XXIV.

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Por mais chocante que isso possa parecer, Louis estava certo e o restaurante tinha sua melhor mesa disponível para eles, na parte externa, de frente para o mar.

Assim que eles se sentam, um garçom serve água e entrega os cardápios. É um restaurante de frutos do mar com culinária típica espanhola, Harry não faz a menor ideia do que pedir, então opta pela sugestão do chef e vinho tinto, Louis escolhe a mesma coisa.

Enquanto esperam, os dois apenas conversam.

Harry não se lembra de ter conversado tanto com uma pessoa em um único dia, mas sempre tem algo para ser dito por eles, ambos igualmente investidos no que o outro tem a dizer.

— Agora me conta por que me odiava. A verdade dessa vez — disse Louis depois que o garçom trouxe a comida deles.

— Eu não menti aquele dia — responde Harry pegando seus talheres ao lado do prato.

Louis não acredita nele, evidentemente, e fica o encarando, esperando. Por fim, Harry suspira e revira os olhos.

— Quando você estourou e assinou contrato, eu estava procurando alguma gravadora ou um agente que pudesse me ajudar. Já estava fazendo barulho na internet e fazia pequenas apresentações. Um belo dia, James me encontrou. Acho que dois dias depois da sua gravadora anunciar que você tinha assinado com eles?

A verdade é que Harry se recorda que foram realmente dois dias depois, ele se lembra de pensar em como Louis era sortudo, em onde ele poderia ter errado para não conseguir o mesmo contrato... até James aparecer e oferecer praticamente a mesma coisa.

Harry tinha acabado de se apresentar em um pub, seu pai estava com ele, porque ainda era menor de idade. James usava um terno cinza e entregou um cartão ao pai de Harry, mas seus olhos nunca desviavam dos do ômega.

— Nos primeiros dias foi tudo ótimo — continua Harry, focando na parte importante da história. — Eu conhecia a gravadora, alguns compositores que iram me ajudar e assinei contrato, mas logo descobri o verdadeiro motivo de terem ido me procurar.

— E qual foi? — Questiona Louis.

— Você — responde Harry e Louis franze o cenho, confuso. — James foi demitido pouco tempo antes de você assinar e ele queria alguém que ficasse mais famoso, para mostrar como estavam errado em demiti-lo.

— Ah, nossa, eu sinto muito, Harry. Você sabe que independente disso, você é um artista muito talentoso, não sabe?

Harry ri fraco e assente antes de tomar um gole de vinho.

— Bom, agora eu sei, mas na época foi bem difícil assimilar que eu só tinha um contrato por causa da arrogância de um homem — responde Harry encarando sua taça, pensando sobre aquela época. — Sermos comparados apenas piorou tudo, como se fossem descobrir que eu só estava ali por causa de você e decidirem que eu não merecia o mesmo reconhecimento.

— Você nunca esteve em lugar algum por minha causa, Harry — começa Louis pegando sua mão. — Você é muito talentoso, se James te escolheu, era porque ele sabia que você tem o que é preciso, você se sairia bem independente de mim.

Já faz anos que ele sabe sobre isso, mas é bom ouvir Louis dizendo.

— Se eu acreditasse em destino, diria que foi isso — responde Harry ainda com seus dedos entrelaçados com os de Louis, o qual não diz nada. — Você acredita?

— Nunca me aconteceu nada que me fizesse acreditar, para ser sincero — responde Louis apertando a mão de Harry antes de soltá-la, sorrindo durante o processo.

Harry devolve o sorriso, mas o seu é malicioso quando diz:

— Eu até acreditaria, se não tivesse alguém por trás dessa história toda.

Point of No ReturningOnde histórias criam vida. Descubra agora