Capitulo 22-Theo Albuquerque - Amor e Ódio

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Estava finalmente na hora de voltarmos à realidade, eu e Eloá e Kamille voltamos juntos de carro, a viagem foi estranha, eu e Eloá estávamos mais calados que o normal, tínhamos tanta coisa pra falar que não sabíamos nem mesmo por onde começar. Quando chegamos Kamille foi direto para o seu trabalho eu e Eloá fomos para sua casa.

—Vem senta aqui, fica a vontade — eu me sentei e ela se sentou ao meu lado respirando fundo

—Vem aqui — me deitei no sofá a puxando pra mim, ela se deitou em cima do meu peito e seus cabelos ficaram jogados no mesmo trazendo um perfume de flores, e então fechei meus olhos —Vamos começar por coisas fáceis

—Como o que? — suas mãos passeavam por debaixo da minha camisa acariciando meu abdômen com a ponta dos dedos, me fazendo suspirar

—Que tal, me conta sobre sua faculdade de fisio,você sempre quis fazer você chegou a trabalhar com isso?

— Não, eu tive ... uns problemas no meu casamento e quando finalmente consegui um emprego eu infelizmente tive que sair

—Por que se separou?

—Eu não amava ele, e eu acho que ele percebia isso, por mais que seja meio clichê o que eu vou te contar agora, você sempre esteve na minha mente, por mais que eu tentasse te tirar de mim eu nunca consegui

Seus olhos encontraram os meus e no seu olhar havia medo, ela estava apavorada e eu não conseguia entender todo esse pavor que percorria ali, como se ainda me escondesse algo.

—O que tá havendo? Você não vai me perder Elô

Ela se calou e mudou de assunto

—Por que mentiu pra mim? —agora seus olhos marejaram — Porque não falou quem você era desde o início?

Segurei seu rosto entre meus dedos, e só nesse momento eu enxerguei o quanto eu tinha machucado ela. Seus olhos castanhos eram fixos nos meus

—Eu não tive coragem, quando te vi ali bem na minha frente eu... não sabia o que fazer. Eu passei toda minha vida imaginando o que eu faria se te encontrasse e quando finalmente aconteceu, eu não sabia o que fazer.

—Você me odiava? — ela pressionou seus lábios um no outro e essa pergunta me atingiu como um raio, ela percebeu meu incômodo e então se levantou passando a mão nos cabelos pra disfarçar o desconforto, permanecendo sentada no sofá um pouco afastada. Me levantei e me coloquei entre suas pernas me ajoelhando entre elas

—Eu achava que sim,—minha mão pousou em sua nuca e meu polegar acariciou seu rosto.— Eu tinha certeza que podia te fazer pagar por tudo, e por isso pedi pra Joan falar que morri, mas me arrependi no instante em que te vi chorando no chão da minha sala, ver você sofrendo daquele jeito... Eu nunca quis aquilo de verdade, e ali naquele dia eu me permiti voltar a te amar

—Você, ainda me odeia?

A pergunta pairou no ar, deixando um silêncio ensurdecedor e incomodo. 

abaixei a cabeça ,fugindo do seu olhar analisador 

É realmente possível odiar e amar uma mesma pessoa? 

Eu realmente achava que a partir do momento que eu me rendesse ao que eu sentia por ela, esse rancor ia passar automaticamente, mas o que eu não queria enxergar é que ele ainda estava lá, as imagens do acidente estavam vivas ainda, tão vivas como se tivessem acontecido ontem.  

  Deixei que meus olhos finalmente se encontrassem novamente com os dela, eu não sei explicar bem o que estava acontecendo, eu a amava, amava tanto e ao mesmo tempo eu tinha raiva e eu tinha certeza que uma hora um desses sentimentos ia prevalecer

Encarei cada traço seu, traços que eu havia decorado, traços que indicavam o quão aflita ela estava procurando uma resposta que eu não sabia como dar. Eu simplesmente tentei achar essa resposta em algum lugar dentro de mim e eu não consegui era a droga de um enorme ponto de interrogação. 

 Ela piscou por algumas vezes deixando lágrimas caírem de seus olhos. Me levantei e dei alguns passos pra trás eu precisava me afastar, a respiração se tornou difícil por alguns momentos até que Eloá se levantou e veio em minha direção, agora seu rosto estava vermelho por conta da quantidade de lágrimas que ela derramava.

Suas mãos macias tocaram meu rosto acalmando meu coração que insistia em mandar eu me afastar dela, ela foi se aproximando mais e mais até que eu finalmente pudesse sentir sua testa na minha. Seu nariz roçou no meu me fazendo fechar os olhos com uma certa força, eu queria apagar aquela noite da minha mente.

Mas eu tinha que escolher entre um dos dois sentimentos. Eu ia ama-la ? Ou Odiá-la?

— Théo, não foge de mim — seus lábios roçaram nos meus — Você ainda me odeia?

— Eu senti raiva de você, muita raiva, e tentei te odiar, tentei com todas minhas forças, mas acho que nunca consegui de verdade.

Olhei em seus olhos que me encaravam e um pequeno sorriso tímido se formou no seu rosto a iluminando, e eu a beijei. Beijei enquanto um misto de emoções corriam em mim, meu amor por ela e meu receio de confiar novamente. 

Ela era dona de mim, sempre foi.

Enquanto nos beijávamos eu decidi que ao estar com ela, eu não podia mais deixar nosso passado influenciar. Para isso dar certo eu precisava esquecer de tudo e perdoar Eloá e confiar novamente nela e é isso que eu faria, eu queria que nosso amor desse certo.

Então eu decidi que vou ama-la a partir de hoje.

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