Capitulo 40 -Theo albuquerque

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Ela fez uma expressão assustada e sua respiração foi a mil eu podia sentir pois ainda estávamos perto demais um do outro. Eu não sabia o que dizer, o que fazer, como agir, eu estava paralisado. Era como se alguém tivesse me dado uma dose muito forte de anestésico. Ela estava grávida, ela ia ter um filho, o meu filho. A quanto tempo ela sabia disso e não me contou? Meu coração disparou, ela não ia me contar? Eu abaixei o olhar e encarei o chão tentando pensar. Pensar no que? Ela não ia me contar, droga! Ou ia? Ela ia ter esse bebê? Eram tantas perguntas que surgiam na minha mente

—Você está grávida? — perguntei novamente esperando com ansiedade uma resposta. Ela permaneceu calada. E meu corpo estava dormente, eu puxei o ar com dificuldade. Até que ela finalmente balançou a cabeça positivamente soltando um suspiro profundo. Ela parecia derrotada. Eu via nos seus olhos que ela não tinha planos nenhum de me contar.

Eu tentei me acalmar, eu não queria deixa-la mais nervosa. Mas eu estava com tanta raiva dela nesse momento, por não ter me contado que eu poderia gritar.

—Por que não me contou? — tentei falar o mais calmo possível

—Eu queria decidir o que fazer.— sua resposta fez minha mente dar um apagão.

—Como assim? o que tem pra decidir, é nosso filho.

—Eu sei, é que, eu não queria que você se sentisse obrigado a estar comigo.

—Meu Deus Eloá — um sorriso surgiu nos meus lábios — Eu nem sei o que dizer.

—Já que estamos sendo sinceros, eu tenho que te contar uma coisa — ela me encarou por um tempo e levantou a cabeça, eu apenas assenti e ela continuou — Eu só fui no baile com você na noite do acidente porque o Jonathan pediu.

Aquilo me despedaçou, eu não posso ser hipócrita e dizer que eu nunca imaginei isso, mas ouvir da boca dela tornou o momento real, que ela estava metida nisso tudo

—E o beijo? Foi mentira?— perguntei temendo a resposta

—Não, eu me arrependi de ter feito o que o Jonathan queria, eu só percebi que te amava depois, me desculpa por isso

Ouvir ela sendo sincera me deu paz, eu não consegui sentir raiva dela, não disso, éramos adolescentes e tudo que importava agora é que teríamos um filho, um filho lindo, agora eu só conseguia sentir amor.

Eu a abracei e por um instante ela ficou parada em meus braços, até que seus braços tomaram vida e ela aconchegou seu rosto em meu peito, porém ela soltou o ar de forma pesarosa me fazendo ficar confuso

—O que houve? —coloquei as mãos em seu rosto e a encarei eu queria tanto beijá-la, ela piscou e uma lágrima caiu.

—Se não fosse esse bebê você nem estaria me dirigindo a palavra agora, depois do que eu disse e fiz...

—Eloá eu estava com raiva e isso nós éramos crianças, não tem porque ficar remoendo isso, nós vamos ter um filho!

—Theo, eu entendo que esteja feliz, e não me entenda mal, eu também estou, estou muito feliz por ter um bebezinho um pedacinho meu e seu aqui dentro de mim — ela sorriu mas seu sorriso logo morreu —Mas...

—Mas, sempre tem um mas...

—Mas eu não quero que ache que as coisas que você fez e falou foram apagadas por causa desse filho

—Mas, Eloá, eu estava com raiva e perdi a confiança porque você mentiu pra mim, eu perguntei Eloá pra você e você mentiu pra mim, me desculpa —minhas mãos ainda estavam em seu rosto, ela segurou meus pulsos com delicadeza e tirou minhas mãos dela. Ela me encarava com firmeza e seu olhar era duro e frio.

—E por acaso agora você confia em mim? — ela permaneceu me olhando

E eu sabia a resposta, a resposta era não. Eu ainda não podia confiar nela, mesmo que ela estivesse esperando nosso filho. Mas eu queria me esforçar em confiar, eu queria dar o meu melhor pra fazer isso dar certo, e eu a amava, eu a amo tanto.

—Eu te amo Eloá

—Eu não perguntei isso!

—Perguntei, você confia em mim? Está disposto a me perdoar como eu te perdoei?

—Eu não sei.

Eu deixei a verdade sair pelos meus lábios, tudo que eu mais queria era perdoá-la, mas algo em meu peito me impedia. Eu encarei aquele rosto perfeito dela, com seus olhos frios, eu não estava acostumado a receber frieza de Eloá, era sempre um sorriso, ou um eu te amo. Mas agora eu não via nenhum calor nos seus olhos castanho escuro. Ficamos calados, nos olhando como se nossa situação não tivesse solução alguma.

Ela pegou a pulseira que estava sempre em seu pulso, a encarou por um tempo, ela abriu lentamente o fecho e a colocou em uma das suas mãos. Só esse gesto foi como uma faca ser cravada no meu coração, meus olhos foram da pulseira até ela

—Nós fizemos muitas coisas, nós erramos, nós mentimos e não tem como ficarmos juntos só por causa desse bebê, eu sei que não porque eu fiz isso uma vez e tudo desmoronou.

—Eloá, não faz isso

—Theo, eu te amo, muito e eu te perdoei por tudo, mas eu vejo no seu olhar que você não, e ta tudo bem é sério — sua voz embargou — eu não te odeio, você sempre vai ser o amor da minha vida, mas ficar juntos assim não dá — ela esticou a mão com a pulseira e eu a encarei

—Eu não quero Eloá — minha voz saiu entre os dentes

—Pega — ela pegou minha mão e a puxou me obrigando a pegar a pulseira —Você não faz ideia do quanto esta doendo mas eu não vou ficar me rastejando pelo seu perdão.

—Então para Eloá, vamos ficar juntos, a gente se ama, por favor — e eu estava implorando novamente seu amor

Ela apenas me olhou com olhos marejados, balançou a cabeça negativamente 

 —É melhor eu voltar ao trabalho.

Segurei a pulseira em minha mão e permaneci paralisado, olhando seu rosto vermelho, ela estava segurando o choro e eu não conseguia falar que a perdoava. Eu a amo tanto, mas não conseguia. Agora eu já nem sabia se eu realmente tinha que perdoa-la de algo. Ela virou as costas, e eu apertei com força a pulseira chegando a sentir os pingentes fincarem em minha pele, meus dentes estavam trincados

—Eloá — ela se virou e me encarou, aqueles olhos— Eu posso te acompanhar na consulta? — ela sorriu, mas seu sorriso não chegou aos seus olhos

—Sim, eu te falo quando eu marcar, agora me da licença.

Antes de sair eu ouvi seu soluçar, ela estava chorando, e simplesmente saiu e me deixou ali parado. Eu estava com tanta raiva. Raiva de mim, era um misto de emoções, eu coloquei a pulseira em cima da mesa, peguei meu porta retrato onde havia uma foto minha e de Eloá.

Encarei nossos sorrisos, e o rosto feliz dela, eu amava vê-la sorrir. Mas eu só estava a fazendo chorar e eu odiava isso. Meu  ser borbulhou de raiva e então joguei o porta retrato na parede, ele se espatifou e a foto caiu. Eu queria tanto ficar ao seu lado. 

Eu era um estúpido.

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