20 - Insegurança

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A insegurança é como um infarto lento e letal. Ela mastiga sua mente até arrancar seu ser. Sua alma se perde em meio a tantas "verdades" que você já não sabe mais quem está mentindo.

Mentindo ou reagindo? Sua mente te faz acreditar que tudo é assustador ao ponto de te isolar.

A verdade ou a mentira se tornam um nada no oceano da insegurança.

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- Sr. Pete, algum problema? - Theerapanyakul me perguntou enquanto me segue pelo estacionamento.

- Sim. - Respondo, abrindo a porta do meu carro. - Entra. - Ordeno.

Você é o problema.

- O que houve? - Deu a volta correndo para o outro lado.

Reviro os olhos ao vê-lo tropeçar pelo retrovisor.

Nem citarei ele batendo a cabeça no teto ao entrar.

Soltei o ar impaciente.

Eu já te aturei o dia todo e agora terei que te aturar na minha casa?

Espero que não taque fogo nela.

Como você aguenta vovô?

- Seu Top está bem? - Perguntou, afoito.

- Melhor que eu. - Disse, indiferente ligando o automóvel.

Aquele velho ardiloso não me dá paz nem quando deveria descansar! Qual a necessidade de querer esse cara na minha casa?

Nop também está lá e honestamente, apenas a ideia de pessoas estranhas nela me causa arrepios.

Um grande incomodo, tal como uma queimação.

Passaram-se cinco meses desde que expulsei Tawan da minha vida, mas os traumas que ele me deixou nunca se foram.

Luto todos os dias contra a insegurança de ser enganado e/ou dopado por qualquer um que não seja o vovô.

Foi ele quem descobriu o que aquele miserável estava fazendo comigo.

Terapia deixou de ser uma opção no exato momento em que tive meus remédios trocados por drogas.

Havia iniciado o tratamento no período do luto e ele se aproveitou disso.

Você cede e a pessoa te trai.

Confiar não é uma opção para mim.

Confiança e segurança são correntes que não deveriam serem quebradas, mas as destruímos com mentiras mínimas ou extremas, porquê é a natureza do ser humano.

Ser um filho da puta traidor.

O problema é, que uma vez, perdida jamais voltará a ser encontrada.

- Para onde estamos indo? - Perguntou, olhando janela a fora enquanto dirijo para casa.

- Coloque o cinto. - Ordeno, sem olhá-lo.

Do jeito que é pateta seria capaz de voar pela janela mesmo com o carro parado.

- Ah, esqueci. - Sorriu sem jeito prendendo o cinto. - Não estou acostumado a andar de carro.

- Não perguntei. - Pouso meu cotovelo na porta do carro e apoio a cabeça sobre a mão.

Minha cabeça está latejando, apenas cale a boca Theerapanyakul.

- Des-

- Se pedir desculpas vou te dar um soco. - Respondo entre dentes.

Mentiras - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora