XIX.

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Ainda dormindo, Harry tem a estranha sensação de que alguém está chamando-o, mas ele é incapaz de despertar. Por mais que tente, ele se sente tão cansado que tudo que faz é abraçar o alfa com mais força, respirando o cheiro dele com mais intensidade.

O cheiro é suficiente para fazê-lo voltar a dormir, a voz ficando distante até sumir.

— Harry, acorde.

Harry se senta na cama com o coração disparado, acordado, mas sem entender o que está acontecendo. Ele sente um par de mãos gentis segurando seu rosto e seu olhar se fixa nos olhos de Louis.

— Me desculpa — pede o alfa preocupado. — Coração, me desculpa por ter te acordado assim — continua ele puxando Harry para um abraço. — Me desculpa ter usado minha voz de alfa, mas você não estava acordando, seus batimentos estavam tão fracos...

O ômega engole em seco, receoso em respirar fundo e ser afetado pelo cheiro do alfa novamente.

Aos poucos, seus batimentos cardíacos voltam ao normal e Harry começa a entender o que aconteceu, ainda embalado nos braços de Louis. Finalmente, ele se afasta, sentindo seu rosto quente.

— Seu celular estava tocando, acho que você tem compromisso agora — disse Louis deixando-o ir.

— Eu... sim, eu provavelmente tenho — responde Harry baixinho se levantando, ficando de costas para o alfa, ele pega seu celular e vê como está atrasado. — Tenho uma reunião em quatro minutos.

Ele dormiu demais, perdeu o café da manhã e o tempo que reservou para treinar sua habilidade.

— Vai se arrumar, vou encontrar uma roupa pra você — disse Louis se levantando também.

O alfa está usando apenas uma camiseta preta e cueca box. Harry encara as coxas dele como se nunca tivesse visto as pernas de uma pessoa. Ele engole em seco e desvia o olhar, focando-o nos olhos azuis de Louis.

— Eu estava em semi-hibernação, não teria acordado tão cedo se não fosse... enfim, obrigado e me desculpe. Imagino que você também tem compromissos.

Semi-hibernação é algo difícil de acontecer, é preciso uma intimidade muito grande entre o ômega e o alfa, um estado de cansaço grande potencializado pela sensação de conforto, geralmente quando o casal fica muito tempo separado. Não é o caso deles, mas Harry tem o olfato hipersensível então é o suficiente.

Harry se pergunta o que aconteceria com ele se os dois fossem um casal de verdade e conclui que não quer descobrir. É perigoso, de certa forma, ainda mais para ele, que está sempre em alerta.

— Está tudo bem, vá se arrumar, vou escolher algo para você vestir — disse Louis. Harry o encara. — Para de fazer essa cara, eu tenho bom gosto.

Ele entra no banheiro e se encara no espelho, notando como suas bochechas estão vermelhas. Harry balança a cabeça para si mesmo e pega sua escova de dentes, depois ele ajeita seu cabelo da melhor maneira que consegue.

Ao sair, ele nota um par de jeans claro em cima da cama, com uma meia branca do lado e vans pretos no chão. Esquecendo-se que Louis está ali, Harry tira seu pijama, notando o olhar do alfa em si apenas quando está abotoando a calça.

— Pare de me encarar — manda ele, mas sua voz não sai nada convincente e ele se vira para colocar o tênis, sentando-se na cama e esperando que Louis não note como ele está vermelho. — Ok, preciso de uma camiseta agora — murmura para si mesmo, se levantando.

— Ah, aqui — disse Louis.

Harry se vira na direção dele bem a tempo de vê-lo tirar a blusa que estava usando, estendendo-o na sua direção.

Point of No ReturningOnde histórias criam vida. Descubra agora