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“...Quando San era pequeno, ele não entendia porquê as pessoas davam flores às outras, mas uma mulher bonita disse certa noite que ele deveria dar uma flor a alguém que ele amasse. Na mesma noite, sua mãe lhe disse que amar alguém era tão venenoso quanto o beijo de um antúrio...

ROCKY



San caminhou lentamente pelo corredor estéril do hospital, observando os pés com cuidado para não pensar muito sobre o motivo de estar ali. Depois de atravessar o que ele pensou ser o corredor mais longo da história, ele encontrou o quarto que vinha frequentando mais do que um ringue de luta e parou na porta, mordendo o lábio inconscientemente enquanto olhava para a figura imóvel na cama do outro lado do vidro que dividia os espaços. Ele engoliu em seco quando o ato de ficar parado e encarando pareceu soar muito incômodo e entrou lentamente no quarto, parando ao lado da cama e olhando para baixo.

Wooyoung parecia horrível. Sua pele,  que não estava mais tão manchada de hematomas feios, tinha uma cor cinza doentia sob a luz suave do quarto do hospital, muito longe do tom castanho brilhante e bonito que San amava reverenciar com sua boca. O lutador observou o aspecto pálido e áspero da superfície do seu corpo, lutando contra a vontade de sentir pena de si mesmo enquanto se sentava ao lado da cama e olhava para a miríade de tubos e soros que estavam presos às mãos e braços de Wooyoung.

San alcançou a mão de Wooyoung que não estava carregando nenhum acesso e estava descansando sobre o lençol, parando seus olhos nos próprios punhos enfaixados por um segundo antes de respirar fundo e entrelaçar os nós machucados dos seus próprios dedos com os ainda feridos de Wooyoung. Era o máximo que San conseguia fazer já que seu outro braço estava imobilizado novamente. Não doía, mas ele tinha sido instruído a diminuir os movimentos se não quisesse ter que enfrentar outra cirurgia para reparar a lesão. San não percebeu que havia rasgado as mãos nos tijolos e o abuso adicional em seu braço quebrado significou um novo tratamento conservador para consertá-lo mais uma vez. Com a adrenalina queimando suas veias quando sua única razão era encontrar Wooyoung, San não mediu esforços em tirá-lo daquele lugar sujo e escuro e deslocar seu ombro e carregar algumas cicatrizes nas mãos era apenas o mínimo.

As bandagens em volta das palmas das mãos e dos dedos de Wooyoung brilhavam em contraste com o bronzeado claro e desbotado, se mesclando com as bandagens de San, mas que carregavam muito mais do que ele podia imaginar. Wooyoung estava no hospital há uma semana e ainda parecia muito mal; como se a morte ainda estivesse pairando sobre ele, esperando qualquer deslize para levá-lo para longe.

A falta de ar e as feridas não tratadas tinham causado um verdadeiro estrago nele internamente. No momento em que os paramédicos chegaram até eles, quando Wooyoung foi arrancado dos braços de San pelo médico da ambulância, ele já estava em uma parada cardíaca. San nunca tinha enfrentado algo mais aterrorizante em sua vida do que naquele momento, quando imaginou que Wooyoung fosse tirado dos seus braços e nunca mais fosse voltar. Mas, ele estava vivo e isso era tudo com o que San se importava.

O lutador sentou-se em silêncio, apenas observando Wooyoung enquanto ele dormia tranquilamente. O fisioterapeuta estava se recuperando bem, mas qualquer resquício daquele dia ainda assombrava o brilho dos seus olhos toda vez que San olhava para ele, e matava um pouco do lutador não poder devolver a ele a vida do mesmo jeito. San queria apagar completamente aquele dia, mas até para ele era difícil olhar para Wooyoung e não imaginar que tipo de dor wle tinha suportado para estar ali. Mas, mesmo que doesse e magoasse profundamente sua alma, San nunca desviava o olhar. Depois de um tempo assistindo Wooyoung dormir, a visão de San ficou fora de foco e ele se encontrava simplesmente olhando para o cobertor do hospital que cobria o corpo imóvel do fisioterapeuta enquanto se sentava ao seu lado.

ROCKY; woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora