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Seja qual for a composição de suas almas, a de San e a de Wooyoung são iguais.

[...]

Wooyoung estava na cabeceira de San observando-o dormir.

O lutador parecia tão calmo e controlado, entregue facilmente ao sono, enquanto Wooyoung lamentava o seu celular vibrando e forçando a luz para o cômodo escuro em sua mão, como um lembrete insistente de negócios inacabados. Wooyoung suspirou, jogando as pernas nuas para fora da cama e puxando o robe que San tinha tirado dele mais cedo, para se proteger do vento frio vindo da janela. Já estava ficando muito frio, uma vez que estavam em meados de outubro. Seu celular parou de tocar pela demora, mas Wooyoung sabia que era só um momento até que começasse a tocar de novo e de novo, até que ele se desse por vencido e atendesse.

As ligações tinham começado a alguns dias, Wooyoung não notou a semelhança entre os números no começo delas, muito ocupado com tudo o que tinha acontecido. Ele não estava dando muita atenção a nada além de cuidar de San e por isso deixou de lado até ser impossível de ignorar. No início, ele apenas ignorou. Mas, o mesmo número sempre continuava tocando e deixando mensagens na caixa de voz, até que a coincidência se tornou demais e então ele atendeu um dos chamados. Dentro do seu coração, Wooyoung já sabia quem encontraria do outro lado da linha. Era sempre assim.

Seu pai sempre seria um fantasma do passado vindo para lhe atormentar toda maldita vez que sua vida ficava bem. Como um karma de uma vida passada. Wooyoung jurou que tinha posto um final nele, mas ele poderia?

Com um último olhar para San, Wooyoung cobriu seu parceiro com um cobertor antes de descer as escadas para ter mais privacidade. Estava tarde, bem tarde, na verdade... Mas, não era como se seu pai tivesse qualquer senso de preservação para seu filho. Sunwoo nunca se importou. Wooyoung entrou na cozinha, colocou o telefone na bancada e abriu a geladeira. Ele se serviu de um pouco de água, bebendo a tempo de capturar o aparelho vibrando no móvel. O mesmo número. Sem nomes. O mesmo ciclo vicioso que consumiu anos da sua vida.

Wooyoung apoiou-se no balcão, acendendo as luzes baixas dos pequenos lustres suspensos, o aparelho celular em mão enquanto ponderava se deveria atender. No andar de cima da luxuosa mansão, San estava dormindo alheio ao conflito na mente de Wooyoung, e por um momento o fisioterapeuta só conseguiu pensar no quão divertido foi passar a tarde na cama com San, não apenas dando prazer ao lutador como ele tinha prometido, mas como era bom simplesmente ouvir a voz dele, olhar para ele, rir e senti-lo. Como era bom ter algo em sua vida que valia a pena, que era seguro e especial. Wooyoung também pensou nas palavras de San depois de ter acordado no hospital.

"Preciso de você. Seguro."

Seguro. Era o que Wooyoung estava tentando fazer naquela cozinha na madrugada. Se seu pai queria dinheiro para sumir da sua vida de vez e deixá-lo em paz, Wooyoung lhe daria. Ele não queria que seu velho pai se envolvesse, que soubesse a quem Wooyoung correspondia o seu amor agora, porque ele sabia que de um jeito ou de outro, Sunwoo encontraria uma forma de arruinar a vida de Wooyoung se ele soubesse quem San era. Como tudo o que ele tinha na sua vida e ousou deixar seu pai se aproximar, seu trabalho, sua família, sua mãe. Nunca sobrava nada.

Wooyoung não precisava que San se machucasse mais tentando resolver um nó que cabia a ele amarrar de vez. Ele esperava que San compreendesse. Acima de tudo, ele esperava que San o perdoasse por mantê-lo longe disso mesmo depois de prometer que não haveria mais segredos entre eles, e com isso em mente, quando o seu celular vibrou pela terceira vez naquela madrugada, Wooyoung atendeu ao chamado querendo dar um basta a história com seu pai.

ROCKY; woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora