Mais feliz

Desespero

POV REGINA
Estava acariciando os cabelos de Henry, que nesse momento dormia profundamente, mil pensamentos rondavam minha cabeça. Mas não estava disposta a deixar que eles entrassem. Eu precisava me manter firme. Se Daniel levasse essa história ao tribunal eu não sabia como terminaria, e queria acreditar que terminaria com minha vitória. Suspirei.
Senti uma presença ao meu lado, sorri imaginando ser Emma, mas era Zelena.

-Sis... está tudo bem?

-Sim! Só estou pensando...- Zelana se aproximou mais e sentou ao meu lado.

-Em Daniel?- afirmei.- Sente algo por ele?

-Não depois de Emma.- falei firme.

-Está com medo que ele tome a guarda do Henry?

-Ele não poderia fazer isso... ele sabia da existência do Henry, mas preferiu manter o afastamento. Continuou vivendo a vida... feliz. Tendo um filho com Marian. Henry é meu.- acariciei seu rosto, e permiti que lágrimas rolassem por meu rosto.

-Sim! Concordo. O Henry é seu filho. Mas independente de qualquer coisa... não tire o direito dele de conhecer o pai.- ia interromper Zelena, porém ela levantou a mão pedindo que eu esperasse.- Conte toda verdade a Henry! Deixe que ele decida o que fazer. É a vida dele, Sis!- mesmo incerta eu assenti. Meu filho teria que tomar essa decisão, não cabia a mim.- Onde Emma está?

-Teve algum problema na delegacia... já deve estar chegando.- Zel afirmou e ficou mais um tempo ali comigo, pelo menos até Ruby bater na porta. Olhei rapidamente pra ela, seus olhos estavam vermelhos e arregalados e ela tremia um pouco. Arqueei a sobrancelha e quando pensei em questionar, ela chamou por minha irmã.

-Meu bem, você pode vir até aqui um momento?.- Zelena estava preocupada, afirmou e caminhou até lá.

-Eu já venho Sis.- afirmei.

Olhei para Henry, era estranho eu estar sentindo um aperto tão grande no peito... meu filho estava ali, estava bem. Bom, poderia ser por conta de toda emoção daquele dia.
(...)

POV ZELENA
Sai apressada da sala, e encontrei Ruby no corredor próxima a minha mãe. A parenta tinha uma expressão de medo, e os olhos úmidos.

-O que aconteceu?- perguntei para minha namorada. Ruby tremia, e balançava a cabeça em negação. Segurei seus ombros.- Amor, o que foi?- ela soluçou, e secou as lágrimas, enquanto me abraçou apertado.

-Emma... a Emma levou dois tiros, Zel!- travei.

-Espera... como assim?

-David me ligou... ele ligou pra todos os nossos amigos. Eles tiveram um confronto, Emma levou dois tiros de um bandido. David chamou a ambulância, eles socorreram ela, e estão vindo pra cá.

-Mas como ela está?

-Inconsciente.

-A Regina precisa saber...- Cora e Ruby assentiram.

No mesmo instante minha irmã apareceu no corredor, ela caminhava apressada até nós.

-Onde a Emma está?- perguntou apavorada.

-Sis... calma. Vamos conversar.

-Não quero conversar. Quero saber onde minha noiva está. Vocês três estão com essas caras de tachos, chorando sem sentindo. Então o mais lógico é pensar que algo aconteceu com a Emma... o que foi?- ela perguntava apressada, seu corpo dava leves tremores. E eu temia contar a ela o que tinha acontecido.- Anda! Alguém me conta de uma vez o que aconteceu!- quando abri os lábios para contar, o barulho ensurdecedor de Cirene pairou no ar. Regina olhou para nós três, e com os olhos vermelhos correu por todo corredor, sendo seguida por nós.

POV REGINA
A demora de Zelena me alarmou, e por isso fui atrás dela. Quando vi o rosto das três, algo em mim dizia que o problema era com a minha noiva.
Quando ouvi a Cirene da ambulância, não pensei duas vezes, corri. Corri como nunca, e pedi aos céus que Emma não estivesse lá dentro.
Os paramédicos desciam alguém da maca, e um alerta tocou na minha cabeça quando vi os carros de polícia chegando. Mas a confirmação veio quando a jaqueta vermelha caiu ao chão. Caminhei apressada até a maca, e caí de joelhos quando vi minha doce Emma ensanguentada ali. Os paramédicos estancavam o sangue, enquanto Emma estava pálida, e quase sem vida. Lágrimas rolavam descontroladas por meu rosto, e só sai do transe quando gritos ecoaram ali pedindo que eu abrisse caminho.
Senti dois braços me segurando e sussurrando algo em meu ouvido, mas eu não ouvia nada. Só sai do transe quando ouvi mais gritos:

-Andem logo ou ela não vai resistir.- me desvencilhei dos braços de Zelena e caminhei apressada até a médica atendente.

-Acho bom salvar a vida dela, doutora!- usei meu tom ameaçador, eu nem sabia quem era aquela médica, e pouco me importava. Tudo que eu queria era minha Emma em segurança.

-É o que estou tentando fazer aqui.- a médica me olhou seria, e em seguida puxou a maca onde minha mulher estava, abracei meu corpo e me permiti chorar.

-Sis, ela ficará bem.- virei para Zelena e apontei meu dedo em riste pra ela.

-Você não sabe disso! Ninguém sabe disso!

-Regina! Você precisa se acalmar...

-Como vou me acalmar quando a mulher que eu amo, que é o meu mundo está entre a vida e a morte?! Você sabe o que é isso?- ela negou.- Então não diga pra eu me acalmar Zelena!- bati as mãos no corpo, e logo depois vi David chegando.

Caminhei apressada até ele, e novamente Zelena me seguiu junto com Ruby, e Cora. David chegava com Mary, Elsa e Ingrid.

-Você! Você devia ter protegido ela! Não é assim que funciona a parceria de vocês?!- sequei as lágrimas e gritei a plenos pulmões. David arregalou os olhos, não esperava minha explosão.

-Regina, não tive como protegê-la...

-Se fosse você... Emma teria te protegido... Emma teria protegido qualquer um...-  novamente meus joelhos cederam, eu estava em completo desespero.

-Filha...- Cora se aproximou.- não assuste Ingrid. Ela não está entendendo. Você ficar repetindo o nome de Emma não está ajudando.- levantei o olhar e vi Ingrid, ela estava abatida, muito magra, com uma blusa grossa de lã que cobria suas mãos.

-Emma... minha menininha está aqui?- Elsa a abraçou.

-Não mamãe... Emma está bem. Vamos entrar.-  minha cunhada sorriu gentilmente e a puxou para dentro do hospital. Permiti que Zelena e Ruby me segurassem.

-Regina, eu não tive como evitar. Os tiros vieram de um lugar que não esperávamos. Nem era pra ter ninguém lá...

-Mas tinha.... Tinha e nesse momento minha noiva está em estado grave.

-Culpar o David não vai resolver.- Ruby falou suavemente.

-Eu preciso atribuir a culpa a alguém. Se eu não fizer isso vou me sentir culpada, e logo depois vou culpar Deus por isso. E não é o que eu quero.- falei ríspida.- Isso não é justo. Eu finalmente a encontrei. Finalmente estou vivendo meu final feliz. Será que Deus vai tirá-la de mim? Será que esse é nosso destino? Esse é o fim da nossa história?

-Não se desespere! Vamos entrar. Vamos esperar por notícias.- olhei Cora.- Filha, eu sei o tamanho do amor que você sente por Emma, e é pensando nesse amor que você deve se acalmar. Respirar. E esperar por informações. Não culpe David por algo que não estava no controle dele.

-Estava no controle de alguém, Cora! Alguém falhou em seu trabalho. Alguém falhou. E por conta disso eu posso perdê-la.- sequei as lágrimas.- Eu não vou suportar perdê-la!- todos fizeram silêncio.

-Regina...- Ruby começou. Levantei a palma da mão pra ela.

-Se mais alguém disser que vai ficar tudo bem, eu não irei me responsabilizar pelo meu próximo ato.-Entrei apressada no hospital, e me recolhi. Fui para o quarto onde meu filho dormia. Só na presença dele eu encontraria um pouco da minha paz.