VIII.

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O brunch da Prada acaba por ser terrivelmente chato.

Como o esperado, as pessoas ficam o tempo todo ao redor de Harry, mas nenhuma delas parece saber fazer as perguntas certas. É claro que muitas se concentram apenas em elogiá-lo, ansiosas para ver as fotos de ontem para a nova coleção da marca.

Muitas perguntam sobre Louis ou insinuam sobre ele. Harry apenas se limita em dizer que ainda não teve tempo de vê-lo na Itália. O tom de lamentação das pessoas ao ouvirem isso é o que o mata.

Não trabalhe tanto, dê atenção ao seu alfa, repetem incansavelmente. Harry apenas quer trabalhar sem ter sua vida pessoal envolvida em tudo. Manter sua privacidade sempre foi o principal para ele. Talvez ele tenha sido ingênuo demais em acreditar que conseguiria.

Ainda que a situação toda com Louis tenha começado com o interesse financeiro de alguém, continua sendo estranho precisar compartilhar qualquer coisa com essas pessoas, porque o tempo todo ele pensa que todos acreditam na mentira deles. Todos acham "ok" questioná-lo.

Harry observa James a uma curta distância, de cara fechada. Seu empresário faz sinal para ele sorrir — e esse é basicamente o resumo daquela manhã.

Finalmente eles vão embora, já passa das duas da tarde e tudo que Harry quer é tirar um cochilo, mas quando chegam no andar que está hospedado e a lembrança do cheiro de Louis atinge Harry, ele se lembra do festival.

Ele também se questiona por que o cheiro de Louis vem tão fácil a ele, provavelmente porque o alfa é a pessoa que ele menos confia e mais despreza, sempre deixando-o em estado de alerta.

Harry se pergunta também se esse não é o modo de seus instintos dizerem que Louis pode estar por trás de tudo isso. Quem sabe? Afinal de contas, ele poderia estar buscando limpar sua imagem, forçando uma aproximação entre eles para ninguém acreditar que ainda se odeiam.

— Louis me convidou para o show dele hoje — começa Harry quando James já está se despedindo dele.

— Convidou? E você não vai? Deveria ter avisado antes e nós voltaríamos mais cedo.

Harry ri com escárnio.

— Não vou faltar de compromissos de trabalho para ver um alfa que mal conheço, cantar músicas que nunca ouvi e que provavelmente vou odiar.

James o encara em silêncio. Ele ficou tão surpreso com a notícia do convite, que nem sua colônia mequetrefe conseguiu esconder.

— A vida não é só trabalho, Harry. Você deveria ir. Que horas ele se apresenta?

Harry só sabe que é à noite, então não responde. Ao invés disso ele abre a porta da sua suíte e entra, dando de cara com um passe vip e um bilhete.

Para você aprender o que é música de verdade. Às dez horas.

— Louis.

— Vai demorar ainda, quando for umas nove e pouco eu saio daqui — responde Harry revirando os olhos para o bilhete, pensando que agora ele precisará convidar Louis para um de seus shows e mostrar a ele o que realmente é música.

— Ok, vou avisar Miller para que ele te acompanhe — responde James animado. — Será um show ótimo. Se divertir às vezes é bom, Harry.

Ele não se incomoda em responder que sua ideia de diversão é totalmente o contrário disso, apenas deixa James na sala e segue em direção ao quarto, para tomar banho.

Quando se deita para cochilar usando a blusa idiota do Joy Division, Harry não se incomoda em colocar o celular para despertar.

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Point of No ReturningOnde histórias criam vida. Descubra agora