Mentiras - VegasPete

01 - Proposta

O amor tende a conectar seres, almas. Curar suas feridas ou ameniza-las. O amor liga pessoas e vidas causando uma extraordinária colisão de proteção e apoio. Uma rede de felicidade da qual eu não conheço. Passei vinte e quatro anos assistindo de longe, sempre que podia, famílias sorrindo, brincando, comendo juntos, pais cuidando de seus filhos quando os mesmos caíam, ao invés de bate-los ou maltrata-los, e sempre me perguntei - Como deve ser a sensação de ser amado assim? - Não entenda mal, eu também sou amado, porém não desta forma. Minha mãe sempre me disse que esse amor feliz é falso, mentiroso e enganoso. Por isso era sincera comigo sobre tudo. Ela foi a primeira a me ensinar quem eu sou de verdade.

Ouvi dizer que o amor muda quem somos, transforma nossa personalidade e muda tudo ao seu redor. E que também cometemos erros por ele. Eu sou Vegas Theerapanyakul e essa é minha história de erro ou amor, como preferirem.

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Há 1 Ano atrás.

Nos últimos três anos, desde que minha mãe descobriu a doença e retornou para minha vida, minha rotina tem sido um eterno ciclo.

Acordo, passo as manhãs com ela no hospital e corro atrás de emprego, as vezes tenho sorte e consigo uns bicos.

Graças ao meu último emprego ainda tenho umas economias guardadas, mas tem acabado e eu preciso de mais dinheiro. O tratamento dela tem custado cada vez mais caro.

Durmo pensando no que farei no dia seguinte e tento ao máximo não deixá-la saber de minha situação econômica atual.

Um misto de alívio e preocupação me rondam.

Ela e eu não temos uma relação muito amorosa, pelo menos, não da parte dela. Mas não a culpo, afinal a culpa é toda minha. Me esforço ao máximo para obter um gesto de atenção sua. É assim desde aquele fatídico dia...

Me pergunto se tivesse sido eu no lugar dele, ela também ficaria assim por mim?

Antes de chegar ao quarto esbarrei com Amber, a moça que cuida dela, já que ela não me quer muito tempo por perto.

Minha mãe me mandou pagar alguém para ficar com ela. Venho de manhã cedo para que a cuidadora possa voltar para casa e descansar um pouco antes de trocar comigo de novo.

- Bom dia, Vegas. - Me cumprimentou. Amber e eu não temos nada além de uma relação profissional.

- Bom dia, como ela está?

- Bem, foi uma noite tranquila. Até depois.

- Até. Tenha um bom descanso.

Respirei fundo me preparando para mais um encontro.

Cheguei ao quarto onde ela está hospitalizada.

- Bom dia mamãe. - Sorri ao vê-la. Fico feliz por ainda poder vê-la todos os dias.

Caminhei até sua cama.

- Não sei o que tem de bom. - Falou amargurada torcendo o rosto como sempre fazia.

Tento não focar em seu estado, pois sei que a doença pode afetar seu humor. Tento sempre parecer positivo para ser seu apoio.

Só temos um ao outro neste mundo.

Farei de tudo para ser o motivo da sua felicidade ao menos uma vez na vida.

- O Sol está incrivelmente brilhante lá fora. - Falei animado abrindo as cortinas.

- Feche isso agora! Ainda não aprendeu que odeio claridade, seu imbecil?! - Olhei para os pássaros lá fora. Eles brilham apenas ao bater suas lindas asas. Parecem tão livres...