03 - Início

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O amor pode conter vários lados, várias formas e várias dores. Ele pode não ser apenas doce e caloroso, também não é somente dor. Então o quê ele é? O equilíbrio dentro dele é o que o torna real. Capaz de superar e aguentar as dificuldades em conjunto. Seja em relacionamento, amizade ou família, ele é um remédio equilibrado para todas as circunstâncias da vida, motivando-nos a fazer qualquer coisa, sejam elas boas ou ruins. Então, a culpa é realmente minha, ou desse maldito amor?

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Foi doloroso demais sair daquele hospital após a ligação. Minha mãe repetiu duramente que eu não mereço estar perto dela.

Respeitando sua decisão, finalizei aquela chamada confirmando minha presença na entrevista de emprego hoje a tarde.

Durante o trajeto de volta para casa, sinto meu estômago se revirar, como se quisesse expulsar tudo que há nele, mesmo não tendo nada.

Destranquei a porta, logo retirando meus sapatos e entrando na casa. Me arrastei até o sofá jogando-me sobre o mesmo, esparramado.

Antes, bati na quina da mesinha e devo dizer, que dor!

- O quê mais eu deveria fazer?

Encarei o teto fazendo massagem no local antes machucado.

- Você tá aí?

Eu sei que não terei uma resposta, mas virou um hábito imaginar que meu irmão pode me ouvir.

- Eu estou cansado. Você viu o que ela falou hoje?

Suspirei pesadamente ao me lembrar de momentos atrás.

- Acho que agora estou sozinho de novo.

Silêncio.

É sempre assim por aqui. Tudo tão quieto e calmo demais. Embora eu goste, também me machuca.

Eu queria ter alguém para compartilhar as coisas.

Queria poder brigar quando necessário, acredito que até mesmo este ato precise de atenção para ser feito, e rir de coisas idiotas, como vejo as pessoas fazendo.

Também gostaria de companhia para comer, principalmente.

- Terei isso algum dia? Você vai fazer isso comigo quando nos encontrarmos novamente? Vamos poder brincar e compartilhar coisas de irmãos?

Sinto uma dor em meu peito.

Um aperto profundo e sufocante.

Um vazio inexplicável.

- Desculpa... Eu não sei como te machuquei, mas eu não... Eu não queria...

Novamente, o choro me toma.

- Sinto falta da sua voz...

A culpa me sonda, me sufocando e causando uma agonia indescritível.

Eu não sei o que dói mais: não lembrar o que fiz ou tê-lo matado.

Me levantei vagarosamente.

Não quis comer, pois não consigo. A ansiedade não me permite. O peso na consciência pelo que irei dar início também não.

Mentiras - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora