XXIX

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A consciência do que estava acontecendo foi tomando conta de Harry aos poucos. Começou com seus olhos se arregalando, depois com seu coração batendo ridiculamente rápido e aquela dor de cabeça que fazia seu rosto esquentar sempre que se sentia em desespero.

Essa última era algo que Harry nunca tinha visto ninguém relatar. Ele se concentra em se lembrar da primeira vez que se sentiu assim, quando tinha 6 anos e começou a aprender matemática.

— Caralho, eu vou ter uma criança — conclui ofegante.

A cada minuto que passa, ele sente mais dificuldade para respirar. Seu peito dói e ele se senta em uma das espreguiçadeiras, pensando se vai demorar muito para o ataque de pânico passar.

Ele sabe que precisa se concentrar em respirar, mas tudo que consegue pensar é que ainda não está pronto para ter um filhote.

— Harry? Harry, você tá bem? — Questiona alguém se aproximando.

Harry não se vira para ver quem é, mas logo seus olhos estão focando no olhar preocupado de Oli.

— Você quer que eu chame alguém? — Questiona Oli se agachado a sua frente. — Vou pedir uma água pra você.

O ômega não diz nada, apenas fecha os olhos, se concentrando no que consegue sentir o cheiro, enquanto um Oli preocupado conversa com um funcionário do hotel.

Um copo com suco e outro com água é oferecido a Harry pouco tempo depois, ele escolhe o suco e murmura um obrigado fraco.

— O que você precisar, pode contar comigo — diz Oli observando-o tomar o suco. — Sei que nunca tivemos a oportunidade de conversar, mas você pode confiar em mim.

Harry sente vontade de rir, mas no fundo ele se sente péssimo por não conseguir confiar em ninguém.

Além disso, quando confiou, tudo deu errado pela pessoa pedindo para que Harry confiasse nele.

Mas Oli está cheirando a honestidade, e, se ele estiver realmente grávido, isso não será um segredo para Oli.

— Preciso que vá até uma farmácia, eu não posso fazer isso e, se eu for, minha compra chamará muita atenção — diz Harry por fim.

— Duvido que será tão ruim quando o que Louis me pede para comprar — brinca Oli, mas Harry continua impassível.

— Preciso de testes de gravidez, os melhores disponíveis.

Os olhos de Oli se arregalam e ele altera seu olhar entre Harry e sua barriga.

— Caralho.

— É, caralho — comenta Harry, se questionando quando precisará parar de falar palavrões perto do bebê.

Caralho, um bebê.

Mas isso não é motivo de pânico! Exclama para si mesmo, pode dar negativo! Adiciona depressa.

— Ok, eu vou, mas me passa seu telefone antes, se precisar de algo, é só me ligar — diz Oli pegando seu celular do bolso.

— Posso mandar uma mensagem para o seu Instagram — sugere Harry, grato por essa oportunidade.

Apesar do momento ser péssimo, a oportunidade surgiu como uma benção — agora ele pode finalmente acabar com essa história.

— Não tenho Instagram — diz Oli, com uma honestidade que pega Harry de surpresa. — Cadê seu celular?

Harry entrega o aparelho desbloqueado ainda em choque, com o cenho franzido, observando Oli colocar seu número e depois ligar seu celular. Ele se despede rapidamente e Harry fica sentado lá, percebendo que estava errado.

Point of No ReturningOnde histórias criam vida. Descubra agora