Mentiras - VegasPete

28 - Foco

A vida apresenta uns embaralhamentos complexos que te fazem tantos questionamentos sem respostas alguma.

Te tornam uma bagunça confusa, cansada, exausta.

É porque a resposta está onde você menos procura.

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"Foi um dia de chuva. A água forte que derramava do céu nós impedia de ir ao jardim contemplar mais um ano de decoração natalina. Mamãe havia viajado ontem para uma cidade próxima e chegaria hoje, dia 25 de dezembro de 2006.

Tenho 8 anos e Porsche 9. Estamos brincando de pega pega dentro de casa. Papai havia pedido cautela ao subirmos as escadas correndo, mas não importava, pois só queríamos nos divertir.

No relógio, os ponteiros mostravam 16:00 horas.

Mamãe estava prestes a chegar.

Papai e ela sempre estavam ocupados, porém faziam o possível para estarem presentes e juntos em datas comemorativas, tal como o natal.

Parecíamos uma família de verdade, e éramos até que eu deixasse de honrar a ela com a minha imagem real. Com a minha sexualidade.

Mamãe finalmente estava em casa.

Jantamos todos juntos entre risadas, fotos, vídeos, trocas de caricias, e até mesmo entre meu irmão e eu.

Porsche e eu não erámos o exemplo de união, mas gostávamos da presença um do outro e demonstrávamos isso do nosso próprio jeito.

Quando eu cheguei ele já estava por aqui e era bom saber que ele me protegia como um irmão mais velho, pelo menos até os meus 12 anos onde tudo mudou.

Após o jantar trocamos presentes e agora estou no meu quarto guardando tudo o que ganhei.

Estou muito feliz por tê-la aqui. Mamãe saiu ao receber uma ligação e não demorou a voltar. Enquanto espero por ela, brinco com o meu mais novo ursinho de pelúcia azul que ela trouxe da viagem de hoje.

Desde muito jovem eu aprendi a ler suas expressões, principalmente por seus olhos.

Comecei por ela e desde então consigo ver em todos ao redor, porem, e infelizmente, como toda e qualquer ilusão, o amor me impede de utilizar a leitura de forma coerente, uma vez que, eu não quero ser magoado por quem amo evitando encarar a realidade, pois eu jamais faria tal coisa.

Seja como for, eu sou fiel a quem me tem, e onde o meu amor estiver, estará a minha lealdade.

Ao entrar no quarto seus olhos já não eram aqueles de quando havia saído.

Eu sabia que viria algo que eu não queria ouvir.

- Meu raio de Sol, a mamãe adorou estar com você hoje. - Disse sentando ao meu lado no chão.

- Mas agora... Você não pode ficar... Certo? - Perguntei receoso encarando a pelúcia em minhas mãos.

Ela tocou meu queixo erguendo meu rosto para o seu.

- Eu já disse o quanto amo sua inteligência? - Disse carinhosamente deixando um selar em minha testa. Fechei os olhos ao receber o carinho.

- Para onde você vai? - Questionei um pouco triste fazendo um leve bico. Eu esperava poder passar o resto do natal com ela.