09 - Ruim

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Todos escondemos algo. Todos lutamos contra nossas próprias mentes. Todos somos guerreiros diante de tanta batalha consigo mesmo dentro de um quarto escuro onde existem apenas você e seus medos. Todos são seres assustados. Todos reagem de forma diferente, mas ainda assim, são reflexos.

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Tive uma noite menos cansativa.

Acordei me sentindo muito bem.

Coloquei um lindo sorriso na boca.

Foi tão bom a noite de ontem.

Me sinto tão leve...

Mas infelizmente, como tudo na minha vida, minha mente é inconstante.

Enquanto dirijo para o trabalho ela faz sua função em me atormentar.

De repente um vazio preenche meu peito. Uma angústia em pensar que quando eu terminar o que vim fazer irei perder todos.

Ficarei sozinho de novo.

Quando todos descobrirem quem sou de verdade, irão me odiar. Talvez, sofra além... Conhecendo meu chefe...

A Buppha... Seu Top... Não quero magoa-los.... O que devo fazer? Minha mãe está melhor... E se ela tiver uma recaída e eu não puder ajudar? Nunca terei outra chance de conseguir seu perdão...

Preciso continuar.

Temo por mim, mas principalmente por minha mãe.

O fato dela não ter mais o mesmo sobrenome que o meu vai me ajudar a mantê-la longe de qualquer perigo que possa surgir se me descobrirem.

É errado gostar das pessoas que estão sendo legais comigo? Eu nunca tive ninguém assim antes. Eu quero permitir, quero sentir, experimentar esse amor do qual minha mãe sempre me disse para ficar longe, por quê por alguma razão me faz muito bem...

Não me parece tão ruim quanto ela me dizia ser....

Parece melhor... Muito melhor do que já recebi...

Deixei prá lá todas as emoções que possuía nesse momento.

Estacionei Veguinhas e segui para o andar costumeiro de escadas.

Ainda bem que gosto de exercícios ou já teria um infarto.

Assim que cheguei precisei recuperar o fôlego. Descansei sobre o balcão onde minha amiga estava organizando alguns papéis.

- Bom dia, Buppha. - Digo, tentando controlar a respiração.

- Bom dia, Veguinhas! - Disse, sorrindo. - Já está ficando velho mesmo. - Brinca.

Ela me deu um apelido. Eu recebi um apelido.

É o mesmo da minha moto, me sinto confortado.

É por isso que não consigo sair disso. Mesmo que seja muito errado.

- Ainda com medo do monstro de aço? - Me pergunta, sussurrando as últimas palavras.

- Infelizmente. - Sorri, sem mostrar os dentes. O medo não era exatamente dele, mas das lembranças que retornaram. - Seu Top vem hoje?

- Ainda não chegou. Nem ele, nem o príncipe. - Murmura, como uma fofoca.

Estranho, costumam chegar cedo demais.

- Ainda bem. - A voz de um homem desconhecido soou com alegria atrás de mim, me fazendo virar. - Bom dia, Buppha!

Que susto.

Mentiras - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora