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Eu me apaixonei pelo diabo
Estou sob o seu feitiço
Alguém me mande um anjo
Para me emprestar uma auréola

[...]



A primeira coisa que San notou foi que Wooyoung estava dormindo com um sorriso no rosto.

San olhou para aquele sorriso, para o rosto adorável e corado. Seus dedos estavam ansiosos, flexionando-se antes dele perceber o que estava fazendo. Ele queria capturar aquele sorriso e a expressão satisfeita no rosto de Wooyoung. Seu sangue estava fervendo sobre camadas de pele, com um estranho sentimento primitivo que não tinha nada a ver com luxúria. Era desejo, mas não era o tipo de desejo que fazia seu pau ficar duro a cada toque dele. Era o tipo de desejo que parecia mais profundo e desconhecido. Ele queria Wooyoung, o jovem insolente e irritante que vinha se arrastando sob sua pele como um vício delicioso no pouco tempo que se conheceram.

San não entendia, não ainda, da onde vinha a força que o puxava na direção dele daquele jeito. Ele conhecera garotos bonitos que o deixavam com tesão e eram parceiros de foda incríveis, mas havia algo tão melhor em provar cada centímetro do corpo bonito e farto, em se deixar seduzir pelas curvas e pela boca malcriada de Wooyoung, uma mistura de prazer e tentação que estavam intoxicando cada vez mais a mente de San em uma bolha onde só havia ele. Ele queria tê-lo, possuí-lo em todos os níveis que havia para se ter outra pessoa. E talvez esse fosse o problema, ele queria se perder neste ser humano doce e incrível que, de alguma forma conseguia saciar a fome insaciável e profunda da alma que San sempre carregou dentro dele.

San observou enquanto as sobrancelhas bem desenhadas de Wooyoung se contorciam em seu sono, erguendo uma mão e escovando a ponta dos seus dedos sobre a maçã da sua bochecha exposta. Ele continuou conduzindo os dedos pelo contorno do rosto dele, seguindo a ponta do seu nariz até o arco da suas sobrancelhas e escovando também os fios alinhados. Wooyoung franziu a testa, irritado em seu sono e espremeu seu rosto ainda mais contra o peito de San.

As marcas dos seus dedos no pescoço de Wooyoung continuavam vivas, ele olhou fascinado para a paleta de cores vibrantes, oscilando entre vermelho e roxo.

Ele se sentia como um viciado em substâncias que sabia que não deveria nem olhar para a sua droga favorita e, no entanto, não podia deixar de ansiar por ela. Era patético. San sempre foi alguém no controle de suas emoções, ele não agia pelo seu coração ou qualquer besteira clichê que idiotas diziam por aí, mas ele não sabia o que havia em Wooyoung que o tornava tão consciente do corpo dele, suas mãos, seus olhos, sua voz, seus lábios torcidos em sorrisos provocativos.

San era um maníaco por controle o tempo todo, mas tudo se reduzia ao assistente insolente no momento em que seus olhos se cruzavam. Talvez, fosse por isso que ele tivesse agido tão inconsequentemente no outro dia, pois ele deveria ter pensado direito. Agora, San tinha consciência do erro que tinha cometido em expor para seu pai, para Iya exatamente o lugar onde eles deveriam apertar para provocá-lo, mas dane-se, porque naquele momento não tinha uma fibra de razão trabalhando na sua cabeça quando tudo o que ele conseguiu visualizar foi o olhar assustado de Wooyoung fazendo San se deparar com o sentimento de impotência de não poder estar lá para ele.


Esse era o primeiro motivo que tinha o deixado acordado, sentindo-se culpado, desesperado e ridiculamente chateado. San disse a si mesmo que não deveria se importar. Eles não tinham nada, eles não eram nada um pro outro, como pensava. Não mudava nada. Ele ainda sentia como se tivesse perdido algo essencial dentro de si quando viu a expressão de angústia e terror nas íris bonitas de Wooyoung.

O segundo motivo, no entanto, era pior. San tinha agido por impulso no ringue e precisava consertar as coisas antes que fosse tarde demais e uma ponta solta se tornasse uma bagunça com alguém que ele não queria problemas. San não tinha medo de Iya e muito menos de Minjun, mas ele não era ingênuo de querer o russo como seu inimigo. Ele era um homem de negócios e precisava de um arranjo melhor, infelizmente contrariando o pedido de Wooyoung. San não estava fazendo apenas pelo assistente, agora era uma questão de proteger tanto ele quanto Wooyoung aos olhos de Demidov.

ROCKY; woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora