Point of No Returning

IX.

Na segunda-feira, seu quarto dia na Itália, Harry acorda depois das dez. Ele ainda se sente cansado do dia anterior, mas precisa trabalhar.

Harry até poderia ficar mais tempo dormindo, mas suas olheiras são quase imperceptíveis e ele sente que não conseguiria voltar a dormir, de qualquer forma.

Hoje ele irá gravar um videoclipe para seu novo álbum, o que é uma das coisas mais legais para se fazer em sua profissão. Harry simplesmente adora a rotina caótica de trocas de roupas e conceitos que só ele entende.

Tudo se parece com uma grande piada interna e Harry sempre apreciou piadas assim.

— Bom dia, Harry, ansioso para as gravações? — Pergunta Miller quando ele finalmente deixa seu quarto, para ir almoçar.

Normalmente, ele almoça um pouco mais tarde, mas Harry sabe que não terá tempo para isso entre as gravações — no máximo um lanche rápido.

— Eu diria que estou animado — responde ele sorrindo.

— Fazia tempo que eu não via um desses — comenta seu segurança caminhando ao seu lado em direção ao elevador.

Harry dá de ombros.

— Eu adoro gravar.

Miller fica em silêncio até os dois estarem dentro do elevador.

— Achei que eu humor iria melhorar, considerando que agora você encontrou sua alma gêmea. Vocês dois parecem estar se dando bem.

Segurado a vontade de revirar os olhos, ele responde:

— Bom sim, mas ainda estamos nos conhecendo, é cedo demais para afirmar que isso irá funcionar. Já conversamos sobre isso.

Miller assente, quando volta a falar, a mudança de assunto pega Harry desprevenido.

— Você não precisa ser tão desconfiado a respeito tudo. Esse é o meu trabalho — começa ele. Harry abre a boca para contra-argumentar, mas Miller faz um gesto simples, pedindo que ele espere. — Sei que você herdou isso da sua mãe, que ela te passou toda essa cautela, mas nós precisámos disso em nosso trabalho, você, não.

É verdade, mas Harry não sabe como ser de outra forma. Ele foi criado assim e não apenas porque sua mãe o ensinou, mas em decorrência de sua habilidade também e necessidade de escondê-la para sua proteção.

Para Harry, ele não conseguiria mudar, nem que tentasse. E ele não está certo de que iria querer tal coisa. Funcionou até então.

No fundo ele sabe que não funcionou tão bem assim, mas não pensará muito sobre isso, nada de bom virá se o fizer.

Os dois almoçam em silêncio e seguem para onde o clipe será filmado logo em seguida. Miller dirige e Harry se senta no banco da frente, porque às vezes ele sente falta de fazer tal coisa.

— Você não precisa ficar aqui o dia todo, sabe — diz ele quando chegam. — Pode tirar o dia de folga e aproveitar a cidade. Tem centenas de pessoas aqui, vou ficar bem.

— Obrigado — responde se segurança, mas quando Harry desce do carro, percebe que seu segurança está seguindo-o, ignorando totalmente a folga.

Harry cumprimenta todo mundo rapidamente e segue para a tenda onde seu cabelo e maquiagem serão feitos. Eles não fazem nada muito espetacular, apenas corretivo, um pouco de base e arrumam seus cabelos de modo que seus cachos (geralmente escondidos) fiquem mais definidos.

Ele está terminando de se trocar quando sente o cheiro de Louis.

A princípio, Harry pensa que está enganado, porque não faz nenhum sentido Louis estar ali. Ele até pensou que ao alfa já tinha ido embora da Itália, depois que ele foi buscar sua camiseta.