Meu mundo parou.

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POV REGINA

Engraçado como determinadas lembranças vem em nossa mente quando algo ruim acontece. Nesse momento, a única lembrança que vinha em minha mente, eram todas as coisas que poderia ter vivido ao lado da Emma, se eu não tivesse sido tão idiota. Tão teimosa. E tão preconceituosa com meu próprio sentimento. E agora me via ali, noiva da mulher que eu amava, a mesma mulher que estava entre a vida e a morte. Eu não consigo me imaginar vivendo em um mundo onde Emma Swan não exista.
Me permiti recolher minhas pernas contra meu peito, e chorar. Um soluço escapou por meus lábios, fechei os olhos e pedi a Deus que não me tirasse ela. Pedi a Deus que deixasse minha garota ali. Comigo. Com Henry. Eu não queria aprender a viver sem ela.
O som de batidas na porta fizeram com que eu levantasse minha cabeça, Zelena enfiou o rosto entre a abertura da porta, seu olhar era preocupado.
-Posso entrar?- afirmei.
Com cuidado ela fechou a porta, e se sentou ao meu lado, entrelaçou nossos dedos.
-Sabe, a única vez que te vi tão irritada e chorosa assim, foi quando nosso pai faleceu.- ela secou minha lágrima, e eu suspirei.
-Eu sei. E isso me assusta. Me assusta, porque com o papai eu sei como terminou.
-Não acontecerá nada com a Emma.- neguei.
-Eu vejo a história se repetindo, sis. Nosso amado pai, ele morreu em um atentado. Ficamos no hospital por horas esperando notícias, e quando a notícia chegou... foi pior do que imaginamos.
-A Emma é forte Regina! Se eu a conheço bem, garanto que nesse momento ela está lutando pra sobreviver, lutando pra voltar para os seus braços.- tombei minha cabeça de encontro ao ombro de Zelena, em seguida senti os dedos dela apertarem os meus.
-Vocês finalmente se acertaram, sis. Qualquer ser superior que exista, não ia fazer com que vcs se apaixonassem loucamente, vivessem essa história de amor, se fosse pra terminar assim.- e nada mais foi dito. Eu não tinha palavras, não tinha forças para dizer a Zelena o quanto me doía saber que alguma coisa poderia acontecer com minha amada Emma.
Demoramos tanto para chegar até aqui. Para nós perdoarmos, nos acertarmos, e finalmente viver essa paixão que sempre existiu em nossos corações. Eu realmente não queria acreditar que Deus me tiraria ela. Eu torcia com todo meu coração pra que ela ficasse bem. E de preferência ao meu lado pra sempre.
(...)
As horas passaram lentamente, andava de um lado para o outro, bebia xícaras e mais xícaras de café, e nenhuma notícia chegava. Ingrid estava desinquieta na sala de espera, e por mais que ela não estivesse inteiramente consciente, ela sabia que algo estava acontecendo com a filha. Vez ou outra perguntava sobre a Emma, onde ela estava, se estava bem, e as vezes chorava por nada. Conseguia ver a apreensão no rosto da Elsa, e fiquei imaginando o que ela estava passando, a irmã entre a vida e a morte, e a mãe sem saber sobre nada.
Suspirei.
Cora, Zelena, Ruby, David e Mary estavam aqui, não conseguia encarar David, para mim, naquele momento, ele era o culpado. Culpado por não ter dado cobertura a Emma, culpado por ter telefonado pra ela, no dia que o plantão era exclusivamente dele. Balancei a cabeça. Eu sabia que estava errada, mas meu coração estava em pedaços, e eu precisava, desesperadamente culpar alguém que não fosse Deus.
Me sentei em uma das cadeiras mais afastadas, abaixei minha cabeça e olhei minhas mãos. Instantes depois notei minha mãe se sentar ao meu lado.
-De todas as pessoas que estão aqui, eu sou a única que sei o que você está sentindo, filha. Eu também estive em seu lugar. Eu vi o homem da minha vida morrer por conta de um tiro no peito. E estou aqui, pedindo uma ajuda divina, para que você não tenha que passar por isso.- delicadamente eu segurei sua mão.
-Não queria que você estivesse revivendo essa lembrança, nós sabemos como foi difícil pra senhora ver a morte do papai.- Corá balançou a cabeça e secou a lágrima.
-A Emma é forte! Ela vai sair dessa! Vocês tem muita coisa pra viver.- abracei minha mãe com toda força que podia, no momento eu encontraria conforto apenas nos braços dela. Suspiramos, e voltamos a ficar em silêncio.
(...)
Por volta das cinco da manhã, a médica que atendeu Emma apareceu,  todos nós levantamos imediatamente.
-E então doutora? Como ela está?- perguntei dando alguns passos.
-Foi bem difícil tirar o projétil do abdômen, a xerife perdeu muito sangue, tivemos que fazer uma transfusão, ela teve duas paradas cardíacas na mesa.- tencionei quando a médica deu uma pausa.- conseguimos reverter a situação, porém não temos ideia se ela ficará ou não com sequelas, e não sabemos em quanto tempo ela irá acordar.
-Espera... como assim? Não sabem quando ela vai acordar?
-Veja bem, a cirurgia foi extremamente delicada, ela foi baleada em dois lugares extremamente importantes. Ela teve duas paradas cardíacas, uma delas durou 7 minutos, 7 minutos para conseguirmos estabilizar os batimentos.- a médica abaixou os ombros e olhou para os próprios pés.- Pensamos que ela não resistiria, mas acreditamos que existe algo muito importante pra ela aqui. Emma lutou com unhas e dentes pra sobreviver. Ela queria voltar. É raro o paciente que passa sete minutos sem oxigênio e volta. Mais raro ainda ficar sem sequela.
-Doutora...- chamei e dei a deixa para que ela dissesse seu nome.
-Aurora.
-Doutora Aurora, quais sequelas ela pode ter?- a médica baixou os ombros e me analisou.
-Só vamos conseguir saber quando e se ela acordar.
E foi aí que meu mundo parou de girar.

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