Point of No Returning

XVII.

Harry perde seu voo para a Espanha.

Na verdade, ele escolhe não ir. Se levanta tarde (ainda que não tenha dormido nada na noite anterior, é tarde considerando o horário que deveria chegar ao aeroporto), demorar para arrumar suas coisas e avisa Miller que o jato particular pode partir sem ele.

Seu segurança não o questiona, mas seu cenho se franze, porque Harry nunca se atrasa, principalmente quando está trabalhando.

Seja como for, esse é seu dia de folga, não é um voo longo, o ômega pode embarcar mais tarde sem problemas.

Ele se senta na sacada de seu quarto e observa o trânsito enquanto pensa na entrevista do dia anterior. Seria normal refletir sobre — se ele não tivesse pensado sobre ela a madrugada inteira.

— E o que você acha de Louis se jogando no meio dos fãs? — Perguntou o entrevistador rindo. — Sente ciúmes?

— Não, claro que não — negou Harry prontamente —, faz parte do show, não é? Não me importo — acrescentou tentando disfarçar como acha a ideia péssima.

Esse momento não deveria ser motivo de preocupação, mas fez Harry se questionar se a raiva que sentiu era ciúmes.

Explicaria muitas coisas, mas abriria um leque muito maior de coisas que ele não quer pensar.

A maneira de Harry lidar com isso foi perdendo o sono e depois o voo (porque sabia que James tinha sugerido que viajassem juntos novamente), temendo seu próximo encontro com o alfa.

Ele embarca poucas horas depois do horário original, ainda é cedo, então Harry chega pouco depois do meio-dia.

NÃO RESPONDER:

Hey, fiquei sabendo que você perdeu seu voo.

Aconteceu alguma coisa?

As mensagens de Louis chegam assim que o avião pousa. Harry as vê assim que entra no carro e encara a tela do celular por longos minutos, antes de desviar e encarar a paisagem.

Não faz o menor sentido ele sentir ciúmes de Louis Tomlinson, porque para sentir ciúmes ele precisaria gostar do alfa, o que não é o caso. Veja bem, o que o ômega sabe sobre ele? Nada.

Harry apenas sabe que ele possui duas habilidades, o que é raro. Que ele sabe tocar guitarra e gosta da música Let It Happen, do Tame Impala. O ômega sabe que o cheiro do alfa é muito bom, e ele beija como se o mundo fosse acabar em seus lábios, ele segura Harry nos lugares certos, porque sabe o que está fazendo.

Sabe também que o alfa confia muito fácil, que é amigo de praticamente toda sua equipe. Que não leva as coisas a sério. Harry sabe que seus olhos azuis estão sempre mudando de cor, de acordo com o que Louis está vestindo.

Isso significa que Harry precisa se afastar, antes que as coisas piorem. De agora em diante, ele só verá Louis quando não tiver outra alternativa e só falará com ele quando for extremamente necessário.

Ao chegar no hotel, Harry vai direto almoçar, em uma sala privativa, depois, ele questiona se tem algum lugar onde terá privacidade. Os funcionários do hotel liberam o terraço para ele, onde há uma pequena estufa e algumas espreguiçadeiras.

Assim que é deixado sozinho, Harry compra alguns livros sobre habilidades, nada específico sobre o olfato, para não chamar a atenção.

Não que ele acredite que o governo britânico esteja monitorando seu histórico de pesquisa do Google e suas compras na Amazon, mas ser cauteloso foi algo que aprendeu com sua mãe.

Enquanto termina de escolher os livros, Harry se pergunta o que teria acontecido se ela tivesse ensinado ele a usar sua habilidade, ao invés de tentar protegê-lo de pessoas mal-intencionadas.