, de braços cruzados, quando ela me viu seus olhinhos brilharam, e então ela correu pros meus braços

—Papai — eu me abaixei e a peguei no colo — Oi ursinha, beijei sua testa e quando olhei havia uma menina pequena do meu lado

—Você é o papai da Mari? — ela arregalou os olhos

—Viu stella, eu disse que meu papai Theo ia vim me buscar hoje — mari deu lingua pra ela e então a stella cruzou os braços emburrada

—Mari, cadê sua educação? — encarei mari que cerrou os olhos e puxou todo o ar

—Desculpa stella — ela falou entre os dentes me fazendo rir, a coloquei no chão

—Vocês são amigas, agora se abracem, parem com isso!

Mari me olhou feio e abraçou stella e logo virou as costas pegando minha mão e me deu sua mochila. Balancei a cabeça negativamente e com um sorriso nos lábios

—Então, o que foi isso dona Mariana?

—A papai, ela sempre me zoava falando que eu não tinha papai, eu falei que tinha, que meu papai Jonathan era muito ocupado, então meu papai Theo ia me buscar.

Meu corpo enrijeceu, e eu a encarei

—O que você disse Mari?

—Que meu papai Theo ia me buscar...

—Não, qual o nome do seu pai?

—Jonathan.

Aquele nome pareceu ecoar por todo o lugar, ele ficou se repetindo e repetindo várias e várias vezes na minha cabeça. Eu entrei em modo automático. É por isso que ela nunca falou o nome dele, ela se casou com ele depois de tudo. Engoli seco e encarei Mari e essa menininha linda, que eu passei a amar como minha, era filha deles. As mãozinhas de mari acariciaram as minhas

—Ta tudo bem papai? — ela me olhou com seus olhinhos azuis e talvez ela estivesse enxergando o medo em meus olhos. Eu abaixei em sua altura e estávamos bem perto de casa, e eu abracei

—Ta tudo bem minha baixinha — beijei o topo da sua cabeça —Não fala pra sua mãe o que me disse tudo bem?

Ela assentiu e finalmente entramos em casa. Eloá estava cozinhando algo Mari me soltou e correu em sua direção, eu apenas me sentei na mesa tentando entender se realmente era isso. Jonathan era o pai de Mari, o cara que infernizou minha vida, que tentou me matar, que me ameaçou para não chegar perto de Eloá, apesar dessa merda toda, Eloá continuou com ele. 

A encarei enquanto abraçava Mari e meu peito estava pesado com um sentimento que eu não queria sentir, eu estava com tanta raiva, que parecia impossível de respirar, cerrei meus punhos em cima da mesa. Joguei o papel em cima da mesa e deixei ali, andei até o nosso quarto meu e de Eloá, antes ouvi gritos de euforia de Mari

—UAU EU TENHO UM QUARTO DE GIRAFAS AMARELAS — ela gargalhou e sua risada ecoou por toda a casa, me ferindo ainda mais.

A risada de Mari e Eloá se tornaram facadas no meu peito, várias delas, era uma forma de tentar explicar o que eu estava sentindo. Mais uma vez ela mentiu pra mim. Fechei a porta do quarto, engoli seco e me sentei na cama, tirei a caixinha azul do meu bolso e a encarei.

Planos suspensos.

Coloquei ela na gaveta e olhei pro chão por um tempo, nada vinha na minha mente. Eloá falou algo sobre Mari ir para casa de Joan, eu apenas assenti e ela fechou a porta.

Eu não sabia o que pensar, era como se eu fosse aquele garoto novamente, sendo enganado por ela. Porque ela sempre achava que precisava mentir pra mim? 

Eu daria uma chance, uma última, eu a amava demais pra não fazer isso.

E se ela mentisse, eu ia saber que isso tudo estaria acabado.

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