VII.

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Harry finalmente vai embora da França, horas depois da entrevista e sem se preocupar em ver a repercussão.

Ele se reúne com toda a sua equipe em uma grande sala privativa do aeroporto, mas se mantém ligeiramente isolado, o que não é algo incomum, tratando-se dele.

Hoje seu objetivo é evitar perguntas sobre Louis, ainda que não seja a decisão mais inteligente, considerando a quantidade de pessoas que ele precisa investigar.

Talvez Harry tenha se precipitado com essa história toda de fingir um namoro com Louis, mas não é como se ele pudesse voltar atrás agora.

— Ei, você, tá tudo bem?

Ele desvia seu olhar do ponto fixo que estava encarando e se vira para Sarah, parada na sua frente. Ela sorri simpática e Harry devolve o sorriso.

Faz anos que Sarah é sua baterista, os dois são quase amigos. Quase porque Harry não acredita que as pessoas que trabalham para ele iriam querer ser suas amigas. Típica ideia de que chefe não é amigo de seus funcionários.

— Está sim — responde ele se ajeitando no sofá que está sentado.

— Você está mais carrancudo hoje — continua ela se sentando ao seu lado, pegando uma revista que estava jogada na mesa de centro e começando a folhear. — Está com saudades do Louis?

Harry segura a vontade de rir. Ele nem lembrava que o idiota do Louis existia, para começo de conversa. E só segura a vontade de rir porque para todo mundo os dois estão saindo.

— Claro que não, eu mal o conheço — responde Harry —, ainda é cedo para esse tipo de bobagem.

Sarah ri e Harry se concentra em tentar sentir suas emoções. Além do cheiro natural , ela cheira a despreocupação e... Mitch. Harry franze o cenho, definitivamente não estava esperando sentir o cheiro de seu guitarrista.

Isso definitivamente é algo novo.

— Vocês combinam — começa ela e Harry bufa audivelmente, revirando os olhos. — É sério! A beleza de vocês, a personalidade oposta, mas de certa forma parecida, não sei.

— Não tenho nada em comum com Louis — responde ele calmamente. — É até estranho pensar como duas pessoas tão diferentes podem ser almas gêmeas — continua. — E desde quando você conhece tanto assim sobre o Tomlinson? Pensei que todos da banda odiassem ele, assim como eu.

— Nós conversamos no hotel esses dias, ele veio perguntar de você — responde —, eu e Mitch encontramos com ele no elevador e conversamos um pouco — explica ela ao notar o olhar desconfiado de Harry.

— Que traição — lamenta-se falsamente e Sarah ri.

— Pensamos em dar uma chance a ele! A gente já sabia que vocês tinham saído e ele parecia preocupado. Não esconde as emoções tão bem quanto você.

Harry não responde, incapaz de encontrar formas para desmenti-la sem desmentir a si próprio. A respeito da alegação dela de que ele esconde suas emoções, é verdade, Harry aprendeu isso com sua mãe.

Ultimamente, contudo, ele sente que está escondendo cada vez menos, deixando sua raiva quase na superfície.

— Olha, eu sei que vocês têm histórico de brigas e tudo mais, sei que deve ser muito estranho do nada encontrar sua alma gêmea — começa ela devolvendo a revista para o lugar onde pegou. — Sei também que você decidiu dar uma chance para essa loucura, mas se isso te preocupar demais, talvez vocês devessem ir com calma, conversar mais pela internet, essas coisas. Conhecê-lo primeiro.

— Acha que podemos dar certo? — Pergunta ele, porque se a história toda fosse verdade, essa seria sua pergunta.

— Não vejo motivos para que não dê — responde Sarah suavemente. — Gostar de alguém é legal, namorar, trocar uns beijos, é divertido.

Point of No ReturningOnde histórias criam vida. Descubra agora