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A esperança é uma coisa poderosa. Alguns dizem que é um tipo de magia completamente diferente.

(...)

Algumas semanas antes.

San finalizou a última sequência de socos contra o saco de areia suspenso no centro do ringue, a tensão em seu braço cedendo no couro vermelho em golpes precisos e firmes. Ainda era muito cedo para que as vozes altas das conversas dos outros lutadores na academia fossem ouvidas e o silêncio estava sendo preenchido pela respiração áspera e os golpes fortes do lutador. Era a hora perfeita para ele. San gostava de treinar sozinho, bem cedo antes que todos chegassem e pudessem se meter no seu espaço pessoal. Mingi sempre se intrometia quando estava por perto, desafiando San a uma luta, onde os dois acabavam rolando no tatame por mais tempo do que era necessário ou Woozi, que sempre tinha comentários sobre os ganchos e a altura do chute de San. 

Ultimamente, no entanto, San estava chegando mais cedo e evitando compartilhar do tratamento vip de treinar com os outros. Ele estava usando aquele momento para aliviar a tensão em seu corpo com sua mente transformando o saco de pancadas em uma única pessoa, e ele não queria ninguém por perto, testemunhando os golpes desleixados com um único propósito de machucar.

San estava numa encruzilhada, de mãos atadas, mais precisamente, desde que os rumores chegaram aos seus ouvidos sobre Iya e seu oponente. Aquela era uma briga da qual San não tinha nenhuma intenção de participar.  Seu maior objetivo era terminar de vez a associação entre eles, mas desde a última viagem, os negócios não tinham saído como planejado. San não tinha escolha senão se manter disposto a ser um amigo para o russo, mas ele não poderia se envolver em uma briga como aquela. Ter seu nome associado ao russo quando este estava brigando por território com outro homem igual a ele não era uma boa coisa e se manter atrás da cortina daquele show de horrores custava muito caro.

Iya precisava de aliados que financiassem suas investidas e San era sua fonte mais próxima de vitória. Desde que as lutas em seus clubes mantinham seus negócios girando em praticamente toda a Ásia, ele precisava da aliança, do dinheiro e da reputação de San. E, o lutador não queria nada além do que lavar suas mãos e se manter de fora do radar de qualquer máfia e seus negócios ilícitos, mas Iya tinha poder sobre ele. O russo poderia fazer San queimar a cidade inteira por ele se quisesse, e se ele ameaçasse pular fora da parceria forçada, alguém inocente poderia sair queimado. Alguém importante. San não trabalhava com homens tão sujos como Demidov e era por isso que ele e seus sócios queriam quebrar os acordos e negócios de parceria e patrocínio, mas então... Tudo aconteceu.

Era um beco sem saída. Se ele não ajudasse, Wooyoung estaria na mira de Iya.

Foda-se essa merda! ㅡ San acertou o saco com mais força, o mandando para cima e fazendo a corrente que lhe sustentava chacoalhar com força e balançar o peso suspenso desordenadamente.

Eu não gostaria de ser esse saco agora... ㅡ San se virou, sua respiração engatando em sua garganta ao se dar conta de que estava sendo assistido.

De pé, a luz matinal recém alcançada e segurando dois copos de café ainda com fumaça saindo da superfície, parecendo totalmente destoante com sua roupa de grife, casaco pesado sobre os ombros erguidos, bolsa pendurada nos mesmos ombros e o rosto refletindo a maturidade de uma forma tão perfeita e puramente estonteante, o contraste inadequado com o da academia rude e suja. Ele lançou um sorriso simples para o lutador ainda no ringue, que ergueu uma sobrancelha, não retribuindo a gentileza, mas sim, se questionando o que alguém como ele estava fazendo ali, naquela hora tão clandestina e silenciosa.

ROCKY; woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora