Epílogo - Eloá Castro

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O mar estava revolto hoje apesar do vento quente batendo em meu rosto. Olhei para minha aliança e sorri lembrando do dia do nosso casamento, e meu coração se encheu de um sentimento bom.

As mãos de Theo me abraçaram me fazendo fechar os olhos ainda com um sorriso, ele pôs seus lábios sobre meu ouvido e mordiscou o lóbulo da minha orelha fazendo meu corpo inteiro arrepiar

—Theo... para com isso, quer fazer outro bebê é? Já não chega com o Charlie?

—Não, sabe, eu sinto saudades de você grávida. Foi a mais linda de todas sabia?

Me virei para encará-lo, e ele deu seu sorriso de canto que faziam minhas pernas bambearem

—Me olhando desse jeito vai até ficar fácil me convencer.

—É? Quem sabe mais uns 3 para fazer companhia para O charlie e a Mari ein?

—Não é você que tem todos eles né? Tá maluco?

Ele gargalhou e sua risada ficou ali, com seus olhos brilhando ao me ver.

—Será que o Jonathan tá cuidando bem da Mari? To um pouco nervoso com essa viagem, e a Joan como a gente enlouqueceu e deixou o Charlie com a Joan?

—A Joan já esta bem grandinha e ela ajudou muito a gente durante a gravidez se o senhor não se lembra, e o Jonathan, ele finalmente provou que merece a nossa confiança de novo, afinal o cara se entregou e foi prestar serviço alternativo

—Hmmm — ele emburrou o rosto

—Theeeo

—Ele ainda não me desce.

—Eu sei que não, mas você não acha que ele merece essa chance?

Ele assentiu, e continuamos olhando o mar.

Nesses dois anos nosso filho Charlie nasceu, quase o perdemos, mas hoje ele está aqui saudável e ele virou nosso pequeno milagre. Mari já estava com 9 para 10 anos e amava muito o irmão que já tinha quase dois anos completos, estava enorme. 

Jonathan entrou em um programa de alcoólicos anônimos e melhorou muito desde então, um dos passos para melhorar foi falar tudo que ele mais se arrependia e passar por cima disso, então ele resolveu se entregar e eu o denunciei. Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, relembrar o que aconteceu e realmente entender que o que ele fez comigo foi muito grave e me posicionar como vítima, foi realmente intenso, mas Kamille, Joan e Theo sempre ficaram ao meu lado.

 Como ele se entregou voluntariamente, Jonathan ficou apenas alguns meses preso e depois passou a cumprir pena alternativa que era trabalhar com mulheres em situação de risco, desde então ele mudou da água pro vinho e agora estava noivo de uma delas. Theo ainda tinha seus receios mas sei que era só proteção. 

 Kamille se casou com seu namorado e se mudou para Grécia que era exatamente onde eu e Theo estávamos, nossa primeira viagem longa depois do nascimento de Charlie.

E eu? Eu estava tão feliz e completa. Toda a dor, tudo ficou pra trás, eu e Theo brigamos as vezes, o que é muito normal, mas nos amávamos tanto e com ele eu nunca senti que estava no lugar errado, ele acolheu minha filha como se fosse sua, me protegeu e o mais importante abriu mão do meu amor quando acreditou que esse era o melhor pra mim.

Deslizei minhas mãos em seu rosto olhando.

—Sabe o que eu queria?

—Não senhora Albuquerque, o que a senhora queria?

—Quero congelar esse momento agora entre eu e você.

—Temos muito o que viver ainda minha pequena.

—Eu sei meu amor, eu sei

—Se lembra do nosso primeiro beijo? — ele me encarou com um sorriso

—Claro que eu lembro, foi quando você me deu o livro, eu não sei como não percebi que era você.

— Nem eu né dona Eloá. Até porque nós só temos uma vida. —encarei seus lábios e mordi os meus

—E uma chance.

Toquei nossos lábios de um jeito delicado e lento e nossas línguas se encontraram novamente me fazendo sentir todo tipo de sensação como só ele fazia, e sempre fez, nossos lábios se encaixavam perfeitamente como quebra-cabeça e como... lego.

"Na vida todos nós erramos o que faz com que realmente sejamos felizes é o quanto estamos dispostos a perdoar e o quanto estamos dispostos a deixar nosso orgulho de lado para viver ao lado daqueles que são importantes pra gente e nos fazem realmente bem de verdade. É por isso que eu gosto sempre de lembrar que as vezes nosso orgulho não importa tanto assim, mas sim que temos apenas uma vida e uma única chance de nos permitir ser felizes, apesar de nossos erros."

Fim.

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