02 - Culpado

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Quando tudo parecer desandar, quando tudo desabar, quando tudo cair sobre seus ombros e te fizer achar que quer desistir, apenas pare.

Olhe para você e se cuide. Não tome decisões das quais não tem certeza. E mesmo que o mundo te dê apenas uma opção, saiba que ainda existem três.

Pare de focar somente no que está à sua frente. Olhe para todos os lados, principalmente para trás.

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Dirigi sem muita cautela, confesso. O medo, o desespero tomando conta de cada molécula em meu corpo e alma, com a mísera possibilidade de perdê-la, me fez perder qualquer foco. Qualquer resquício de racionalidade.

Não que eu tivesse alguma.

Era sempre assim, se o assunto fosse ela.

Embora eu tenha crescido uma parte da minha infância com meus pais, não me lembro muito dele. As vezes ouço a voz masculina em tons que não gosto de lembrar, principalmente, quando perco o controle sobre meu corpo.

Estacionei depois de estancar, pois estou tão nervoso que esqueci como parar a Veguinhas. Minhas mãos tremem e minha respiração está descompassada.

- Desculpa, minha menina. - Passo a mão rapidamente sobre ela. - Papai precisa ir.

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- Amber! - Chamo ao vê-la do lado de fora. Tropeço e quase caio em cima dela. Que vergonha! - Desculpa!

- Relaxa, você se machucou? - Ela me segura.

- Não... E a mamãe? - Ofego, ainda cansado da corrida.

- Estão medicando. - Responde, preocupada.

- O que aconteceu?! - Ouço alguns gritos da minha mãe ao fundo.

- Espera! - Amber me segura quando tento entrar.

- Ela está fora de si. Está gritando absurdos há um tempo.

- Eu preciso vê-la! - Tento passar, mas ela me segura mais forte.

- Vegas! Ela está despejando raiva em você. Espere aqui. - Diz com cautela.

Paraliso.

O que eu fiz agora?

Sinto meu peito apertar.

- Preciso vê-la. - Puxo meu braço do seu aperto.

- Você não pode entrar, ninguém pode. - Amber se coloca na frente da porta. No fundo, eu sei que ela só quer me proteger. Ela já presenciou minha mãe brigando comigo algumas vezes.

- Me explica como aconteceu? - Peço, tentando manter a calma, mesmo que meus lábios tremam e minhas mãos suem.

Minha mãe costumava gritar comigo na infância...

"Você sempre é o problema!"

- Eu saí para dar uma volta, mas ela estava dormindo. Quando voltei, ela berrava coisas... dolorosas... - Amber diminui o tom conforme fala.

- Tipo o quê? - Pergunto, receoso. No fundo, eu não quero saber... Ou quero, sim...

- Prefiro não repetir... - Ela desvia o olhar.

- Por favor... Me fala. - Quase sussurro. Por que faço isso comigo? Por que me maltrato desse jeito?

- É melh-

Mentiras - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora