44 - Alívio

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Amar alguém não te isenta das dores que tal pessoa carrega. Ainda que seu sentimento traga cores para a vida deste ser, ele não é a cura, pois somente nós podemos ser a nossa própria cura.

Leve consigo o amor como algo bom que te motive e inspire a continuar.

Veja tal sentir como a luz no final do túnel, mas não confunda amor com dependência.

O amor não é sobre sugar.

Ele é sobre somar.

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- E-Ele... - Sinto minha garganta secar. - E-Eu
quero que... Que ele pare de sofrer... - Abracei meus joelhos enxergando de forma turva a figura de Arm a minha frente.

- Pega ali. - Escutei Arm ordenar.

Nop me segurou pelos joelhos e Arm por de baixo dos meus braços para me afastarem do desastre que causei.

Ainda que eu consiga entender o que acontece é como se nada fizesse sentindo, uma vez que minhas emoções transbordam desespero e confusão.

Aquela necessidade pelo desejo de que tudo se realize de uma só vez.

O medo pelo qual mal sabemos definir.

- E o que mais? - Senti sua mão retirar a liguinha de Pete do meu pulso.

Ei... Não a tire de mim... A deixe aqui... Foi um presente dele...

- Amor... Desse jeito ele vai acabar sufocando. - É o tom preocupado de Nop.

- Ele já tá sufocado. - As mãos de Arm levam meus fios grudados nas bochechas, os prendendo para trás.

- E-Ele... E-Eu... - Não consigo expor. Sinto o desespero tomando o lugar de qualquer outro sentimento transbordando aqui dentro.

Do medo.

Do desespero.

Do receio.

Do anseio.

- Pega a água gelada, Nop. - A voz de Arm parece cada vez menos nítida.

A realidade e a racionalidade já não parecem fazer parte de mim neste momento.

Os medos me consomem até que me façam pressionar meu pescoço em uma tentativa falha de diminuir o ardume dilacerante que sinto intensificar.

Sinto alguém me puxar para um abraço vindo por trás.

Sinto mãos retirarem as minhas do pescoço enquanto faço força para mantê-las lá.

- Segura aqui. - É o mesmo tom sem foco.

Passo a apertar outra pele.

Sinto que irei sufocar.

Minha cabeça dói, meu peito aperta, minha visão embaça e minha mente grita todas as minhas inseguranças.

Também sinto o impacto que o olhar sobrecarregado de Pete teve sobre mim.

A forma como me atacou e fez morada aqui.

É como se eu pudesse sentir sua dor, mas sem saber qual seja ela.

Sinto meu corpo pesar e colidir com alguém que me sustenta por trás.

- Aqui, amor. - Outro tom que também está extremamente distante.

Sinto um líquido gélido ser espalhado por meu rosto através de um toque quente e suave.

Mentiras - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora