Joan buscou Mari para tomarem sorvetes e fazer uma noite de meninas, ela ia dormir na casa de Joan hoje. Theo chegou e estava distante, eu não podia falar nada eu também estava. Saber que Jonathan realmente empurrou Theo na frente daquele carro me deixou com ainda mais nojo dele, me apoiei na pia da cozinha e fechei meus olhos tentando decidir o que fazer.
No exato momento em que fechei os olhos, senti o toque das mãos de Theo em minha cintura, que me causaram um arrepio imediato, respirei fundo e seu cheiro me invadiu, ele descansou sua testa em meu ombro ainda por trás de mim. Ele pareceu respirar fundo como se o peso do mundo estivesse em suas costas e soltou um longo suspiro deixando o ar quente pesado tocar minha nuca.
—Eloá — ele disse entre suspiros lentos e pesados que fizeram meu coração se apertar, talvez não fosse a melhor hora pra contar de Jonathan.
Ele me virou delicadamente de frente pra ele, seus olhos pareciam avermelhados, sua feição era cansada. Segurei seu rosto entre meus dedos e encarei seus olhos
—Meu amor, o que aconteceu? — tentei descobrir alguma resposta por entre o tremor leve de seus lábios, ou nos seus olhos marejados, mas ele permaneceu calado e colou nossas testas, dessa forma o ar entre nós ficou pesado, ele apertava minha cintura como se estivesse nervoso, ele não me olhava nos olhos, seus olhos apesar de estarem na altura dos meus eles não se prendiam nos meus, não como costumavam se prender
—Você tem algo pra me dizer? — finalmente seus olhos me encararam, seu cenho estava franzido, ele parecia procurar algo nos meus olhos, talvez... a verdade? Seus lábios estavam tão perto dos meus e ao mesmo tempo tão longe
—Como assim? — fixei meu olhar nos dele — O que ta acontecendo?
—Eloá, você jura pra mim, jura que não tem nada pra me contar, seja o que for me fala agora.
Aquelas palavras pareciam ter entrado na minha corrente sanguínea e elas foram levadas para cada parte do meu corpo, causando calafrios. Meus olhos marejaram, me diz, me diz como eu falaria pro homem que me deu tudo , que eu amo, que eu fiquei com o cara que tentou mata-lo, que o humilhou? Que eu fiquei com ele, tivemos uma filha e ele teria que encara-lo pra sempre a partir de hoje, que esse mesmo cara foi o cara que tentou me estuprar estando grávida. Grávida do seu filho. Theo ia odiá-lo ainda mais, ele ia me odiar, não tinha como eu admitir isso em voz alta.
—Porque você ta falando isso Theo? — Minha voz saiu fina e embargada
—Jura pra mim Eloá — ele pôs suas mãos em meu rosto e pressionou seu corpo no meu, me obrigando a fechar meus olhos —Jura pra mim que você não está me escondendo nada.
Eu permaneci calada com uma batalha interna, pedindo a Deus que ele estivesse falando de algo totalmente diferente, afinal como ele poderia ter descoberto?
—Jura —ele sussurrou ao pé do meu ouvido e sua voz me arrepiou me hipnotizando — Jura que a gente pode ser feliz juntos...
Eu assenti e ele tomou meus lábios com calma, eu fechei meus olhos sentindo seus braços me tomarem, seu beijo era diferente, ele dizia algumas coisas, coisas que eu não queria escutar e não queria entender, eu só queria ele, eu só queria senti-lo uma última vez.
Pousei minhas mãos no tecido de sua camisa e a fechei em minhas mãos com força enquanto nos beijávamos, seus lábios roçavam nos meus com profundidade e raiva, seu lábios pressionaram os meus com tanta força que meus lábios doíam, eles queimaram junto com meus olhos mas eu não queria que parasse, eu já tinha entendido o que aconteceu e eu perdi a minha chance.
Ele começou afastar seus lábios dos meus e junto uma lágrima caiu dos meus olhos eu o segurei pela camisa
—Não... Theo...
—Eu não posso ficar mais Eloá — ele segurou minhas mãos em sua camisa e me encarou, havia decepção. De alguma forma ele tinha descoberto eu consegui ver, e eu não tive coragem pra encarar a verdade e ser sincera
—Não me deixa por favor... — eu implorei, ele não podia me deixar ali — Por favor — mordi meus lábios forte segurando meu choro fechei meus olhos e cheguei perto de seus lábios, eu já podia sentir o peso de sua respiração perto deles — Não vai...
—Porque mentiu? Por que você insiste em mentir? — eu abaixei meus olhos eu não conseguia encara-lo— Olha pra mim Eloá! — sua voz era dura
E meus olhos voltaram a encontrar os seus castanho claro, que estavam esverdeados, deus eu amava essa cor, mas ela havia se misturado com um tom cinza, seus olhos que costumavam ser tão alegres estavam tristes.
—Eu fiquei com medo de que você me deixasse quando soubesse que eu fiquei com o Jonathan apesar de tudo
—Eloá, você não vê que eu te amo? E que eu não to ligando pro Jonathan eu quero que aquele otário se ferre! Eu só queria que você fosse sincera comigo, eu só queria confiar em você novamente. Mas não consigo.
—Não fala isso — balancei a cabeça negativamente e ele segurou meus pulsos me obrigando a soltar sua camisa — Fica comigo, me da mais uma chance eu prometo que
—Não me promete mais nada Eloá. Eu não acredito mais em você!
Uma lágrima caiu dos olhos dele e então a porta se abriu Mari entrou correndo interrompendo nossa conversa, imediatamente me virei de costas pra que ela não me visse e respirei fundo
—Vocês não iam pra casa da tia Joan? — minha voz saiu mais embargada que o normal, meu peito estava aos pedaços.
Joan:— Ela queria dormir no quarto de girafas dela
Mari: — Papai
Ao ouvir Mari chamar Theo de pai meu coração pareceu ter sido arrancado do meu peito
Theo:— Oi ursinha — sua voz parecia trêmula
Mari: — Pra onde vai?
Eu me virei para olha-los, Joan nos olhava com o rosto triste, ela já tinha entendido o que aconteceu.
Theo:— O papai vai precisar passar uns dias fora, tudo bem?
Mari o abraçou com força, ela não ia aguentar isso de novo, ela amava o Theo como um pai. Eu cruzei meus braços e os apertei com força tentando fazer essa dor passar
Mari: — Tudo bem, eu vou sentir saudades, papai.
Theo: — Eu também minha ursinha, eu também, eu sempre vou te amar. — ele beijou sua testa e a colocou no chão, ela sorriu e ele virou as costas
Mari:— Hey, pai, não vai dar um dos seus beijinhos na mamãe?
Fechei forte meus olhos e mordi novamente forte meus lábios tentando não chorar na frente dela. Eu senti a presença de Theo, seu calor, ele segurou meu queixo e me encarou, com aqueles olhos de decepção, olhos tristes e pousou seus lábios nos meus, uma última vez. Uma última vez senti seu gosto em minha boca, dessa vez seu gosto era amargo, um gosto de despedida. Uma despedida que eu não sabia se iria aguentar.
—Não vai por favor — eu sussurrei o mais baixo possível — por favor Theo
Uma lágrima novamente caiu dos meus olhos, ele segurou minhas mãos e as beijou, deixou sua chave em cima da mesa deixando claro que não pretendia voltar, virou as costas e saiu. Saiu deixando a droga de um buraco no meu peito.
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Uma vida. Uma Chance.
RomanceTheodoro Albuquerque é um garoto tímido, introvertido e muito inteligente contrariando todo universo, é melhor amigo de Eloá Castro, sua vizinha e também a garota mais bonita da escola. Ele se considerava com sorte até ela resolver trocar sua amizad...